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29/07/2016 17h49

Tour da Tocha

Tour da tocha em Volta Redonda dá visibilidade ao grupo +60

'Cidade do Aço' é conhecida por ser referência em assistência ao idoso e fez questão de mostrar a força dessa geração

Uma das bases da industrialização brasileira, com a instalação da Usina Presidente Vargas da Companhia Siderúrgica Nacional, em 1941, Volta Redonda ficou conhecida como a "Cidade do Aço". Não é difícil avistar, de vários pontos da cidade, a chaminé das fábricas fumaçando. Mas a cidade também tornou-se conhecida pelo trabalho que vem desenvolvendo com pessoas com mais de 60 anos. Muitos deles estiveram presentes no revezamento da tocha nesta quinta-feira (28.07). Conduzindo ou prestigiando o evento, todos deram lição de força, alegria e determinação.

A inspiração veio logo com o primeiro condutor, o ex-jogador de basquete Jorge Luiz da Silva. Aos 64 anos, Jorge Maravilha, como ficou conhecido, principalmente pela torcida do Flamengo, ainda tem muitos planos no esporte. "Vou me aposentar daqui a um mês e vou para Palmas-TO. Fui convidado por um amigo lá e vou trabalhar com o basquete", disse. Natural de Volta Redonda, ele vai mudar para acompanhar a esposa, mas promete não abandonar a segunda paixão. "Tem um time de veterano lá que é sensacional, estou doido para jogar. Não tem idade, tem que ter vontade de jogar. Tem que ter só amor", ensina.

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Jorge Luiz da Silva já jogou por grandes clubes cariocas e defendeu a seleção brasileira no basquete. Foto: Francisco Medeiros/ME
 

Com passagem por Flamengo, Vasco, Fluminense e seleção brasileira, o professor de educação física diz estar muito feliz com a chama na cidade e com a oportunidade de participar, de certa forma, dos Jogos no Rio. "Eu não aproveitei na época que era para ter sido convocado para as Olimpíadas. Não fui por um erro meu, mas é uma honra hoje. O fogo está no meu peito, não está só com a tocha não".

Escolhido para começar o percurso na cidade, na frente de quadra poliesportiva no bairro Vila Mury, Jorge trabalha como professor na prefeitura e tenta passar para os alunos um pouco dessa paixão. "Procuro ensinar como o esporte é importante, não só o basquete. Já passaram por mim muitos atletas que hoje estão jogando profissionalmente", orgulha-se.

Assídua

Assim como Jorge, Maria Gomes Monteiro era só alegria, caminhando lentamente e mandando beijinhos para quem acompanhou os 200 metros que ela tinha que percorrer. "Muito emocionada, não esperava nunca receber um convite como esse", disse ela minutos antes de conduzir a chama. D. Maria, como gritava a "torcida", foi a primeira inscrita no programa Viva Melhor Idade, lá em 1997, quando ele foi criado, e até hoje participa das atividades. "Fui fazer ginástica com minha filha e gostei. Fui chamando um, fui chamando outro e estou aí, no grupo da terceira idade e grupo de convivência", conta ela.

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Maria Gomes Monteiro vive há 43 anos em Volta Redonda e é ativa nos programas voltados para a melhor idade. Foto: Francisco Medeiros/ME

Natural de Minas Gerais, Maria está há 43 anos em Volta Redonda, e diz que as atividades são importantes para ela e para a família. "Isso é muito bom para nós, fazemos amizade, passeios. Esquecemos dos problemas de casa, para mim é importante, a família ganha também", afirma. As caminhadas tiveram que ser suspensas temporariamente por causa de um incidente, mas a ginástica está liberada. "Vou sempre. Não falto de jeito nenhum", garante.

A também aposentada Elza Vidal não conduziu a tocha, mas fez questão de participar do momento e, como Maria Monteiro, é outra que não falta à ginástica. Ela explica que a prática diária de exercício a salvou de problemas maiores. "Para mim é muito importante, eu tive um AVC e o médico disse que se eu não fizesse nada seria muito pior, teria ficado com muitas seqüelas", conta.

O revezamento percorreu 10 quilômetros das ruas de Volta Redonda e passou por pontos importantes da cidade, como o Estádio da Cidadania, que é uma referência para o estado. A celebração foi na Praça Brasil, de 1957, onde está o Clube Umuarama, o antigo Hotel Brasil e o Novo Mercado Popular. O Bloco da Vida, que existe há 14 anos, foi o responsável pela festa de encerramento. Todos os anos, o grupo reúne 1.500 pessoas com idades acima de 55 anos, em 10 alas e cinco carros-alegóricos, durante o carnaval.

O Bloco da Vida fez, ainda, um corredor para a passagem do último condutor, Fabiano de Paula. Tenista profissional, Fabiano nasceu e até hoje é morador da Rocinha, no Rio de Janeiro. Lá ele montou uma escolinha de tênis que atende centenas de crianças. Ele começou como boleiro e tem superado dificuldades para subir, cada dia mais, no ranking mundial da ATP. Também tem tido destaque no ranking de duplas onde hoje ocupa a colocação de 142. "Acender a pira de celebração me faz continuar a luta. A ajuda que me deram para começar é o que tento passar para minhas crianças na escolinha", disse. A chama passou também pelas cidades de Ilha Grande, Rio Claro, Resende e Barra Mansa.

Políticas públicas

O município de Volta Redonda vem intensificando o desenvolvimento de políticas públicas de esporte e lazer desde 1997 para todas as faixas etárias. Nesse mesmo ano foi implementado o projeto "Viva a Melhor Idade". Desde então os números que a prefeitura apresenta são animadores: a expectativa de vida dos idosos aumentou em 10 anos, a autoestima em 98% e houve queda de 84% nos atendimentos aos idosos nas unidades de saúde. "Fazemos o que determina a organização mundial de saúde; a cada dólar investido na saúde e bem estar representa a economia de cinco dólares para tratar da doença", explica a secretária municipal de Esporte e Lazer, Rose Vilela.

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Volta Redonda é conhecida como a Cidade do Aço, em função do parque siderúrgico instalado na cidade. Foto: Francisco Medeiros/ME

Segundo a secretária, que também é mãe do nadador olímpico Thiago Pereira, como ela mesma gosta de lembrar, a cidade tem aprimorado a infraestrutura para apoiar o cidadão e incentivar a prática esportiva. "Temos 12 ginásios públicos, numa cidade de 262 mil habitantes. Em todos os bairros temos uma quadra poliesportiva. É uma cidade que respira esporte", afirma Rose. Para ela, a passagem da tocha será um estímulo ainda maior. "Além de anunciar os Jogos, o fogo traz para nós inspiração, que é o que estamos precisando hoje no Brasil, para os nossos jovens, para nossas crianças, melhor idade, cidade e região", acredita.

Pessoalmente, Rose diz estar vivendo uma grande emoção e se diz privilegiada. "Sou uma profissional de educação física, vivi sempre do esporte. Sou privilegiada em trabalhar na minha profissão, quando a gente ama o que faz, isso não é trabalho", afirma. Ela lembra que não imaginava o que era uma Olimpíada até ir para Atenas, em 2004, mas admite que viver isso em casa é diferente. "Me senti emocionadíssima em Atenas, em Beijin e em Londres, principalmente, onde o Tiago conquistou a primeira medalha olímpica. Mas, no país da gente, na cidade da gente, nossa, a emoção está a flor da pele."

Rota desta sexta

O revezamento da tocha olímpica segue para a região serrana do Rio de Janeiro nesta sexta-feira e passa por Piraí, Barra do Piraí, Vassouras, Paraíba do Sul e Três Rios até chegar à cidade imperial de Petrópolis, onde será a celebração. Durante o dia serão 143 condutores e 242 quilômetros percorridos, incluindo o deslocamento.

Lilian Amaral