09/07/2014 10h52

Uma vitrine chamada Jogos Pan-Americanos

Competição continental alavanca, ao longo dos anos, a carreira e a notoriedade de diversos atletas brasileiros no cenário mundial

Conquistar uma medalha em edição dos Jogos Olímpicos, naturalmente, não é uma tarefa simples ou um processo rápido. Nesse caminho rumo ao topo do alto rendimento, os atletas passam por diversos níveis de competição, desde as locais, passando pelas nacionais e chegando às continentais. No caso dos Jogos Sul-Americanos e Jogos Pan-Americanos, os competidores têm ainda a oportunidade de interagir com as mais diversas modalidades em disputa – quase um ambiente pré-olímpico. E dado o tamanho e a repercussão do evento, podem aproveitar a oportunidade como um trampolim para a carreira.

CBPM/Divulgação

Yane despontou para o Brasil após os Jogos Pan-Americanos de 2007

Ao longo das edições, os Jogos Pan-Americanos têm revelado diversos talentos ao mundo. Boa parte deles, posteriormente, alcançou um reconhecimento ainda maior ao subir ao pódio olímpico. Foi assim, por exemplo, com Yane Marques. Praticante de uma modalidade até então pouco conhecida no país, a pentatleta despontou na edição continental de 2007, no Rio de Janeiro, ao se tornar a primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro na prova. Na ocasião, ela ainda conseguiu a vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim-2008. Já em Londres-2012, e após a prata em Guadalajara-2011, ela faturaria a inédita medalha de bronze nas Olimpíadas.

Acompanhe a série do Portal Brasil 2016 sobre os Jogos Pan-Americanos:

Outro atleta que despontou de vez no cenário mundial foi Thiago Pereira. Em Santo Domingo-2003, vieram as primeiras medalhas continentais, ainda em quantidade tímida: uma prata e um bronze. Um ano depois, o nadador se destacou no Mundial de piscina curta de Indianápolis, conquistando um ouro, uma prata e dois bronzes.

Donald Miralle/Getty Images

Thiago Pereira sagrou-se o grande medalhista de Jogos Pan-Americanos

Mas os maiores números ainda estavam por vir. Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, o atleta deixou o Rio de Janeiro como o maior medalhista brasileiro de uma única edição do evento, com seis ouros, uma prata e um bronze. Já em 2011, em Guadalajara, seriam mais seis ouros, uma prata e um bronze. De quebra, Thiago Pereira ainda ultrapassou a marca de Hugo Hoyama como o maior medalhista de ouro do Brasil na competição – o mesatenista subiu dez vezes ao topo do pódio.

Reconhecimento

Nas últimas conquistas em Jogos Pan-Americanos, Hugo Hoyama teve ao seu lado, na prova por equipes, um atleta que se tornaria um dos principais nomes da nova geração do tênis de mesa brasileiro. Gustavo Tsuboi chegou, em maio deste ano, ao 36º lugar no ranking mundial, a melhor colocação já alcançada por um brasileiro.

A primeira participação de Tsuboi no evento continental foi em 2003, em duplas, quando terminou com a prata ao lado de Bruno Anjos. Na final, foram derrotados justamente pelo compatriota Hugo Hoyama, que formava dupla com Thiago Monteiro. Já no Rio de Janeiro e em Guadalajara, Tsuboi e Hoyama integraram a equipe bicampeã pan-americana, e o jovem ganhou mais notoriedade. “Muitas pessoas me viram pela televisão e passaram a me reconhecer. Os resultados que eu conquistei com a equipe brasileira também me consolidaram na seleção, e há uma concorrência grande pra integrá-la. Acho que consegui corresponder às expectativas dos técnicos e ganhar a confiança deles”, acredita o mesatenista.

A preparação agora é para a edição de Toronto, quando espera conquistar uma medalha também na disputa individual. “O Pan é uma das nossas prioridades no processo de preparação para as Olimpíadas. Vou focar no ouro individual, mas há outros jogadores bem sólidos com chances de medalhas, como chineses naturalizados no Canadá e na Argentina”, aponta.

Dennis Grombkowski/Getty Images

Gustavo Tsuboi disputa o evento desde 2003, mas buscará o ouro individual em 2015

Projeção na ginástica

Da mesma maneira, diversos atletas da ginástica artística ficaram conhecidos pelo grande público e pela mídia após participações em Jogos Pan-Americanos. Jade Barbosa, por exemplo, também despontou em 2007, aos 16 anos, quando foi às lagrimas após cometer falhas e perder a chance de medalha no individual geral. A atleta, contudo, superou o nervosismo e levou o ouro na prova de salto da ginástica artística, quebrando um jejum de 16 anos da conquista de Luísa Parente em Havana-1991. Jade foi ainda medalhista de prata por equipes e de bronze no solo.

