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Geral

30/06/2016 09h20

Passagem da chama olímpica por Maringá mostrou um pouco da festa que o público verá nos Jogos Rio2016

Atletas e alunos de várias modalidades se uniram durante o revezamento na Vila Olímpica da cidade e encantaram os participantes

Uma pequena amostra de como o Brasil é apaixonado por esportes foi o que mostrou a passagem da tocha olímpica por Maringá (PR) nesta quarta-feira (29.06). Com a participação de 39 condutores, um misto de euforia e comoção marcou a passagem da chama pela cidade. Com direito a corrida no velódromo, travessia na piscina e volta na pista de atletismo, o público sentiu um gostinho de como será a chegada da tocha ao Rio de Janeiro no dia 5 de agosto.

A quarta-feira parecia um domingo ao ar livre para os maringaenses. Um multidão de pessoas se concentraram nas ruas e na Vila Olímpica para ver de perto a chegada da chama. O revezamento da tocha não foi voltado apenas para os condutores escolhidos pelo Comitê Rio2016 ou pelos patrocinadores do evento. Os esportistas, os professores de várias modalidades, os alunos e a comunidade também puderam participar de vários trechos do percurso.

Um corredor de gente foi montado para receber o comboio. Na Avenida Colombo, o ex-jogador de vôlei João Ribeiro, o "Kiko", foi recebido pelos alunos do Projeto Amavolei de Maringá que ajudou a revelar talentos como Ricardinho, Giba e Lipe. Radiante, Kiko correu para a Vila Olímpica e foi recebido por Gabriela Yumi. Especialista em ciclismo de pista, a atleta da Seleção Brasileira conduziu a chama no velódromo, em cima da sua bicicleta, diante do Clube Maringaense de Ciclismo. Em seguida, Yumi desceu a pé em direção a piscina da Vila, onde passou a chama para a professora de natação Farida Okuhara que atravessou nadando de uma ponta a outra enquanto os alunos formavam uma grande raia dentro da água.

Gabriela Yumi, da seleção brasileira de ciclismo de pista, conduziu a chama no velódromo, diante do Clube Maringaense de Ciclismo. Fotos: Lorena Castro/ brasil2016.gov.br

Eufórico, o atleta-guia Guilherme Santana pulava, corria e acenava para o público ao conduzir a tocha até o palco montado no centro do Estádio Regional Willie Davids. Os 200m pareceram mais longos, com diversas paradas para fotos e cumprimentos durante a volta olímpica na pista de atletismo. "É surreal esse momento. Estou muito feliz em representar essa cidade que escolhi para viver", festejou. Para o velocista, esta é uma boa oportunidade para alavancar os investimentos em esporte na região. "A cidade é um grande celeiro de atletas. Com a passagem da chama aqui espero que tenhamos mais apoio para investir nos atletas", desejou.

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Guilherme só começou a treinar aos 23 anos, em 2006, quando iniciou o curso de educação física no Centro Universitário de Maringá (Cesumar). "Eu gostava de viajar e vi no esporte a chance para ir para outros lugares. Mas logo na primeira competição, nos Jogos Universitários do Paraná, ganhei medalha e fui convidado para treinar no alto rendimento", lembra. O auxiliar técnico Marcel Augusto era o responsável pela preparação de alguns atletas na época, entre eles a Terezinha Guilhermina, e foi ele quem apresentou os dois em 2010. "O mundo paralímpico abriu muitas portas, além de viajar, que era meu objetivo inicial. Eu e a Terezinha conseguimos bons resultados, duas medalhas de ouro nas Paralimpíadas de Londres 2012 e seis recordes mundiais, entre eles um que nos mantém no Guiness Book", contou ao falar sobre a prova de 100m rasos em Londres. O tempo de 12s01 rendeu para Terezinha o ingresso no livro dos recordes como a cega mais rápida do mundo.

Após cinco anos de parceria, por decisão técnica, Guilherme deixou de acompanhar a Terezinha e agora treina com a também velocista Jerusa Geber. Os resultados já começam a aparecer, como o melhor tempo do mundo em 2016 nos 100m (T11) com a marca de 12s12 no último dia 25, na abertura da primeira etapa nacional do Circuito Loterias Caixas de Atletismo e Natação, no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. "Estamos treinando muito e nos preparando para os Jogos. Já conseguimos boas marcas. Não sei quem está mais feliz, eu ou ela", concluiu.

