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13/01/2019 17h07

Skate

O título mundial que escapou de Letícia Bufoni por um décimo na Arena Carioca

Skatista paulista chegou a celebrar o título da Liga Mundial após seu último salta, mas manobra da japonesa Aori Nishimura virou o jogo deixou a brasileira com o vice

Uma super comemoração de título que contagiou a Arena Carioca 1 seguida de um anticlima com um quê de frustração. As duas últimas manobras da final feminina da Liga Mundial de Skate Street geraram emoções antagônicas no público do Parque Olímpico e, em especial, na paulista Letícia Bufoni, de 25 anos. Quando acertou com estilo e precisão a manobra no obstáculo central da arena em sua última tentativa, Bufoni recebeu uma nota 9 que ela, e a torcida, entenderam como suficiente para valer a medalha de ouro no principal torneio do skate profissional mundial. Letícia comemorou no topo da pista, saiu pela lateral, abraçou familiares e amigos e foi até jogada para cima.

Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

"É até meio difícil explicar. Na minha cabeça, o nove seria suficiente para o primeiro lugar. A manobra que ela fez já tinha feito antes, então não achei que ia render uma nota tão alta. Então me pegou de surpresa, eu realmente não estava preparada"
Letícia Bufoni

O problema é que a competição não tinha, ainda, acabado. Faltava um último salto da talentosa japonesa Aori Nishimura, de 17 anos. Ela precisava conquistar ao menos uma nota 8,5 para superar Letícia. Desceu a rampa, optou pelo obstáculo central e repetiu uma manobra que já havia executado. A nota? Exatamente 8,5. Com isso, Nishimura comemorou o título mundial com 32.6 pontos acumulados, contra 32.5 de Bufoni, que ficou com a prata. O pódio foi completado pela americana Lacey Baker.

"É até meio difícil explicar. Na minha cabeça, o nove que fiz seria suficiente para o primeiro lugar. A manobra que ela fez já tinha feito antes, então não achei que ia render uma nota tão alta. Então me pegou de surpresa, eu realmente não estava preparada. Mas é isso, a gente aprende diante das circunstâncias", afirmou, ainda bem chateada, Letícia Bufoni.

Pouco depois, ela fez uma avaliação mais técnica de sua performance. "Apesar de não ter pego o primeiro lugar, que era o que mais queria, eu estou feliz com a minha performance. Acho que isso é o mais importante. Consegui fazer tudo o que queria, tudo o que planejei. Infelizmente não foi suficiente para o primeiro lugar, mas é isso. É ir com ainda mais força para a próxima etapa e tentar de novo", afirmou a brasileira, que é integrante da categoria pódio, a mais alta do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

Nishimura, por sua vez, celebrou a prova consistente que fez, com quase todas as notas nas sete tentativas superiores a 6,5, e a capacidade de ter resistido ao clima de título que se instalou na Arena Carioca 1 antes da última de suas sete descidas.

Manobra que deu o título a Nishimura e Letícia em ação. Fotos: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

"Tinha muita pressão na última manobra por causa do nove da Leticia, mas acreditei em mim e não pensei em nada na hora, só que poderia fazer bem. Busquei a que dava mais pontos e deu certo. Foi um sonho ganhar aqui. Mostrei o meu melhor e estou feliz de verdade. Mal posso acreditar", afirmou Nishimura.

"Tinha muita pressão na última manobra por causa do nove da Leticia, mas acreditei em mim e não pensei em nada na hora, só que poderia fazer bem. Busquei a que dava mais pontos e deu certo"
Aori Nishimura 

Ainda que o Japão seja a sede dos Jogos Olímpicos que vão marcar a estreia do skate no programa em 2020 e que o torneio no Rio seja o primeiro a contar pontos para definir os classificados para Tóquio, Nishimura diz não estar com o pensamento voltado para isso ainda. "Na verdade não penso ainda sobre as Olimpíadas, que vão ser no meu país. Por enquanto, estou focada na Street League e no X- Games, mas não nego que ter chance de disputar os Jogos é sempre a realização maior de um atleta", completou.

Quatro entre as oito

Outras três brasileiras disputaram a final da Liga Mundial, com destaque especial para Virgínia Fortes Água. A adolescente de 12 anos, natural de Niterói, acabou com a quinta posição, com um somatório de pontos de 23,40. As paulistas Pâmela Rosa (23.30) e Karen Feitosa (15.10) vieram na sequência, em sexto e sétimo.

Virgínia ainda não tem a estrutura física para executar manobras aéres de grande altitude e agressividade, mas mostrou tanto na semifinal quanto na decisão uma consistência impressionante, executando quase todas as manobras a que se propôs com qualidade.

Virgínia Fortes: 12 anos de idade e na quinta colocação do torneio mundial. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

"Mandei tudo do jeito que queria. Errei só uma manobra. Participei de uma final que nunca imaginei estar e no Brasil. As meninas realmente mandaram manobras mais difíceis, o quinto lugar está bom demais", afirmou Virgínia.

Pâmela acabou não acertando nas horas mais estratégicas algumas manobras que tinha planejado, mas ainda assim gostou da performance. "Vamos que vamos que tem mais campeonatos este ano, com Street League, X-Games e STU no Brasil", disse a atleta.

Gustavo Cunha, do Rio de Janeiro - rededoesporte.gov.br