Harry How/Getty Images

Jade Barbosa foi o destaque da ginástica artística brasileira em 2007, no Rio de Janeiro, aos 16 anos

Um ano antes, a ginasta já havia se destacado nos Jogos Sul-Americanos de Buenos Aires, quando foi campeã no individual geral, na trave, no solo, no salto e por equipes. Após o Pan, disputou seu primeiro Mundial também em 2007, em Stuttgart (Alemanha), e voltou com o bronze no individual geral.

Já Daiane dos Santos e Daniele Hypolito foram nomes revelados em edições anteriores. Daiane foi prata no salto e bronze no solo em Winnipeg-1999, quatro anos antes do inédito ouro mundial, e Daniele conquistou duas pratas e dois bronzes em Santo Domingo-2003. O irmão Diego é dono de oito medalhas no evento, entre os anos de 2003 e 2011.

Contagem regressiva

A próxima edição dos Jogos Pan-Americanos será entre os dias 10 e 26 de julho de 2015, em Toronto (Canadá). Nesta semana, o Portal Brasil 2016 está publicando uma série de matérias sobre o evento para marcar a contagem regressiva de um ano para o início da competição. Confira aqui uma entrevista com Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de Esportes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), sobre o planejamento para a delegação nacional.

LINHA DO TEMPO

Confira alguns dos grandes nomes do Brasil ao longo da história dos Jogos Pan-Americanos

Buenos Aires-1951:
179 atletas do Brasil
Nosso destaque: Adhemar Ferreira da Silva (ouro no salto triplo)

Cidade do México-1955:
135 atletas do Brasil
Nosso destaque: Luiz Ignacio (ouro no boxe)

Chicago-1959:
219 atletas do Brasil
Nosso destaque: Seleção feminina de vôlei (medalha de ouro)

São Paulo-1963:
385 atletas do Brasil
Nosso destaque: Seleção masculina de futebol (medalha de ouro)

Winnipeg-1967:
132 atletas do Brasil
Nosso destaque: Nelson Pessoa (ouro por equipes na prova de saltos do hipismo)

Cáli-1971:
158 atletas do Brasil
Nosso destaque: Seleção masculina de basquete (medalha de ouro)

Cidade do México-1975:
216 atletas do Brasil
Nosso destaque: João Carlos de Oliveira (“João do Pulo” – ouro no salto triplo e no salto em distância)

San Juan-1979:
278 atletas do Brasil
Nosso destaque: Djan Madruga (prata no revezamento 4x200m livre, nos 400m e nos 1.500m livre, e bronze nos 200m costas, 200m livre e revezamento 4x100m livre, na natação)

Caracas-1983:
276 atletas do Brasil
Nosso destaque: Ricardo Prado (ouro nos 200m e nos 400m medley, e prata nos 200m costas e 200m borboleta, na natação)

Indianápolis-1987
309 atletas do Brasil
Nosso destaque: Aurélio Miguel (ouro na categoria meio-pesada do judô)

Havana-1991
304 atletas do Brasil
Nosso destaque: Gustavo Borges (ouro nos 100m livre e no revezamento 4x100m livre, prata nos 200m livre e no revezamento 4x200m livre, e bronze nos 50m livre, na natação)

Mar Del Plata-1995
401 atletas do Brasil
Nosso destaque: Hugo Hoyama (ouro individual, em dupla e por equipes no tênis de mesa)

Winnipeg-1999
436 atletas do Brasil
Nosso destaque: Fernando Scherer (“Xuxa” – ouro nos 50m, 100m e 4x100m livre e no 4x100m medley)

Santo Domingo-2003
467 atletas do Brasil
Nosso destaque: Seleção feminina de futebol (medalha de ouro)

Rio de Janeiro-2007
660 atletas do Brasil
Nosso destaque: Thiago Pereira (ouro nos 200m e 400m medley, 200m costas, 200m peito, 4x100m e 4x200m livre)

Guadalajara-2011
515 atletas do Brasil
Nosso destaque: Diego Hypolito (ouro no solo, no salto e por equipes, na ginástica artística)

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Ana Cláudia Felizola – da equipe do Portal Brasil 2016