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Tenis de mesa

13/09/2018 15h39

Buenos Aires 2018

"Wonder boy" japonês é a estrela do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos da Juventude

Número oito do mundo e cotado para o pódio em Tóquio, atleta japonês de 15 anos é o destaque maior do megaevento de outubro

No universo do tênis de mesa, o nome Tomokazu Harimoto já se tornou sinônimo de precocidade e brilhantismo. O atleta japonês de 15 anos ocupa atualmente a oitava posição do ranking mundial adulto. Coleciona feitos sem precedentes na modalidade desde 2016, quando se tornou o mais jovem vencedor de uma etapa Sub-21 do Circuito Mundial: ele tinha 12 anos. Harimoto será a atração principal do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos da Juventude, que serão disputados de 6 a 18 de outubro, em Buenos Aires, na Argentina.

Backhand próximo à mesa, uma das marcas do estilo agressivo de Harimoto. Foto: ITTF
"Meu objetivo é ganhar tanto a chave individual quanto a disputa por equipes, mas só de ter a oportunidade de participar já é uma experiência incrível"
Tomokazu Harimoto

"Assim como os Jogos Olímpicos, os Jogos Olímpicos da Juventude ocorrem a cada quatro anos, o que adiciona um ingrediente a mais de motivação. Meu objetivo é ganhar tanto a chave individual quanto a disputa por equipes, mas só de ter a oportunidade de participar já é uma experiência incrível", afirmou o atleta.

Uma das principais apostas do Japão para os Jogos de Tóquio, em 2020, Harimoto venceu praticamente todos os atletas do top 20 mundial nos últimos dois anos. Em sua performance recente mais impressionante, bateu na sequência os dois últimos campeões olímpicos para terminar com o título do Aberto do Japão, disputado em junho, em Kitakyshu. Deixou para trás os chineses Ma Long, ouro na Rio 2016, nas quartas de final, e na decisão superou Zhang Jike, ouro em Londres (2012). E tinha 14 anos na época.

Embora muito jovem, Harimoto pode ser considerado "veterano". Os primeiros contatos dele com raquete e bolinhas foram aos dois anos. Embora seja nascido e criado no Japão, ele é filho de imigrantes chineses. O tênis de mesa integra o DNA da família. O pai, Yu Harimoto, é técnico. A mãe, Zhang Ling, representou a China no Mundial de por equipes de 1995.

"É muito tempo de tênis de mesa mesmo. É um esporte em que a bolinha se move muito rápido, então a melhor forma de treinar é focar em ser capaz de domar essa velocidade. Para isso, você precisa se posicionar com propriedade e ser capaz de se mexer rápido e voltar à posição correta com agilidade. Eu sinto que, no meu estágio atual, eu reajo às bolas de uma forma quase instintiva, inconsciente", disse.

Vitória sobre o chinês campeão olímpico Zhang Jike na final do Aberto do Japão, em junho: um dos pontos altos da carreira de Harimoto. Foto: ITTF

A precocidade persegue Harimoto. Aos três anos e quatro meses, ele disputou um torneio local e terminou em quarto na categoria Sub-8. Aos seis, antes de entrar na escola primária, ganhou um torneio sub-8 em sua região e obteve vaga para o campeonato japonês: chegou às oitavas.

Considerado um prodígio desde sempre, Harimoto frequenta o top ten do mundo desde o fim de 2017 e tem como uma de suas marcas o jogo agressivo, com um backhand poderoso e uma capacidade de executar quase todos os golpes sem se afastar da mesa. "Minha arma mais importante é meu backhand. Para mim, a ideia é sempre estar pronto para atacar e jogar agressivamente. Fundamentalmente, o que tento é impor meu plano de jogo e meu jeito de jogar. Quando não funciona, preciso ser capaz de ajustar o estilo ao do oponente", descreve Harimoto.

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Embora tenha apenas 15 anos, Harimoto já é um 'veterano' no circuito. Na foto, ele disputa o Aberto do Japão em 2014, com 11 anos. Foto: ITTF

Com essa receita, conquistou vitórias importantes em torneios do Grand Slam da modalidade contra integrantes do top 20 mundial, como o alemão Timo Boll, o veterano bielorusso Vladimir Samsonov, o sul-coreano Lee Sangsu e o brasileiro Hugo Calderano, número 10 do ranking, que tem duas derrotas e uma vitória em confrontos recentes diante de Harimoto.

Em 2016, o japonês foi campeão mundial Júnior e finalista do Aberto da Índia, derrotado apenas na final pelo então número 5 do mundo, o alemão Dimitrij Ovtcharov. No Mundial Adulto de 2017, em Dusseldorf, na Alemanha, impressionou a comunidade esportiva ao chegar às quartas de final, com 13 anos. No caminho, eliminou um ícone do esporte no Japão, o canhoto Jun Mizutani, bronze nos Jogos Olímpicos Rio 2016. "Idade não tem nada a ver com tênis de mesa", resumiu Harimoto, na época.

Raquetes brasileiras

O Brasil terá dois atletas no tênis de mesa nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires. No masculino, o representante será Guilherme Teodoro, que vem de boa participação na etapa Platinum do Aberto Júnior da Croácia. Teodoro chegou bem às quartas de final e ficou a uma vitória do pódio, derrotado pelo egípcio Abdel-Aziz Youssef por 4 sets a 1.

No feminino, a representante será Bruna Takahashi. Atual número 70 do ranking mundial adulto, Bruna foi um dos destaques da equipe brasileira nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, em junho. A atleta de 18 anos conquistou quatro ouros: individual, equipe, dupla feminina e dupla mista. Bruna também foi a caçula da equipe olímpica de tênis de mesa brasileira nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Bruna Takahashi e Guilherme Teodoro serão os representantes brasileiros em Buenos Aires. Fotos: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br e ITTF

Quatro mil atletas

Ao todo, o evento em Buenos Aires reúne quase 4 mil atletas com idade entre 15 e 18 anos, de 205 países. Eles vão disputar 1.250 medalhas em 36 modalidades. A delegação completa do Brasil terá 81 atletas. São 50 homens e 31 mulheres que vão representar o país em 24 modalidades.

Nas duas edições anteriores dos Jogos Olímpicos da Juventude, o Brasil conquistou sete medalhas em Cingapura (2010) e 15 pódios em Nanquim, na China, em 2014. Uma delas foi um bronze com Hugo Calderano no tênis de mesa. A competição marcou o início da consolidação do atleta brasileiro no grupo dos melhores do mundo. Na ocasião, o campeão do torneio foi o chinês Fan Zhendong, atualmente o número um do ranking mundial adulto.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br, com informação do Comitê Olímpico Internacional e da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF)