Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Sem reclamações sobre poluição, prova masculina do evento-teste da maratona aquática tem vitória brasileira

Maratona aquática

22/08/2015 14h19

Aquece Rio

Sem reclamações sobre poluição, prova masculina do evento-teste da maratona aquática tem vitória brasileira

Allan do Carmo foi o vencedor entre os 25 atletas que largaram neste sábado (22.08) em um percurso montado ao lado do Forte de Copacabana. Neste domingo (23.08), a campeã mundial Ana Marcela Cunha disputa a prova feminina
1 | 8
Atletas saltam para o mar, na largada do evento-teste da maratona aquática. Foto: Buda Mendes/Getty Images
2 | 8
Nadadores em ação, com o Forte de Copacabana ao fundo. Foto: Matthew Stockman/Getty Images
3 | 8
prova masculina do Evento-teste da maratona aquática. Foto: Matthew Stockman/Getty Images
4 | 8
Allan do Carmo comemora a vitória em Copacabana. Foto: Buda Mendes/Getty Images
5 | 8
Atletas esperam a largada para o evento-teste no Rio de Janeiro. Foto: Buda Mendes/Getty Images
6 | 8
Thiago e Christian: dia histórico para os dois nadadores amadores que disputaram o evento-teste da maratona aquática. Foto: Luiz Roberto Magalhães
7 | 8
Hélio de la Peña, o campeão Allan do Carmo e o coco: desafio inusitado à vista. Foto: Luiz Roberto Magalhães
8 | 8
760 GettyImages-484883024.jpg
760 GettyImages-484894640.jpg
760 GettyImages-484894658.jpg
760 GettyImages-484883028.jpg
760 GettyImages-484885040.jpg
760ChristianeThiago.jpg
760helioeallan.jpg
percursomaratonaaquy.gif

eventos_teste_banner_1130x100.png

Com maré alta e temperatura em torno de 18,5ºC (abaixo dos 16 graus não há competição), 25 atletas, de nove países – Brasil, República Tcheca, Canadá, Hungria, Japão, Itália, Grã-Bretanha, Irlanda e Holanda –, largaram na manhã deste sábado (22.08) para cumprir os 10km do percurso montado ao lado do Forte de Copacabana para a primeira prova do Aquece Rio Evento Internacional de Maratona Aquática. A competição é o único evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio 2016 e, neste domingo, às 9h, será a vez das mulheres competirem.

Apesar do apelo midiático da prova, que teve predominância de brasileiros (15 atletas do país participaram da prova masculina), o resultado não foi o que mais importou. Ainda assim, o Brasil fez a festa com a vitória do baiano Allan do Carmo, que protagonizou uma chegada emocionante e superou, na batida de mão, o japonês Yasunari Hirai. O canadense Richard Weinberger foi o terceiro colocado, com o italiano Simoni Ruffini em quarto. Allan terminou a prova em 2h03min53s9. Hirai fez o tempo de 2h03min54s4 e Weinberger cravou a marca de 2h03min57. Medalha de prata nos 5km por equipe no Mundial de Kazan, no início do mês, Diogo Villarinho não completou o desafio.

Leia mais sobre o evento-teste:

» Prova feminina da maratona aquática fecha eventos-teste de agosto no Rio

» Maratona aquática realiza último evento-teste de agosto

 

760 GettyImages-484883028.jpg
Allan do Carmo comemora a vitória em Copacabana. Foto: Buda Mendes/Getty Images

“Foi uma prova disputada e difícil também por conta das condições do mar, que estava movimentado e mexido”, analisou Allan. “Fiz uma prova de recuperação e pelo mar estar mexido tem que ter muita referência e um senso de direção grande, mas essa é uma das minhas características”, continuou o nadador.

Como a prova não contava pontos para o ranking mundial, o mais importante, tanto para os atletas quanto para a organização foi, de fato, testar não só o percurso (que deve ser oficializado pela Federação Internacional de Natação – FINA para os Jogos Olímpicos Rio 2016), mas toda a logística que será exigida para a competição olímpica no ano que vem.

De acordo com Gustavo Nascimento, diretor de gestão de instalações do Rio 2016, cerca de 400 pessoas (entre staff do Rio 2016, da Prefeitura e terceirizados) estiveram envolvidas na organização da prova, de modo que todas as situações possíveis para os Jogos Olímpicos pudessem ser testadas.

“A gente escolheu fazer em agosto para testar tudo, inclusive temperatura da água, condições de maré, até para prover aos atletas as condições mais próximas de competições que eles vão encontrar no ano que vem”, explicou Gustavo.