Guilherme foi guia de Terezinha Guilhermina e, agora, compete com Jerusa Geber. Fotos: Lorena Castro e Francisco Medeiros/ brasil2016.gov.br

Revezamento

Os sete quilômetros do percurso, que começou na avenida Gaspar Ricardo, foram cheio de emoções e surpresas, com direito à quebra de protocolo, com a participação do maratonista Vanderlei Cordeiro. Ele já tinha conduzido a tocha em Brasília e foi para a rua prestigiar o ex-treinador Ricardo D'Angelo, mas acabou participando de novo e percorreu o trecho lado do mestre e amigo. O beijo da tocha de Ricardo foi com o ex-diretor técnico da Federação Paranaense de Handebol, Decio Calgari, também amigo de Vanderlei, que continuou no revezamento por mais 200m.

Vanderlei só deixou o comboio quando Calgari passou o fogo para o empreendedor social Gustavo Rocha, ainda no centro da cidade. Idealizador do projeto O Casulo Feliz, que já existe há 30 anos, Gustavo explica que a ideia surgiu baseada em três pilares: sustentabilidade, responsabilidade social e viabilidade econômica. "Nunca imaginamos chegar onde estamos. Vendemos para grandes marcas brasileiras como Osklen, Animale e Cantão só por causa do nosso diferencial", afirmou. Para o diretor do projeto, ele não estava conduzindo essa tocha sozinho. "Todos que fazem parte dessa história estão comigo aqui hoje. A chama é o Casulo Feliz, por trazer novidades, mudanças. Se ela falasse desejaria um planeta mais verde", disse.

Gustavo e Ricardinho, em frente à Catedral de Maringá. Foto: Francisco Medeiros/ brasil2016.gov.br

Gustavo passou a chama para o campeão olímpico em Atenas-2004 e atual levantador do time de vôlei de Maringá, Ricardinho. O beijo da tocha foi em frente à Catedral Basílica de Maringá, a mais alta da América Latina. O jogador disse estar muito orgulhoso em participar de mais uma Olimpíada, desta vez como condutor da tocha. "É uma marca que ficará registrada na minha carreira e no esporte", afirmou o ex-capitão da Seleção Brasileira de vôlei. Depois de representar o país em Atenas e Londres-2012, o atleta descreveu como é carregar a chama no Brasil. "Nunca passou pela minha cabeça que o país pudesse sediar uma Olimpíada. Muito menos que eu estivesse participando do revezamento. É uma sensação única e inesquecível", contou.

Antes de voltar ao Brasil, Ricardinho ficou por seis temporadas jogando na Itália, mas preparou o seu retorno à Maringa. "Trouxe esse projeto de vôlei para a cidade. Foi aqui que conheci minha esposa e onde as minhas filhas nasceram. Era um sonho antigo. Hoje temos uma estrutura de primeiro mundo com o ginásio da Vila Olímpica e já estamos a caminho da nossa quarta temporada na Superliga", destaca o atleta de 41 anos, que pretende se aposentar no projeto.

Além do ouro em Atenas, Ricardinho tem ainda uma prata em Londres-2012 e dois campeonatos Mundiais. O levantador disse que a chegada dos Jogos no Rio gera um turbilhão de emoções. "Só consigo lembrar agora do Giovane comentando com a gente em 2004 que, com a conquista do ouro, a Olimpíada ia continuar seguindo nós jogadores por muito tempo. Ele tinha sido campeão em Barcelona e agora vejo que é verdade. A Olimpíada de Atenas acabou ali, mas essa chama olímpica continua acompanhando a gente", revela. Sobre os Jogos no Brasil, Ricardinho terá uma nova função: será comentarista na Rede Record e mais um torcedor da Seleção.

Revezamento da Tocha - Maringá

Rota desta quinta-feira

A chama olímpica continua no Paraná nesta quinta-feira (30.06) e chega à tríplice fronteira Brasil-Argentina-Paraguai, em Foz do Iguaçu. Antes, a chama passará por Matelândia, Medianeira, São Miguel do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu. Ao todo, serão cerca de 140 condutores, em um percurso de 170 quilômetros, incluindo deslocamento.

Lilian Amaral e Lorena Castro - brasil2016.gov.br