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Geral

25/05/2016 09h50

Revezamento da Tocha

Ritmos e cores se misturam com o fogo da chama olímpica em Salvador

Depois de passar por 19 cidades baianas, chama desembarcou na capital da Bahia nesta terça-feira. Feira de Santana, Riachão do Jacuípe, Capim Grosso e Senhor do Bonfim recebem o comboio nesta quarta

A Capital da Alegria mostrou porque merece o título. Não faltaram sorrisos no percurso de 35 quilômetros da Tocha Olímpica por Salvador e sobraram histórias de superação e emoção. O símbolo contagiou a cidade e a todos que correram atrás do comboio em busca de um registro, mesmo que na memória. O revezamento terminou com uma grande festa em frente ao Farol da Barra - um dos cartões postais da Bahia.

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Fabiano (D) perdeu quase 100kg: 'conduzir a tocha foi minha recompensa'. Foto: Lilian Amaral/ brasil2016.gov.br

A chuva e o dia útil de trabalho não impediram que os soteropolitanos vissem das ruas ou das janelas a passagem da chama olímpica. Muitos se juntaram aos turistas e subiram o Pelourinho, onde o percurso começou ao som da Banda Olodum. O centro histórico da capital foi escolhido para receber o atleta paralímpico do triatlo Marcelo Collet, o primeiro a conduzir a chama na cidade. A partir daí, histórias de superação como a do triatleta, que foi atropelado enquanto praticava ciclismo, cruzaram a cidade.

Um dos exemplos é o do publicitário Fabiano Lacerda. Aos 32 anos de idade e 192,8 kg resolveu aceitar uma aposta dos amigos. Teria que perder 60 kg em seis meses. Ganhou o desafio e com cinco meses já estava pesando 130 kg. "Foi o momento mais difícil. Eu tinha que decidir o que eu iria fazer da minha vida ou continuava mega obeso", explica o condutor que carregou a tocha na Avenida Centenário.

Verena dedicou o momento às crianças portadoras de câncer que ela ajuda a tratar na Sana Casa de Misericórdia. Foto: Lorena Castro/ brasil2016.gov.br

Quando questionado sobre a recompensa: "É hoje! Conduzir a tocha é minha recompensa", comemora. Mas o que faz Fabiano feliz mesmo é quando ele vê que está mudando outras vidas. "Meu exemplo mostra que as pessoas podem ir além", acredita. O publicitário, que pesa hoje 95 kg, garante que foi tudo da forma mais natural. "Não foi simples como estou falando. Comecei com um trabalho de reeducação alimentar, juto com nutricionista e profissionais de educação física, que me ajudaram a me manter ativo e vencer", conta.

A emoção também tomou conta da economista Verena Croesy que carregou a tocha pensando nas crianças da Santa Casa da Misericórdia, onde é contadora de histórias para portadores de câncer. "Durante o rezamento pensei muito nelas e me emocionei bastante pelo os que se foram, os que estão lutando e os que se curaram", revela. Além de contar histórias, Verena também passou a escrever para o público infantil e admitiu ter ficado muito feliz por ter corrido em nome deles.

"Estou orgulhosa de ver meus amigos e familiares na Cidade Baixa, lugar querido por todos que moram em Salvador. Agora para as crianças, vou levar a tocha e distribuir mais alegria", sorri a baiana que agora tem mais história para a coleção.

Revezamento

Salvador teve programação especial durante todo o dia e um revezamento dividido em três trechos, passando pelos principais pontos turísticos da cidade e em bairros tradicionais, como o Chame Chame. Diferente do que vem acontecendo nas demais anfitriãs da tocha, o Centro Histórico inaugurou o trajeto, com direito à Olodum no Pelourinho, rapel no Elevador Lacerda, pulo no Mercado Modelo e no Forte de Monte Serrat, encerrando o primeiro momento com lavagem da escadaria na Basílica do Senhor do Bonfim e bênçãos dos Filhos de Gandhy.

Após um breve intervalo, a chama olímpica retornou na Avenida Paralela e seguiu pela orla na Avenida Otávio Mangabeira e Jardim Armação, onde foi recebida pelas apresentações da Quabales e Garampiola. Já no terceiro e último trecho a tocha passou pelo Dique do Tororó, ao lado da Arena Fonte Nova, com um passeio de remo, seguindo pela Avenida Centenária até o Farol da Barra, onde foi realizada a festa de celebração.

