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Toronto 2015

14/08/2015 22h34

Toronto 2015

Vídeo tempera a final e time masculino leva o ouro no vôlei sentado. Meninas são prata

As duas finais foram diante dos Estados Unidos. Ação da comissão técnica brasileira emociona e motiva os atletas

Nos dois confrontos que decidiram o vôlei sentado em Toronto, duas vitórias por 3 sets a 0 que repetiram o resultado da fase de grupos. Um favorável ao Brasil, no masculino, e um para o lado americano, entre as meninas. O Brasil já tem a vaga assegurada nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 por ser o país-sede. E, para os Estados Unidos, ter chegado à final também já valia a garantia, pois mesmo que perdesse levaria o passaporte para os Jogos da capital fluminense. 

No masculino, uma ação motivacional realizada pela comissão técnica ajudou a deixar os atletas "no ponto" para o duelo que valeu o tricampeonato consecutivo no Parapan. Na tarde desta sexta-feira (14.08), ao mesmo tempo, todos os 12 atletas da equipe receberam um vídeo no celular. Em cada um deles, familiares e amigos de cada um mandavam saudações de incentivo e lembravam a eles que estavam com saudades e confiantes. 

“No meu tinha minha filha, minha namorada, e foi um tal de um chorando para um lado, outro chorando para o outro. Uma emoção que nos ajudou de verdade”, afirmou o ponteiro Giba, autor de 10 pontos na partida. “Foi show de bola. Todos os parentes, filhos, amigos, mandando para a gente boa sorte. Foi super legal, uma coisa inédita”, completou Fred. Na quadra, a hegemonia brasileira foi clara nas parciais, que terminaram 25/19, 25/17 e 25/15.

O trabalho feito com o masculino tem como meta o pódio em 2016. “A gente sai daqui e já faremos um período de treinamento com a Alemanha em São Paulo. Em janeiro, um treino com a Holanda. Depois, vamos à China disputar um torneio com equipes top no mundo e, em seguida, outro campeonato em Sarajevo. A partir daí, serão dois meses de treinamento para chegar à final olímpica”, listou Fred. Entre os principais adversários na modalidade estão Bósnia e Irã. No último mundial, disputado em 2014, o Brasil ficou com a prata. 

Seleção brasileira masculina trabalha para garantir o pódio nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Foto: Guilherme Taboada/CPB

Em ascensão

As meninas sabiam que a missão era ingrata. Do outro lado da quadra estavam as vice-campeãs paralímpicas nos Jogos de Londres e de Pequim, um time que tem sido presença certa em todas as finais da modalidade. O Brasil, na versão do próprio técnico José Dantas Guedes, é um time que tem as oscilações típicas de um grupo em formação. Na mistura dos ingredientes, deu a lógica. Os Estados Unidos venceram por 3 sets a 0, com parciais de 25/20, 25/22 e 25/16. 

O início da partida foi retrato de uma instabilidade que ainda marca a equipe nacional. As americanas chegaram a abrir 10 x 1. "Acho que poderíamos ter feito melhor, buscado um set delas. No primeiro, até conseguimos chegar depois. Acho que elas até ficaram com um pouquinho de medo”, brincou a atacante Nathalie Filomena, de 25 anos. “Mas vai ter revanche. Temos de trabalhar muito, muito mais, para chegarmos em 2016 e trazer as medalhas”, completou a atleta. 

A segunda parcial foi a mais equilibrada. O problema, no caso brasileiro, é que a jovem ponteira Heather Erickson, dos Estados Unidos, estava numa noite inspirada. Ela soube revezar a potência de seus ataques com jogadas de habilidade que justificam por que ela compõe a seleção desde os 15 anos, quando conquistou a prata na Paralimpíada de Pequim. Na final em Toronto, foi a maior pontuadora, com 16 pontos, muitos deles em horas decisivas. 

"O Brasil nos impôs um jogo bastante duro. Em algumas horas as emoções subiam além do normal e tínhamos de saber a hora de parar, respirar, relaxar, tomar uma espécie de pílula para esfriar os ânimos e voltar a corresponder”, brincou a jogadora.  "Nós sabíamos que tínhamos condições de levar o ouro. Esse time é muito competitivo”, completou. 

Para o treinador brasileiro, o importante é sair de Toronto com a sensação de que há uma evolução gradativa. "Demonstramos capacidade de jogar de igual para igual, mas em alguns momentos as oscilações de atitude se refletiam em quatro ou cinco pontos diretos delas, e isso influencia o resultado", afirmou Guedes. 

Em 2016, ele tem como meta o pódio. “Nosso panejamento é fazer muito mais jogos com as equipes fortes, como Estados Unidos, China e Rússia, para que a gente possa ter um controle emocional maior nas horas decisivas. A meta é o pódio. A cor da medalha não importa”.

Investimento

Ao todo, dos 24 atletas das duas equipes que representam o país no Parapan, 21 recebem Bolsa Atleta. No Brasil, são 79 beneficiados no vôlei sentado, o que dá um investimento de R$ 1,4 milhão do Ministério do Esporte.

Regra e classificação

A disputa é muito semelhante à do vôlei convencional. Seis jogadores de cada equipe ficam em quadra e o jogo é dividido em até cinco sets de 25 pontos. A quadra é menor, com 10 metros de comprimento por seis metros de largura. A altura da rede é de 1,15m no masculino e 1,05m no feminino. 

Os jogadores do vôlei sentado são separados em duas classes: elegíveis e mínima elegibilidade. Na primeira estão aqueles com amputações e problemas locomotores acentuados. Na outra, atletas com deficiências quase imperceptíveis, como problemas de articulação leves ou pequenas amputações. Cada equipe só pode contar com dois jogadores de mínima elegibilidade no elenco, e os dois não podem estar na quadra ao mesmo tempo. 

Gustavo Cunha, de Toronto - brasil2016.gov.br