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Atletismo

04/08/2017 16h24

Um ano dos Jogos

Torcedores recordam momentos marcantes dos Jogos Olímpicos Rio 2016

Emoções com desempenhos esportivos dos atletas, convívio com povos estrangeiros e o clima de confraternização estão entre as experiências citadas

A Arena Carioca 2 estava vazia e voluntários preparavam o ginásio para as finais do judô, agendadas para o início da noite. O agente de viagens Gustavo José Cardoso, 25 anos, havia terminado de acompanhar as lutas classificatórias e estava saindo da arena quando viu, subindo as arquibancadas, a atleta que escreveria horas mais tarde o capítulo final de uma narrativa que emocionaria o país. A torcida brasileira iria escutar pela primeira vez o Hino Nacional numa cerimônia de premiação dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Quando se fala em Olimpíadas, as pessoas pensam em recordes, medalhas e pódios. No Rio de Janeiro, os brasileiros perceberam que os 19 dias de provas (o futebol começou antes da cerimônia de abertura) foram mais do que resultados, vitórias e derrotas. Gustavo Cardoso integra o grupo dos que não só viram, mas sentiram toda a atmosfera proporcionada pelo clima olímpico. O carioca comprou ingressos para todos os dias de competições. assistiu a 27 eventos esportivos ao vivo e viveu a emoção de testemunhar in loco 10 das 19 medalhas conquistadas pelo Time Brasil.

A saga de Gustavo Cardoso em três selfies: no judô com a técnica Rosicleia Campos, no velódromo e ao lado da medalhista Poliana Okimoto, bronze na maratona aquática. Fotos: Arquivo pessoal

Mas, sem ingresso para a final daquela noite, ele e seus amigos saíram da Arena Carioca 2 e seguiram para o “Live Site”, espaço de convivência montado dentro do Parque Olímpico da Barra para assistir à programação olímpica num telão gigante montado numa área ao ar livre. Foi para lá ainda com o pensamento no encontro de horas antes no ginásio olímpico.

“Eu estava indo embora quando vi a Rafaela Silva subindo as escadas do ginásio. Não acreditei quando vi a judoca procurando alguém, acho que eram seus familiares. Olhei nos olhos dela e tive a oportunidade de falar algumas palavras de apoio antes da final. Ela foi atenciosa e sorriu para mim. Foi marcante”, relembra o jovem torcedor.

Depois do encontro inesperado, Gustavo viveria, ainda na área comum do Parque Olímpico, o momento que levará com mais carinho de toda a jornada de torcedor. “Foi o momento mais marcante da Rio 2016 para mim. Depois de encontrar a Rafaela, eu estava ao lado de torcedores de vários países, tinha até bandeira de Montenegro. Quando ela ganhou o ouro, todo mundo começou a pular, se abraçar e chorar. Estar lá celebrando a conquista da Rafaela, uma menina pobre, negra e de favela, perfil que mais sofre com as desigualdades no nosso país, ver ela vencendo e se superando, foi o ápice para mim do clima olímpico”.

Assim como Gustavo, 1,2 milhão de turistas, 410 mil deles estrangeiros, passaram pela cidade olímpica no período dos Jogos e compraram mais de 6 milhões de ingressos do evento. “O clima das pessoas me marcou muito. Você entrava no metrô e via as pessoas felizes, interagindo. Chegava nas arenas e via todo mundo contente, comemorando com as bandeiras dos seus países. No Parque Olímpico, gente de todos os cantos do mundo. Essa união de paz entre os povos me marcou”, ressaltou o agente de viagem.

Weverton sempre quis contribuir com a organização dos Jogos Olímpicos como voluntário: sonho realizado. Fotos: arquivo pessoal

Sensação de pertencimento

O mesmo sentimento foi compartilhado pelo pernambucano Weverton Silva de Lima, de 28 anos. O assistente administrativo não só vivenciou tudo de perto, mas se sentiu parte por ter contribuído como um dos mais de 35 mil voluntários nos Jogos. “A troca cultural com voluntários de outros países foi o diferencial para mim. Sempre fui apaixonado por Jogos Olímpicos. Sempre quis estar perto e participar de alguma maneira. Vou levar comigo os grandes momento que vivi no Rio de Janeiro e os amigos que fiz. A amizade foi importante e sei que vou levar para o resto da vida”, revelou.

Foi a segunda vez que o pernambucano contribuiu com um grande evento esportivo como voluntário no Brasil. A primeira vez foi durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, na Arena Pernambuco. No Rio, ele coleciona momentos que ficarão marcados na sua vida. “A cerimônia de abertura, da qual participei do último ensaio como voluntário, e a final do vôlei masculino no Maracanãzinho, quando vi a seleção sendo campeã olímpica de perto, eu nunca vou esquecer”, disse.

“Eu me senti parte da conquista da seleção, por ter contribuído e ajudado como voluntário naquela final. Foi um jogo emocionante, um 3 a 0 contra a Itália, uma seleção muito forte. Foi uma emoção muito grande ver tudo aquilo de perto e contribuir de alguma forma para aquilo acontecer. Essa foi a minha missão quando saí de casa para ajudar a história acontecer”, disse Weverton.

Breno Barros – Rededoesporte.gov.br