Foto: Francisco Medeiros/Ministério do Esporte

Boxe

O revezamento promoveu, ainda, um encontro histórico entre os pugilistas Acelino Popó e Esquiva Falcão. Vindo de Las Vegas, onde mora atualmente, só para conduzir a tocha, Esquiva disse não gostar de correr, mas admitiu que esse seriam os 200 metros mais felizes da sua vida. "Esse momento é de orgulho e felicidade por tudo que conquistei há quatro anos. Estar aqui me faz relembrar Londres e me sentir no Rio",confessa.

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Esquiva Falcão e Acelino Popó Freitas. Foto: André Mello/ Rio2016

Suando frio pouco antes de conduzir a tocha e sem esconder a ansiedade, Esquiva levou a chama olímpica ao tetracampeão mundial Popó, que não disfarçava a alegria. "Já subi no pódio num PanAmericano e é uma felicidade única você representar o seu país com as cores da bandeira e com a roupa escrita Brasil. Sinto o mesmo hoje", comemora. Popó conduziu o fogo até a cantora Daniela Mercury que percorreu os 200 metros do jeito que melhor faz, cantando e dançando.

Jogos Paralímpicos

De olho nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, Jeferson da Conceição, do futebol de 5, e Renê Pereira, do remo adaptado, estavam radiantes com o fato de conduzirem a tocha na Bahia. "Baiano é reconhecido pela sua felicidade. Todo o trajeto teve muita alegria dos condutores e do povo", lembra. Sobre o momento, ele disse ser muito especial . "Para nós que somos atletas e brasileiros, agora é aproveitar e extravasar toda nossa felicidade para na hora dos Jogos dar o melhor", planeja.

Se Jeferson estava ansioso para o revezamento, Renê se mostrou tranquilo até porque foi ele quem levou a tocha para dar um passeio no barco de remo no Dique do Tororó - outro cartão postal de Salvador. Recebida pela Bateria do Apaxes, a chama olímpica entrou na água com Renê pedindo a bênção dos orixás. "A sensação de ansiedade parece com o início de uma regata, dá aquele friozinho na barriga", conta o atleta paralímpico disse ter ficado muito feliz em representar sua modalidade e o povo baiano.

 

Fonte Nova nos Jogos Rio2016

Única cidade do Nordeste a receber o futebol nos Jogos Olímpicos, a Arena Fonte Nova terá dez partidas do torneio feminino e masculino, sendo todas rodadas duplas. A estreia de Salvador será no dia 4 de agosto com a partida entre México e Alemanha, uma das mais esperadas. Atuais campeões olímpicos, os mexicanos também venceram o Brasil na final dos Jogos de Londres 2012. Tem ainda uma grande expectativa em torno do dia 10 de agosto, quando a Seleção Brasileira joga contra a Dinamarca em busca do ouro inédito.

Brasil 2016

O maior legado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 será a nacionalização do evento e a tentativa de transformar o país numa potência do Alto Rendimento, com equipamentos, instalações e material distribuídos em todo território nacional. Salvador tem se tornado referência em algumas modalidades, com infraestrutura e equipe adequadas. Destaque para o Centro Pan-Americano de Judô (CPJ), o maior das Américas. Inaugurado em julho de 2014, com investimento do Ministério do Esporte, o centro tem uma área construída de 20 mil m² e toda estrutura necessária para receber atletas de outros países para treinamento, competições e até mesmo para aclimatação Jogos do Rio 2016.

Alguns convênios do Ministério com as Confederações permitiram a compra de equipamentos para o Judô, Taekwondo, Basquete , Lutas Associadas e Maratonas Aquáticas. Por fim, a cidade também foi contemplada com dois Centros de Iniciação ao Esporte.

Roteiro

A chama olímpica se despede de Salvador nesta quarta-feira (25.05) e segue para Feira de Santana, a cidade mais populosa do interior do Nordeste. O revezamento passa, ainda, por Riachão do Jacuípe e Capim Grosso até chegar em Senhor do Bonfim.

Lorena Castro e Lilian Amaral - brasil2016.gov.br