Quer pedalar em uma instalação olímpica? Saiba o que é preciso fazer para utilizar o Velódromo do Rio

Bradley Wiggins, Mark Cavendish, Jason Kenny, Elia Viviani, Gideoni Monteiro, Lauro Chaman, Anna Meares, Kristina Vogel e... Você! Não é preciso ser medalhista ou atleta olímpico ou paralímpico de alta performance para treinar na pista de ciclismo mais rápida do planeta. Desde o início do mês de maio, o Velódromo do Parque Olímpico da Barra tem horários disponíveis para os interessados em praticar o esporte em uma instalação que encantou os aficionados por bicicletas durante os Jogos Rio 2016.

O Velódromo está sob gestão da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), que cedeu a pista de treino à Federação Estadual de Ciclismo do Rio de Janeiro (FECIERJ). "Para treinar aqui no Velódromo, é preciso estar filiado e possuir carteira válida de alguma federação estadual de ciclismo do país e utilizar bicicleta para ciclismo de pista", afirma o presidente da AGLO, Paulo Márcio Dias Mello. "Por enquanto, cada pessoa tem que trazer a própria bicicleta, mas já temos entendimentos com a Confederação Brasileira de Ciclismo para doações de bicicletas para que o atleta federado possa experimentar a pista", acrescenta.

Foto: Francisco Medeiros/ME

"Se a pessoa ainda não possui experiência em pedalar em velódromos, o interessado passa por uma clínica rápida, oferecida uma vez por mês pela FECIERJ", explica Antônio Ferreira, responsável pelo treinamento dos novos ciclistas. O agendamento para a clínica pode ser feito pelo site www.fecierj.org.br
"Nessa aula, a lição principal é o comportamento na pista, pois é diferente do ciclismo de estrada. A utilização da bicicleta também é diferente. Ela não tem freios e possui pinhão fixo, sem marchas", acrescenta Ferreira.

O Velódromo está aberto para treinos às terças e quintas, entre 16h e 21h; e aos sábados, das 14h às 18h. O local conta com estacionamento, seguranças, sala para guardar bicicletas e banheiros. "Estamos nos ajustando para ampliar esses horários e providenciarmos infraestrutura completa", conclui Ferreira.

Rio Bike Fest

O Velódromo Olímpico recebeu, neste sábado (27.05), o primeiro dia de competições do Campeonato Estadual de Ciclismo de Pista do Rio de Janeiro. O evento faz parte do Rio Bike Fest e marca, também, a reabertura da instalação esportiva que recebeu os melhores ciclistas do mundo durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Quase 120 atletas se inscreveram para o torneio, que, devido à reinauguração da pista, abriu a possibilidade de participação de federados de outros estados. Neste primeiro dia, foram disputadas as primeiras provas e classificatórias de perseguição individual 4km, 1000m e 500m contrarrelógio, keirin e omnium.

A maior estrela da pista carioca é Gideoni Monteiro, único brasileiro a disputar provas no Velódromo nas Olimpíadas de 2016. "Quando eu subi a rampa para entrar aqui e iniciar os treinos de sexta, revivi todas as emoções que senti nos Jogos Olímpicos", disse Gideoni Monteiro. "Fiquei em 13º lugar, mas vimos que havia muita coisa que pode ser melhorada. Uma instalação desse nível aqui, com certeza, vai ajudar os próximos ciclos. Que em 2020 e em 2024, o Brasil tenha não somente um atleta na pista, mas vários!", acrescentou o ciclista.

Outro competidor com experiência em competições internacionais a rodar neste sábado no Rio é Lauro Chaman. Nesse mesmo velódromo, ele quase subiu ao pódio – terminou em quarto na perseguição individual classe C5 durante os Jogos Paralímpicos Rio 2016. Pouco depois, subiu duas vezes ao pódio nas provas de estrada, conquistando uma prata e um bronze – as primeiras medalhas em Paralimpíadas do ciclismo brasileiro na história.

"Estar de volta aqui é muito gratificante, pois me lembro de ter sido o dia mais feliz da minha vida. Estrear em uma Paralimpíada, no meu país, foi inesquecível", lembra Lauro, que neste domingo também disputará as provas junto com os atletas convencionais.

De acordo com o técnico da seleção brasileira de ciclismo, Emerson Silva, a reabertura do velódromo denota um novo rumo para o ciclismo brasileiro. "O Velódromo vai fazer toda a diferença. Hoje estamos dando aqui o pontapé inicial de um novo ciclo. Temos aqui vários jovens atletas começando. Eles terão oportunidade que a geração anterior não teve, de treinar em velódromo de qualidade, onde podemos desenvolver a realidade do ciclismo mundial", afirmou Emerson Silva, técnico da seleção brasileira de ciclismo, que acompanha de perto o evento no Rio. "Nosso projeto é captar talentos do ciclismo de base em vários estados e, em seguida, podermos trazê-los para treinarem neste centro aqui. O projeto vai desde escolinha de iniciantes até o alto rendimento, pois vai ser muito importante o atleta jovem poder assistir, logo após o seu treino, aos ciclistas mais experientes. Eles podem ver que é possível chegar em uma Olimpíada e pensam: 'é lá que eu quero chegar'" .

Emerson ressalta que, mesmo tendo uma pista nova à disposição, a vida dos brasileiros nas pistas não vai ser mais fácil em âmbito mundial. Ele explica que, para classificar equipes e atletas individualmente para as Olimpíadas, é preciso obter pontuação em provas do circuito internacional – que, majoritariamente, são realizadas na Europa. "Temos poucas competições Classe 1, que são as de primeiro nível. No caso da Omnium, que é a prova do Gideoni, os melhores 24 atletas das provas Classe 1 disputam as quatro Copas do Mundo. E os 21 melhores das Copas do Mundo se classificam para o Campenato Mundial. Ou seja, podemos estar treinando aqui, mas ainda teremos de competir muitas vezes lá fora", resume o treinador.

Crianças de comunidades de Brás de Pina, Morro Branco, Santa Maria, Arará e Anchieta visitaram o velódromo neste sábado. Elas também participaram de ações anteriores do projeto Brincando com o Esporte, da Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (SNELIS), do Ministério do Esporte. Foto: Francisco Medeiros/ME

Finais e passeio no domingo

O Rio Bike Fest segue neste domingo, com a continuação das provas do Campeonato Estadual de Ciclismo de Pista do Rio de Janeiro, a partir das 9h, no Parque Olímpico da Barra. No mesmo horário, será realizado um passeio ciclístico de 20km pela Barra da Tijuca, com início na área externa do Velódromo Olímpico. Ao fim do passeio, uma feira de produtos ciclísticos, foodtrucks e apresentações de BMX freestyle estarão à espera dos amadores – além da possibilidade de conhecerem o interior da instalação.

Do Rio de Janeiro, Abelardo Mendes Jr - brasil2016.gov.br