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30/07/2016 10h48

Revezamento da Tocha

Petrópolis coroa passagem da tocha olímpica

A sete dias para os Jogos Olímpicos Rio 2016, a Cidade Imperial voltou a atenção para a chama olímpica; tataraneto de Dom Pedro II foi um dos condutores da tocha

As ruas estavam cheias desde cedo, excursões escolares, famílias, namorados passeando em charretes, todos querendo um pouco das muitas histórias das ruas de Petrópolis. Fundada por um decreto do imperador Dom Pedro II, em 1843, o município era o destino preferido do Imperador em seus momentos de lazer, além de ser a sede do governo durante o verão. Nesta sexta-feira (29.07), a Cidade Imperial coroou mais um símbolo da antiguidade, mas agora no presente: a chama olímpica.

Foram pouco mais de oito quilômetros percorridos pelas mãos de 40 condutores, entre famosos, petropolitanos anônimos e atletas, em ruas que contam muito da história da cidade e do Brasil. A Cidade de Pedro (junção das palavras do latim Petrus e do grego Pólis, cidade) se preparou toda para o momento e fez uma grande festa durante todo o percurso que começou no Palácio de Cristal, com o ex-nadador Jorge Fernandes, bronze no revezamento 4x200m livre nas Olimpíadas de Moscou, em 1980. A estrutura pré-moldada em ferro, presente do Conde D'Eu para sua mulher, a Princesa Isabel, foi inaugurado em 1884 e em abril de 1888, com a presença da própria princesa, testemunhou a libertação dos últimos escravos de Petrópolis.

 

O fogo seguiu em direção à Praça da Liberdade, passando antes pela Fábrica da Bohemia, que foi a primeira cerveja pilsen produzida no Brasil. Na praça, coube ao designer Frederico Gelli a responsabilidade de conduzir a chama. "Mistura de sentimentos e estímulos muito maluca", disse ele ao explicar que passaria em frente a casa que seus avós moraram. Natural de Petrópolis, Fred vem de uma família de empreendedores e criativos, como ele mesmo conta. "Meu bisavô desenhava móveis, ele tem patente da primeira cadeira feita no Brasil. Então hoje estou homenageando especialmente meu avô, José Felipe Gelli, que me inspirou a começar a desenhar", dedica.

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Pedro Carlos de Bourbon de Orléans e Bragança é tataraneto de Dom Pedro II. Foto: Francisco Medeiros/ brasil2016.gov.br

A família Gelli se mudou da Itália para Petrópolis há 150 anos, onde fundaram lojas e empresas. Fred manteve a tradição criativa da família e mais de um século depois, o designer foi responsável pela criação das marcas do Rio 2016, em 2010. Ele diz que na época recebeu uma missão e hoje a sensação é de dever cumprido. "Ouvi que essa marca tinha que se manter atual até 2016 e a gente conseguiu", orgulha-se. Para Fred, a realização maior, na verdade, vem do reconhecimento do próprio brasileiro. "Melhor do que ter um trabalho exposto num nível que é incomparável, é ver que as pessoas gostam da marca, que elas se sentem representadas", fala ele.

A chama seguiu pela rua histórica de casarões e passou pela Catedral São Pedro de Alcântara, conduzida por Dom Gregório Paixão, até chegar ao Museu Imperial. Construído com recursos pessoais de Dom Pedro II, o palácio que foi abrigo de longas temporadas da família real até a Proclamação da República, em 1889, testemunhou mais um momento único em sua história. O tataraneto do imperador, Pedro Carlos de Bourbon de Orléans e Bragança, recebeu o fogo ao lado da estátua que homenageia o monarca.

Natural de Petrópolis, Pedro Carlos disse estar emocionado com a oportunidade. "É um momento muito especial para a região. E carregar a chama é, sem dúvida, muito especial para mim também", contou. O local do beijo da chama, em frente ao palácio onde ainda está a coroa de Dom Pedro II, também foi bem simbólico. "Estar aqui, na casa dele, que ele projetou para ser sua casa quando governava no verão. É muito significativo. Ele, como um visionário, estaria muito feliz com essa história toda, com certeza lá de cima ele está nos vendo", crê.

Para Pedro Carlos, o fato de carregar o sobrenome da família real é uma questão de responsabilidade. "É um dever de honrá-lo. Agora o prazer e orgulho do sobrenome não, mas o prazer e orgulho dos antepassados que fizeram esse país, na realidade, sim", admite.

Na sequência do revezamento, outro homenageado foi o petropolitano Claudionor de Matos, "seu Nonô". Ele não tem vínculos com a família real, mas é figura conhecida e querida pela cidade. No dia de participar do revezamento, ele completou 81 anos. Com direito à parabéns e confetes na hora de receber a chama, seu Nonô, que já correu 21 maratonas, brincou sobre o percurso. "Só 200 metros não dá pra cansar", sorriu.

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Fátima Bernardes. Foto: Francisco Medeiros/ brasil2016.gov.br

Durante todo o percurso, a população fazia festa com palmas e gritos. Na reta final da rota, a névoa ou russo, como o petropolitano costuma falar, impedia de ver qualquer coisa a mais de um palmo dos olhos, mas isso não impediu que o público permanecesse firme e forte ao lado dos condutores. Os últimos 200 metros ficaram por conta da jornalista Fátima Bernardes, que conduziu a chama até o palco montado na lateral do Palácio Quitadinha. "Trabalhei em seis edições de Jogos Olímpicos, mas o que senti aqui com vocês é diferente" disse ela após acender a pira olímpica.

Coroação

A secretária de Esportes e Lazer do município, Maria Elisa Peixoto da Costa Badia, acredita que a cidade está vivendo um dia histórico. "Vou me despir um pouco de modéstia e dizer que Petrópolis vai coroar este momento. Com essa passagem aqui, a uma semana da abertura dos jogos olímpicos, a gente está coroando, simbolizando, talvez, a coroa imperial", remete à história da própria cidade. Para ela, o município sabe da importância do esporte na rotina das pessoas. "Ao longo dos últimos anos a gente conseguiu garantir, inclusive, de forma bem democrática o acesso da população a todo tipo de prática esportiva", comemora.

Revezamento da tocha - Petropolis

Rota deste sábado

A chama olímpica continua na região serrana fluminense neste sábado (30.07), passando por Teresópolis, Guapimirim e Cachoeiras de Macacu até chegar a Nova Friburgo, cidade que recebe a celebração do dia. Ao todo serão 133 condutores e o comboio vai percorrer 155 quilômetros, incluindo o deslocamento.

Lilian Amaral - brasil2016.gov.br