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Tiro com arco paralímpico

12/09/2016 13h22

Tiro com arco

No tiro com arco por equipes mistas, Brasil perde por dois pontos para a Turquia e está fora da semifinal

Disputa no Sambódromo marcou a estreia de Jane Karla e Andrey Castro nas Paralimpíadas do Rio. Depois de duas participações nos Jogos no tênis de mesa, a goiana se emocionou ao competir em um novo esporte

O Brasil disputou, na manhã desta segunda-feira (12.9) e sob um forte sol no Sambódromo, as quartas de final por equipes mistas do tiro com arco composto nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. A dupla formada pelo paranaense Andrey Muniz de Castro e pela goiana Jane Karla Gogel enfrentou o time da Turquia, país com grande tradição na modalidade e que nas Paralimpíadas de Londres 2012 conquistou 10 medalhas neste esporte (1 ouro, 5 pratas e 4 bronzes).

Jane Karla efetua um disparo no Sambódromo: caminhada no novo esporte que a levou até as emoções desta segunda-feira começou, para valer, em 1º de janeiro de 2015. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Ao final, a arqueira Handan Biroglu e seu companheiro de time, Bulent Korkmaz, vice-campeão mundial por equipes em 2015, derrotaram o Brasil por dois pontos de diferença (147 x 145) e garantiram a vaga para as semifinais. As Paralimpíadas no Rio não terminaram para Andrey e Jane Karla. O primeiro compete no individual na quarta-feira (14.9) e Jane faz o mesmo na sexta-feira (16.9).

Do tênis de mesa para o tiro com arco

Aos 41 anos, a atleta de Aparecida de Goiânia Jane Karla estava muito emocionada após sua estreia no tiro com arco nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. E não era para menos. Os planos iniciais eram disputar as Paralimpíadas em casa no tênis de mesa, seu esporte de origem e aquele no qual ela viveu por duas vezes as emoções dos Jogos (Pequim 2008 e Londres 2012).

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Jane observa o tiro de seu companheiro Andrey Castro: dupla quer trabalhar para chegar mais forte em Tóquio 2020. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Entretanto, uma segunda reviravolta em sua vida – Jane contraiu poliomielite com 3 anos, o que prejudicou os movimentos das pernas – a fez descobrir um novo esporte. “Eu era uma das atletas no tênis de mesa com vaga já garantida para Toronto (para os Jogos Parapan-Americanos de 2015). Então eu tinha chance para o Rio 2016. Mas eles (da confederação) queriam que eu mudasse de cidade, que deixasse minha família e fosse para São Paulo. E isso pesou muito, porque passei por momentos difíceis com a minha família. Eu tive um câncer de mama e então a gente sofreu, a família toda. Então eu decidi não abandonar a minha família. Aí eu desisti de um esporte por amor à família e fui procurar um outro que tivesse lá na minha cidade e que eu pudesse fazer. Corri atrás para garantir vaga de novo e graças a Deus estou aqui”, resumiu Jane, que desde 1º de janeiro de 2015 se dedica integralmente ao tiro com arco.

Por tudo isso, apesar de disputar sua terceira Paralimpíada, ela se sentiu uma novata nesta segunda-feira. “Eu sou estreante aqui, apesar de já ter participado de duas Paralimpíadas, mas aqui nesse esporte eu estou aprendendo e está sendo tudo novo para mim”.

Jane contou que tudo tem sido novidade no Rio. Até mesmo a maneira como ela, agora, tem que se conter entre os pontos é diferente. “É tudo novo para a gente, com a participação do público e do público brasileiro, porque a gente só participa (das competições) fora, né? Essa sensação de estar com todo mundo próximo é muito boa. Quando eu estava ali (competindo), a vontade era de estar o tempo todo gritando “Êêêê”. Quando eu fiz os dois 10 eu pensei: ‘Nossa!’”, contou, sorrindo.

“No tênis de mesa a gente tinha outra forma de extravasar a adrenalina. Você grita, comemora. Aqui, não. Eu tenho que engolir tudo. O coração está acelerado, o braço está tremendo... A sensação é boa e difícil ao mesmo tempo”, detalhou.

Sobre seu próximo desafio, na sexta-feira (16.9), Jane disse que espera estar mais tranquila para manter a concentração o tempo inteiro. “Agora é preparar mais e contar com o individual. Acho que tenho que manter esse ritmo. Nós estamos atirando bem, a equipe está bem e é detalhe. É concentrar e ter bastante foco”, encerrou a arqueira.

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Andrey Castro e Jane Karla agradecem o apoio e o carinho da torcida: tudo muito diferente e mais gostoso do que as competições fora do Brasil. Foto: André Motta/brasil2016.gov.br

Elogios do estreante

Andrey, que sofreu um acidente de carro quando tinha 10 anos e perdeu os movimentos das pernas, também falou sobre a experiência de disputar os Jogos Paralímpicos pela primeira vez.

“A prova foi boa. A gente teve um combate excelente, mas no finalzinho acho que a adrenalina e o nervosismo tomaram conta um pouquinho. Mas é isso aí. Vamos partir para o próximo, vamos treinar mais e em 2020 quem sabe a gente está lá”, analisou o arqueiro, de 23 anos.

Andrey fez elogios ao Rio 2016 e destacou a importância do trabalho dos voluntários. “A organização está excelente e a gente não tem do que reclamar. Está tudo bem organizado, não tivemos problemas com nada até o momento e estão de parabéns todos os que fazem parte dessa organização, em especial os voluntários. Se não fossem eles isso aqui não aconteceria”, ressaltou.

Apesar de ser estreante nos Jogos, Andrey tem experiência em grandes competições internacionais. Mas depois do que viveu ao defender o país em casa nas Paralimpíadas ele já sabe que nada se iguala à emoção que experimentou no Sambódromo.

“É minha primeira participação em Paralimpíadas, mas já participei de Parapan, de Mundial... Mas aqui a energia é diferente. É uma energia muito grande. É gostoso viver isso e acho que é essa é a experiência que eu vou levar para Tóquio 2020. Agora estou no individual, no dia 14. Meus adversários são fortes, eu treinei bastante, e vamos ver o que vai dar”, finalizou Andrey.

Galeria de fotos (disponíveis para uso editorial gratuito, desde que creditadas para André Motta/ brasil2016.gov.br)

Tiro com Arco - Jogos Paralímpicos Rio 2016 - 11.09.2016

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br