Segundo ele, o principal desafio na prova deste sábado foi a operação dos barcos na hora da prova. Ele explicou, inclusive, que o atraso de meia-hora em relação ao horário inicialmente estipulado para a largada (era para ser 9h e passou para 9h30) se deveu a um atraso na chegada dos oficiais de prova, que vieram da Marina da Glória. Segundo o dirigente, por conta das condições do mar o trajeto de barco teve que ser feito em uma velocidade mais baixa do que a prevista.

Ele também falou sobre o trabalho realizado pelas embarcações na hora da prova. “Os barcos têm uma operação mais complexa para fazer na água. São ajustes finos, detalhes que a gente só aprende testando com essa magnitude, com 25 atletas largando para a prova. Esse é o principal ajuste que a gente vai fazer: na operação dentro da água”.

Como os atletas estranharam um pouco o fato de o circuito ter um percurso diferente para a primeira volta em relação às demais (veja percurso), Gustavo não descartou a possibilidade de ajustes serem feitos para a competição olímpica no ano que vem. Segundo ele, os atletas ainda serão ouvidos e apenas depois do fim do evento (em uma ou duas semanas) é que a FINA irá analisar a competição para se pronunciar.

Sem poluição

Um aspecto muito indagado pela imprensa no evento-teste da maratona aquática aos atletas foi a avaliação sobre as condições da água. Ao contrário do evento-teste da vela, em Copacabana não houve queixas sobre poluição.

O japonês Yasunari Hirai e o italiano Simoni Ruffini, que pela primeira vez competiram no Rio de Janeiro, além de Allan do Carmo, não tiveram qualquer reclamação e elogiaram a prova e a organização.

“A água estava ok. Achei a água bem clara e deu até para ver a minha mão (na hora das batidas). Não vi qualquer sinal de poluição”, declarou Hirai. “Gostei muito da prova e do circuito. Eu gosto de condições difíceis de prova. As condições do Mundial de Kazan e daqui foram muito difíceis e acho que no ano que vem podemos ter surpresas”, continuou o japonês, que ainda não tem vaga assegurada para os Jogos Rio 2016.

Campeão dos 25km do Mundial de Kazan e com vaga garantida para os Jogos Rio 2016, Simoni Ruffini elogiou não só a água e a prova como a cidade do Rio de Janeiro. “Foi tudo muito bom. Eu amo o Rio e estou feliz por estar aqui. A água estava muito boa e correu tudo bem”, declarou o nadador.

Para Allan, o mais difícil foram a temperatura e as condições do mar. “A água estava muito fria, com 18,5 graus. Ainda mais para mim, que sou da Bahia e acostumado com água de 24 a 26 graus. Sobre sujeira não deu para ver nada. Eu não bati em nada sólido durante a prova e foi e o mais complicado mesmo foi a dificuldade de o mar estar mexido”, analisou o brasileiro.

760ChristianeThiago.jpg
Thiago e Christian: dia histórico para os dois nadadores amadores que disputaram o evento-teste da maratona aquática. Foto: Luiz Roberto Magalhães

Amadores vivem dia histórico

Por ter sido feita em agosto e pouco após o Mundial de Kazan, a maioria dos atletas que largaram para o evento-teste neste sábado foi do Brasil. Mas para dois nadadores em particular o dia foi muito especial.

Com o número 12 no braço, Christian Smith Alves, e seu amigo, Thiago Salles Martins (número 15), são nadadores amadores, que foram chamados de última hora depois que dois atletas acabaram desistindo de competir. Como não estavam acostumados a nadar os 10km, os dois concordaram em disputar apenas uma volta (2,5km) e, assim, completar o número de 25 atletas na largada.

 “Nós competimos mais em campeonatos estaduais”, explicou Thiago. “Como faltaram dois atletas e tinha que ter 25 atletas para completar a largada para testar o evento como um todo, nos chamaram para participar”, continuou o nadador, que se disse orgulhoso por ter feito parte de um evento-teste olímpico. “Eu era o número 15 e o Allan do Carmo era o número 16. Então fiquei do lado dele o tempo todo. Foi muito legal. Tenho história para contar agora por muito tempo”, comemorou Thiago, 41 anos e economista, que nada regularmente há cinco anos.

“Surgiu o convite e a gente pensou: Ué, vamos encarar junto com os melhores do mundo para ver como vai ser”, divertiu-se Christian, 23 anos, que trabalha em um banco com análise do mercado financeiro. Ele contou que os dois treinam de segunda a sábado, sempre antes de ir trabalhar. “Tem que gostar muito mesmo. Atleta amador sofre mais do que profissional. Eles treinam e descansam. A gente treina e tem que ir trabalhar depois. Eles têm preparação física e tudo. A gente nada porque gosta mesmo”, comparou Christian.

