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Natação

08/08/2017 16h26

Natação

Ricardo Prado: “Acredito que o que aconteceu em 2016 não se repetirá em Jogos Olímpicos”

Medalhista olímpico e dirigente da CBDA avalia resultados do Mundial em relação ao desempenho no Rio, destaca maior maturidade da equipe e projeta medalhas em Tóquio

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Foto: Satiro Sodre/SSPress

Apesar de ter disputado um recorde de oito finais nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Brasil deixou a edição do ano passado sem subir ao pódio na natação em piscinas. Já um ano depois, os atletas faturaram cinco medalhas no Mundial de Budapeste, na Hungria, incluindo a prata no revezamento 4 x 100m livre, prova olímpica e com um tempo (3min10s34) que também teria rendido o segundo lugar no Rio 2016, atrás apenas da equipe norte-americana. O que mudou de lá para cá? Para o medalhista olímpico de Los Angeles-1984 e atual coordenador geral de esportes da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Ricardo Prado, os nadadores estão mais amadurecidos.

“Acho que a pressão de nadar em casa pegou o pessoal um pouquinho de surpresa. Eles amadureceram e estão mais relaxados agora, e mostraram realmente o que são capazes de fazer"
Ricardo Prado, ex-atleta, medalhista olímpico e gestor na CBDA

“Acho que foi uma reviravolta na natação brasileira, e espero que isso seja só o começo de um ciclo novo e que culmine em Tóquio, quem sabe com um número parecido de cinco medalhas”, avalia o gestor. “Acho que os atletas amadureceram, e aquela pressão de nadar em casa pegou o pessoal um pouquinho de surpresa. Eles estão mais relaxados agora, sem tanta responsabilidade, e mostraram realmente o que são capazes de fazer. Isso dá uma autoestima muito boa para eles nos próximos eventos, e acredito que o que aconteceu em 2016 não volte a acontecer em Jogos Olímpicos”, pondera.

Ricardo Prado fala com a experiência de quem já esteve dos dois lados do jogo. Estreante em Jogos Olímpicos com apenas 15 anos, na edição de Moscou, em 1980, e prata quatro anos depois nos 400m medley, o paulista de Andradina, hoje com 52 anos, coleciona ainda sete medalhas em Jogos Pan-Americanos e o ouro no Mundial de Guayaquil (Equador), em 1982. Aposentado das competições, mas não distante do mundo esportivo, Prado atuou nos comitês organizadores do Pan do Rio, em 2007, e dos Jogos Olímpicos de 2016, antes de assumir o posto na nova gestão da CBDA. E sabe bem a diferença entre ser atleta hoje e a realidade de alguns anos atrás.

“O mais interessante de ter sido atleta é ter vivenciado uma época bem diferente do que a gente vê hoje. Tinha muita coisa que a gente queria, que sentia que dava para melhorar, e hoje vejo que elas estão todas sendo atendidas”, compara. “Acredito que hoje é fácil e recompensador ser atleta de alto nível no Brasil. Vale a pena se dedicar para isso. Os atletas vivem hoje muito bem e têm um grande respaldo dos órgãos governamentais”, comenta. Ricardo Prado participou de um bate-papo ao vivo com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, na última sexta-feira (4.8), quando foi anunciado o novo edital do Bolsa Atleta.

Gestão do esporte

Nos últimos anos, Ricardo Prado assumiu uma função bem diferente das usuais braçadas na piscina, quando a preocupação maior era treinar e competir. “Eu achei que antes era difícil, mas descobri que ser gestor é mais difícil ainda”, brinca. Do outro lado, porém, ele também comemora conquistas, como a realização dos Jogos Olímpicos no Rio e a oportunidade de ajudar o esporte de uma nova maneira. “Foi muito legal, uma função que a gente fez com muito orgulho. A gente sabia que estava representando o Brasil diante dos olhos do mundo. Então é um aprendizado muito grande, um legado que fica de conhecimento também. Acho que a experiência de atleta ajudou bastante porque a gente sabia o que eles queriam”, conta.

Prado acredita que o legado material conquistado com os Jogos também mudou o alcance do esporte. “A gente recebeu uma grande quantidade de equipamentos que foram comprados para os Jogos e que agora foram direcionados para a CBDA. Esse material vai para as federações estaduais também, então isso vai chegar a muitos estados do Brasil”, comenta o gestor.

Piscinas usadas nas Olimpíadas, por exemplo, serão enviadas para Salvador (BA), Manaus (AM) e Guaratinguetá (SP), em um processo de doação realizado pelos ministérios do Esporte e da Defesa. A piscina destinada a Guaratinguetá será instalada na Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR), e teve o transporte concluído no mês de abril. Já as demais estão armazenadas no hangar do Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos, no Rio de Janeiro, com prazo para montagem no primeiro trimestre de 2018.

Em relação ao planejamento dos próximos passos da natação brasileira, Ricardo Prado destaca que o calendário de competições será feito a cada ano, até os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. “Em 2018 teremos o Pan Pacífico no Japão. A cada ano estamos sempre subindo um degrau, nos preparando e especializando, e 2020 vai chegar rápido”, acredita. Nesta terça-feira (8), tem início em Santos (SP) o Troféu José Finkel, com cerimônia programada para as 18h05 e a participação dos brasileiros medalhistas do Mundial de Budapeste.

Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br