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Natação

10/08/2016 18h55

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Refugiada síria se despede do Rio 2016 feliz com mensagem passada e mirando 2020

Yusra Mardini ficou pouco tempo dentro da piscina, mas se despede dos Jogos Olímpicos como uma das mais fortes histórias de superação e inspiração

Dois minutos, 13 segundos e 87 centésimos. Este foi o tempo que a síria Yusra Mardini passou dentro da piscina do Estádio Olímpico de Esportes Aquáticos nos Jogos Rio 2016. Pouco, quase nada, se comparado a outros famosos nadadores olímpicos que brigam por inúmeras medalhas no Brasil. Menos ainda em relação às mais de três horas que ela e a irmã Sarah passaram nadando pela vida no mar entre a Turquia e a ilha de Lesbos, na Grécia, para fugir da guerra que assola a Síria.

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Yusra Mardini: das braçadas pela vida na fuga da Síria à participação olímpica no Rio 2016. Foto: Clive Rose/Getty Images

O caso que chamou a atenção do mundo ocorreu há um ano, em agosto de 2015. Yusra e a irmã tentavam fazer a travessia entre a Turquia e a ilha grega em busca de refúgio. O meio de transporte era um bote, lotado com cerca de 30 pessoas, dos quais a maioria não sabia nadar. Quando o motor estragou, coube a Yusra, Sarah e outra mulher cair na água e empurrar o bote até o fim da jornada.

Um ano depois do episódio, Yusra Mardini chegou ao Rio para competir nos Jogos representando a equipe olímpica de refugiados. Uma experiência que pessoalmente não terminou do jeito que ela queria pelo lado competitivo, mas satisfatória em termos de passar uma mensagem a todos que passam pela mesma situação.

“Foi uma experiência incrível, eu adorei. Espero que os refugiados possam não ser mais refugiados e que eles tenham esperança em continuar seguindo seus sonhos depois de nos verem”, comentou Mardini nesta quarta-feira (10.08), após nadar sua segunda e última prova no Rio 2016, os 100m livre. Antes, ela tinha competido nos 100m borboleta.

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No Rio 2016, a jovem síria de 18 anos nadou os 100m borboleta e os 100m livre. Foto: Lars Baron/Getty Images

“Espero que nossa mensagem tenha rodado o mundo, pois muita gente está me mandando mensagens sobre o que eles estão fazendo em busca de seus sonhos e dizendo que sou ídolo deles agora. Então estou muito feliz, tenho uma responsabilidade real”, afirmou a nadadora síria, hoje vivendo na Alemanha.

Depois de terminar os 100m borboleta na 41ª posição com o tempo de 1m09s21, Yusra se despediu dos Jogos Olímpicos com a modesta 45ª colocação nos 100m livre nesta quarta-feira. Ao fim da prova, a síria teve seu momento de Michael Phelps no Rio 2016. Afinal, toda a imprensa queria ouvir o que ela tinha a dizer após sua primeira participação olímpica.

Embora tenha ajudado a passar sua mensagem para o mundo, a jovem Mardini acabou sendo afetada por toda a atenção recebida e disse que não teve o desempenho que gostaria. “Foi estressante. Eu estava pensando muito na prova, o que me fez ir mal. Acho que pensei demais”, explicou Yusra, que espera voltar a competir em Tóquio 2020. “Vou continuar minha jornada e continuar nadando. Espero não só ir aos próximos Jogos como não nadar tão devagar. Quero uma medalha, então tenho muito trabalho a fazer.”

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Mardini quer voltar a competir nos Jogos de Tóquio 2020 e alcançar um melhor resultado. Foto: Clive Rose/Getty Images

Vagner Vargas, brasil2016.gov.br