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Bocha

12/11/2015 19h54

Aquece Rio

Torneio Internacional de Bocha avalia equipes e procedimentos de acessibilidade

Primeiro evento-teste exclusivamente paralímpico ocorre até sábado no Pavilhão 4 do Riocentro. Brasil venceu a disputa por equipes BC1 e BC2

O Torneio Internacional de Bocha abriu, nesta quinta-feira (12.11), no Pavilhão 4 do Riocentro,  na Barra da Tijuca, a segunda onda de eventos-teste para os Jogos Rio 2016. É o primeiro exclusivamente paralímpico e que representa um grande desafio para a organização em termos de logística e acessibilidade, já que os atletas da modalidade possuem severas deficiências.

“Para nós é muito bom fazer esse teste. A gente entende melhor a dinâmica paralímpica, os tempos dos atletas, as necessidades específicas, a dinâmica dos árbitros. Estamos aqui para testar os voluntários, a área de competição e o sistema de resultados. É um ensaio para o que vai acontecer na Arena Carioca 2”, afirmou Gustavo Nascimento, diretor de Gestão de Instalações do Comitê Rio 2016.

Área de competição e sistema de resultados estão entre os pontos avaliados. Acessibilidade é essencial à modalidade. Fotos: Miriam Jeske

As competições de Bocha nas Paralimpíadas não serão no Riocentro, e sim no Parque Olímpico, na Arena Carioca 2. Para Gustavo Nascimento, o fato de o Torneio Internacional não ocorrer no mesmo local não prejudica os testes.

“É um ambiente controlado da mesma forma, arena indoor, com ar condicionado. O importante é a gente estar aqui, ter o feedback dos atletas, ver como nossa equipe está reagindo em função das necessidades específicas, como computa o resultado.  É complicado encaixar 44 eventos esportivos entre julho de 2015 e maio de 2016. Foi a flexibilidade que encontramos para atender todo mundo, porque temos as nossas limitações de recursos e as equipes têm as limitações de agenda”, explicou.

Logística e acessibilidade

Os testes com as equipes de bocha começaram desde a chegada ao aeroporto, uma vez que o desembarque já exige uma logística complexa. Segundo Gustavo Nascimento, há 20 pessoas do Comitê Rio 2016 trabalhando no Galeão, para acompanhar chegadas e partidas das delegações, em constante troca de informação com representantes das companhias aéreas, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Secretaria de Aviação Civil (Sac), entre outros órgãos.

O desafio prossegue no caminho até os locais de hospedagem, na chegada e saída do hotel e na estrutura no local de competição. “O nível de comprometimento do atleta de bocha é o mais severo dos esportes paralímpicos. A nossa preocupação é fazer com que o nível de acessibilidade seja o mais alto possível. A gente tem preocupação com os fluxos dos atletas, com os sanitários, com a acomodação, a questão de alimentação. O Riocentro não é o local onde vão ser as disputas de bocha, não é essa a realidade do ‘Games Time’, mas a gente sabe que vai acontecer o tênis de mesa aqui”, disse Augusto Fernandes, coordenador de acessibilidade do Comitê Rio 2016.

Ele acrescentou que o evento-teste é uma oportunidade para testar procedimentos que podem ser realizados em qualquer arena. “É um intercâmbio de conhecimentos e uma grande oportunidade para as pessoas poderem conversar, para saber quem é responsável por cada coisa e qual o procedimento ao ver algum incidente. Tudo isso é feito de uma maneira que, quando acontecerem os Jogos, já estará no automático para a pessoa agir da forma mais rápida possível”.

 

Experiência das delegações

A experiência da equipe brasileira, segundo a coordenadora técnica Márcia Campeão, vem sendo positiva, e a logística na chegada ao Galeão, segundo ela, surpreendeu. O Riocentro também deixou boa impressão. “Aqui especificamente a gente não está tendo problemas. Ontem foi explicado no Congresso Técnico que o piso (na Arena Carioca 2) será até superior ao que está aqui, mas neste a gente não teve problema. A condição mínima de acessibilidade está sendo suprida: banheiros, acesso a um local de descanso, porque eles necessitam descansar, saindo da cadeira. O local está adequado. O tempo todo eles perguntam do que precisamos, o que é necessário e isso tem sido bem atendido. A equipe à frente da bocha é experiente nos jogos da bocha e isso facilita muito pra gente”, relatou.

A Seleção Brasileira está hospedada em um Centro de Treinamento em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio (assim como a Barra da Tijuca), e vem realizando treinos no local há alguns dias.  O transporte até o Riocentro foi contratado pela equipe e não faz parte dos testes do Rio 2016.

As outras delegações participantes – Portugal, Grã-Bretanha, Israel e Rússia – estão em um hotel dentro do complexo do Riocentro, próximo ao Pavilhão 4. Uma rota acessível foi criada pela organização para facilitar o deslocamento.

Pequenos problemas que surgiram, segundo a técnica portuguesa Maria Helena Bastos, foram solucionados. A treinadora, que está envolvida com a bocha adaptada desde 1986, também avaliou a estrutura do Riocentro.

“No hotel, vimos que havia um pequeno degrau. Pode parecer que não faz diferença, mas quando chegamos do treino, eu estava sozinha com os quatro atletas em cadeira de rodas. Mas rapidamente abriram um outro portão e resolveram. A estrutura no Riocentro é suficiente. Com muitos atletas, precisaríamos de mais banheiros adaptados. Para este evento, está  tudo bem”, disse.

Competição

O Brasil venceu a competição por equipes das classes BC1 e BC2, realizada nesta quinta. Para o atual campeão paralímpico no individual da classe BC2, Maciel Santos, a disputa foi importante para deixar clara a força dos donos da casa.

“Vamos cruzar com esses países daqui pra frente, são adversários fortes. Os atletas russos são bons, Portugal tem uma equipe experiente, a Grã Bretanha é forte. Esta competição mostrou que a gente está preparado e que vamos com tudo para repetir esse resultado no ano que vem”, disse Maciel, acrescentando que vai “detonar” quem estiver pela frente rumo ao bicampeonato.

“Estou trabalhando incansavelmente para o ano que vem.  Vai ser uma emoção maior, porque estamos perto de casa, da família, muitos vão estar apoiando a gente. Vai ser muito bom mesmo”, acrescentou o atleta, que conta com o apoio da Bolsa Pódio do Ministério do Esporte.

Participam do Torneio Internacional de Bocha 22 atletas. Os israelenses não competiram por equipes. Brasileiros que não são da seleção nacional contribuem para os testes realizando as disputas da classe BC3, que inclui atletas com o grau mais alto de deficiência. Não haverá competições para a classe BC4 no torneio, que prossegue até sábado (14.11).

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br