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Vela

17/10/2017 15h43

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Scheidt oficializa fim de carreira olímpica, mas abre a porta para outros desafios

Bicampeão olímpico não disputará os Jogos de Tóquio 2020, mas confirmou que seguirá em diferentes categorias do iatismo e disposto a encarar a vela oceânica

Dono de cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, o velejador Robert Scheidt anunciou oficialmente nesta terça-feira (17.10) o fim de sua participação em Jogos Olímpicos. Em conversa com jornalistas no Yacht Club Santo Amaro, em São Paulo, o bicampeão explicou as razões para não seguir com o ciclo até Tóquio 2020 na classe 49er, mas deixou claro que não se trata do encerramento de sua carreira.

“Aposentadoria é uma palavra forte. Não me vejo de pijamas, sentado no sofá e assistindo tevê. Meu instinto competitivo ainda é forte e o esporte está no meu sangue. Seguirei velejando em diferentes classes”, explicou.

Robert Scheidt: Tóquio não terá o maior medalhista brasileiro em Jogos Olímpicos em ação. Foto: Getty Images

Quando fala em diferentes classes, Scheidt se refere a experimentar novos ares na carreira esportiva. “Sempre recebi convites para competições de vela oceânica e sempre disse não, em função dos projetos olímpicos. Agora poderei dizer sim. Temos grandes eventos, como a Volvo Ocean Race e a America’s Cup, entre outros, e, quem sabe, não surge uma oportunidade. Está se fechando uma porta, mas tenho certeza de que muitas outras se abrirão”, comentou o velejador.

“Continuarei nas classes Star, agora mais intensamente em 2018, e Laser, pois preciso da adrenalina do iatismo”, revelou. O próximo desafio será justamente na Star Sailors League (SSL), em Nassau, em dezembro, ao lado Henry Boenning, o Maguila.

“Aposentadoria é uma palavra muito forte. Não me vejo de pijamas, sentado no sofá e assistindo tevê. Meu instinto competitivo ainda é muito forte e o esporte está no meu sangue. Seguirei velejando em diferentes classes”
Robert Scheidt

Scheidt tomou a decisão de partir para um novo rumo na carreira de modo consciente e maduro. Mas nem por isso deixa de se emocionar. “Certamente terei saudades. A coisa mais linda que existe é defender seu país, ainda mais nos Jogos Olímpicos. Sei que vou sentir falta de acordar todo dia com aquele objetivo de ganhar uma medalha, pois a Olimpíada é como uma montanha que você escala um pouco a cada dia, até chegar ao topo. Mas seguirei no esporte. Tive uma carreira na qual fiz sempre o máximo que podia e não me arrependo de nada. Foram seis olimpíadas, cinco medalhas e muito orgulho por ter defendido o Brasil”.

As razões para deixar a classe 49er estão nos músculos e no coração. “Não é fácil começar do zero, aos 43 anos, em uma categoria que exige muito do físico. Sofri com lesões nesta temporada e o período de recuperação não é mais o mesmo. Eu precisaria de mais tempo de treino para chegar competitivo em 2020 e, nessa altura da vida, não quero abrir mão da família. Tenho dois filhos pequenos, minhas maiores medalhas, e estar com eles e com minha mulher é muito importante”, esclareceu o iatista, referindo-se a Erik, de 8 anos, e Lukas, de 4, fruto do casamento com a lituana e também velejadora Gintare.

Formação de novos velejadores

Além de seguir competindo, Robert Scheidt pretende colaborar na formação das novas gerações de velejadores brasileiros. “Pretendo iniciar clínicas a partir do próximo ano para passar um pouco da minha experiência e conhecimento para a garotada. Apresentei essa ideia para o Banco do Brasil, meu patrocinador, e ela foi bem recebida. Já atuei como conselheiro de jovens atletas de alto rendimento e foi muito bacana. Tratamos de pressão e como encarar grandes competições e o retorno que recebi foi altamente positivo”, disse.

» Brasil de Ouro: um perfil da carreira vitoriosa de Robert Scheidt

Scheidt fez questão de agradecer às pessoas que fizeram parte de sua carreira no iatismo. “A vela olímpica pode ser um esporte individual ou em duplas, mas ninguém se faz sozinho. Agradeço demais todo apoio que recebi ao longos desses anos, especialmente dos meus pais, de toda a minha família, esposa, amigos, treinadores, colegas, enfim, todo mundo que, de um jeito ou de outro, fez parte dessa história”.

Robert Scheidt tem duas medalhas de ouro olímpicas (Atlanta 1996 e Atenas 2004) e uma prata (Sydney 2000) na classe Laser, além de uma prata e um bronze na Star (Pequim 2008 e Londres 2012). Ao todo, são 11 títulos mundiais na Laser e outros três na Star. Nos Jogos Rio 2016, ele terminou na quarta colocação.

Roberto Scheidt - Principais conquistas

Medalhas olímpicas

Ouro: Atlanta 1996 e Atenas 2004 (ambas na classe Laser)
Prata: Sydney 2000 (Laser) e Pequim 2008 (Star)
Bronze: Londres 2012 (Star)

Títulos mundiais

Laser
Onze títulos mundiais - 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt

Star
Três títulos mundiais - 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe

Resumo da carreira
176 títulos - 86 internacionais e 90 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016

Fonte: Assessoria de imprensa do atleta