O coco é o prêmio

Uma das favoritas à vitória na prova de amanhã, a baiana Ana Marcela Cunha, que faturou três medalhas no Mundial de Kazan – foi campeã nos 25km (prova não olímpica), levou a prata nos 5km por equipe (ao lado de Allan do Carmo e Diogo Villarinho) e garantiu o bronze nos 10km – acompanhou toda a prova das areias.

“Já treinei hoje pela manhã e agora estou aqui para acompanhar a prova dos meninos”, disse a nadadora, que disse que sente cada vez mais o clima olímpico se aproximando. “Não digo ainda que sinto um frio na barriga, mas olhando tudo aqui a gente já começa a pensar como vai ser daqui a um ano. A gente sonha com isso há sete anos, desde que o Rio foi eleito cidade-sede. Então imagina o que é estar aqui agora, que falta menos de um ano. Cada dia mais queremos que isso se torne realidade para a gente conseguir um bom resultado”.

Hélio de la Peña, o campeão Allan do Carmo e o coco: desafio inusitado à vista. Foto: Luiz Roberto Magalhães

Entre os turistas e os cariocas que acompanharam a prova, o humorista Hélio de la Peña era um dos mais entusiasmados. Praticante de natação de águas abertas, o ator costuma treinar três vezes por semana no mesmo local do evento-teste. Hélio comemorou a vitória de Allan do Carmo e revelou que até já fez uma aposta com o campeão.

“Eu e o Allan apostamos um coco”, brincou Hélio. “Funciona assim: o coco fica na areia e eu fico na água, uns 400 metros da praia, mais ou menos onde está a plataforma de saída dos atletas aqui no evento-teste. O Allan fica na praia. Aí, quando for dada a largada, eu saio da bóia, nado em direção ao coco, enquanto o Allan sai da areia, vai até a bóia e volta. Quem chegar primeiro no coco ganha a prova e o coco. Ele é nadador olímpico, um campeão das maratonas aquáticas, e então tem que nadar o dobro do que eu...”, detalhou Hélio.

Como carioca, ele não escondeu o orgulho de ver sua cidade receber os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. “Ainda mais com as provas das maratonas aquáticas sendo disputadas no local onde eu costumo nadar”, ressaltou.

Para Allan do Carmo, o tempo de descanso será breve após a vitória no evento-teste. Afinal, o desafio do coco vem aí. “Já estou preparado e segunda-feira aqui mesmo, no Posto 6, o posto olímpico, vai ter o desafio com o Hélio de la Peña. Vamos ver quem vai beber essa água de coco gelada. Eu já o vi nadando várias vezes. Ele vai a Salvador direto e está treinando mais do que eu aqui na Praia de Copacabana e vai levar vantagem. Mas já encostei ali no treinador dele, peguei as dicas sobre ele e estou ligado no meu adversário”, avisou Allan, divertindo-se com o próximo desafio.

O percurso

Em resumo, a prova funciona como qualquer outra da natação. Os atletas largam de uma plataforma e devem percorrer os 10km de um percurso delimitado por bóias. No evento-teste, os atletas nadaram em um circuito que consiste em uma reta e, depois, três voltas por um percurso de cinco boias. O percurso é um dos grandes testes do Aquece Rio: a expectativa é de que a Federação Internacional de Natação (FINA) dê a sua aprovação para que o mesmo circuito seja utilizado nos Jogos Olímpicos.

Acompanhe o trajeto montado no Forte de Copacabana e entenda como foi a disputa do evento-teste da maratona aquática neste sábado:

T: Tart - Plataforma de largada. A largada foi feita em direção ao ponto 5, onde fica a boia de contorno 5. O percurso seguiu em direção aos respectivos pontos: 3 (boia de contorno 3), 4 (boia de contorno 4), 5 (boia de contorno 5), 1 (boia de contorno 1) onde a primeira volta foi finalizada. No último trecho da competição, os atletas nadaram até o ponto “P”, chamado de Pórtico de Chegada.

Legenda de Cores

1. Fim da primeira até a penúltima volta, onde fica a Boia de contorno 1
2. Boia de Contorno 2
3. Boia de Contorno 3
4. Boia de Contorno 4
5. Boia de Contorno 5
P: Pórtico de Chegada - Chegada da última volta

Do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br