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Geral

27/06/2016 16h32

Tour da Tocha

Tererê, patriotismo e influência nipônica na passagem da tocha por Dourados

Segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul encerrou a passagem do revezamento pela região Centro-Oeste do país

Com garrafa e cuia de tererê ao lado, cadeiras de praia nas calçadas e bandeira do Brasil nas mãos, moradores de Dourados, no Mato Grosso do Sul, receberam a tocha olímpica em seu 55° dia de tour pelo Brasil. Localizada ao oeste do estado e com marcante comunidade nipônica no país, a cidade se organizou para o revezamento que se encerra em 5 de agosto com a abertura dos Jogos Rio 2016.

Desde o início da tarde, os moradores começaram a se encontrar pelas calçadas. Eram pais com crianças, animais de estimação, amigos pedalando. Entre eles, um grupo composto pela auxiliar contábil Alcione Oliveira, de 31 anos, e suas amigas, aguardava o desfile em cadeiras de praia no canteiro central de uma avenida. "Estamos há mais de uma semana acompanhando as notícias para saber o percurso", contou.

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Cadeiras na calçada, bandeira do Brasil na mão: festa em Dourados (MS). Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br/ME

Acompanhada do marido e do filho, a professora Virgínia Trichiz, 33 anos, esperava na região central. Para ela, a chama olímpica incentiva a cena cultural dos lugares por onde passa. "Ela faz com que as pessoas se reúnam, estejam mais próximas, cada cidade cria uma atividade cultural e todo mundo usufrui do cenário."

Dourados é segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul, atrás da capital Campo Grande. Assim como no resto do estado, sua bebida característica é o tererê, uma espécie de chimarrão gelado que é de fácil preparo e tomado principalmente nos encontros informais entre amigos.

 

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Seila, Maria Clara e Ezequiel: adereços patriotas saíram do armário para acompanhar o tour. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br

Seila Rojas, José Ezequiel e a filha Maria Clara mudaram a rotina para não perder o revezamento que passaria na porta de casa. O carro ficou na garagem, o almoço ficou pronto mais cedo e os chapéus, corneta e bandeira do Brasil saíram do armário para equipá-los. Era um evento diferente na cidade e uma oportunidade, na avaliação deles, de mostrar um pouco de Dourados ao resto do país.

O casal chegou na cidade para trabalhar: ela vinda do interior do estado e ele de Minas Gerais. No dia anterior ao revezamento, garantiram uma foto com a réplica do símbolo olímpico em uma praça da cidade. "Ficamos ansiosos desde que soubemos que o comboio passaria em frente à nossa casa e por isso vínhamos nos preparando para que esse momento não passasse em branco, e sim em verde amarelo", brincou ele. "Estou acompanhando a tocha em Mato Grosso do Sul desde que chegou em Campo Grande. No meu grupo de família já recebi fotos em duas cidades e agora é a minha vez", completou ela.

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O jornalista britânico Jonathan Bramley foi um dos primeiros condutores. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br

BBC

Um dos primeiros condutores da cidade foi o jornalista britânico Jonathan Bramley. Produtor executivo da BBC, emissora de TV inglesa, Bramley coordena, desde 1992, o núcleo responsável pela cobertura de grandes eventos esportivos. No país há dois dias para preparar o terreno e antecipar matérias exibidas durante os Jogos Rio 2016, ele foi convidado a conduzir a chama na cidade sulmatogrossense.

Bramley tem vasta experiência em coberturas olímpicas e acredita no potencial do Brasil para promover uma edição memorável. "O revezamento da chama é o primeiro contato do povo com os Jogos Olímpicos. Em Londres, em 2012, os britânicos estiveram muito animados. A julgar pela euforia dos brasileiros, teremos uma bela edição aqui ", disse.

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Amélia Leite passou a adotar o esporte com mais ênfase a partir dos 60 anos. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br

Amelinha

Pouco mais de um quilômetro à frente, no outro extremo do Parque dos Ipês, foi a vez da professora aposentada Amélia Leite, de 64 anos, viver seu momento de glória. Amelinha, como é conhecida, conquistou a vaga graças a uma campanha popular repleta de adesões, que incluem os grupos de trabalhos sociais, voluntariado e os muitos parceiros de corrida da douradense.

O esporte entrou na vida dela na época do aniversário de 60 anos. Quatro anos se passaram e Amelinha já participa das primeiras maratonas. "Nunca imaginava que um dia fosse carregar uma tocha olímpica. Esse momento chegou, aos 64 anos", dizia. Com a animação que é uma de suas características, ela atravessou os 200 metros transição entre sorrisos e acenos.

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Representantes da colônia japonesa marcaram presença no tour. Foto: Ivo Lima/Brasil2016.gov.br

Nipônicos

Mato Grosso do Sul é o terceiro estado em número de japoneses e descendentes no Brasil - e Dourados é a cidade com a maior concentração desses estrangeiros na região. A forte presença nipônica movimenta a economia local e alimenta uma cultura secular japonesa, onde o idioma é ensinado na escola e falado dentro de casa por essas famílias.

Estima-se que pelo menos 800 delas vivem na cidade. "Mantemos vida essa chama dos nossos ancestrais, pais e avós que vieram para o Brasil há muitos anos e constituíram famílias aqui", explicou Nélio Shigueru Kurimori, 63 anos, médico e presidente da Associação Cultural Esportiva Nipo Brasileira de Dourados.

Antes de chegar em Dourados, a chama percorreu os municípios de Sidrolândia, Maracaju, Rio Brilhante e Itaporã. Nesta segunda (27.6), encerra a rota pelo Mato Grosso do Sul nas cidades de Nova Andradina e Bataguassu, de onde segue para Presidente Prudente. Será está a primeira passagem do fogo olímpico pelo estado de São Paulo.

Hédio Ferreira Júnior e Mariana Moreira, de Dourados (MS)