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Toronto 2015

08/08/2015 13h45

Toronto 2015

Ouro de Maria Rizonaide no halterofilismo é a primeira medalha do Brasil no Parapan

Brasileira disputou a categoria até 50kg e atingiu a marca de 73kg. No masculino, Luciano Dantas ficou com o bronze depois de levantar 138kg

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O Hino Nacional do Brasil foi ouvido pela primeira vez nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto na manhã deste sábado (08.08). Maria Rizonaide da Silva, do halterofilismo, conquistou a medalha de ouro após levantar 73kg e superar cinco adversárias, incluindo a atual dona do recorde parapan-americano (87kg), a mexicana Rosaura Rodriguez, que ergueu 65kg e terminou com a terceira colocação. A prata ficou com a colombiana Nohemi Carabali (67kg).

Estreante no torneio continental, Rizonaide perdeu o pai há 20 dias. "Essa medalha representa o Brasil, meu pai, meus amigos e todas os brasileiros que estão aqui", disse, emocionada, após a conquista, admitindo que não chegou tranquila para a disputa. "Eu estava nervosa. Ontem nem consegui dormir, tive pesadelo, mas hoje dei o meu sangue, tudo de mim", contou.

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Fotos: Daniel Zappe/MPIX/CPB

A atleta, que tem acondroplasia (nanismo), sobrou na competição, liderando a prova desde a primeira tentativa, quando ergueu 71kg. A adversária com a marca mais próxima foi a mexicana Rosaura Rodriguez (65kg). Na segunda rodada, a brasileira tentou os 73kg, mas sem sucesso. Ainda assim, continuou à frente das demais. Quando chegou para a terceira etapa, com todas as rivais tentando, sem sucesso, novas marcas, Rizonaide apenas confirmou a vitória ao erguer os mesmos 73kg. Agora, a meta da brasileira é subir a sua marca para 80kg.

Outra medalha para o Brasil no halterofilismo foi conquistada por Luciano Bezerra Dantas, o Montanha, na prova que reuniu as categorias -49kg e -54kg. Depois de levantar 138kg na primeira rodada, o brasileiro não conseguiu avançar nas tentativas de 141kg e 146kg, terminando com a medalha de bronze. O ouro ficou com o chileno Jorge Cardenas (148kg) e a prata, com o cubano Cesar Guerra (140kg).

"Treinei o dobro para chegar onde cheguei. É uma honra, um orgulho e um peso muito grande representar a nossa nação", comemorou Luciano, também estreante na competição. Outro brasileiro na disputa, Gustavo Tavares tentou três vezes levantar 120kg, mas sem sucesso.

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Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB

Melhor campanha em Parapans

O objetivo da equipe é superar a campanha do Rio de Janeiro-2007, quando o país conquistou cinco medalhas, sendo uma de ouro, duas de prata e duas de bronze. "A expectativa é muito boa para superar essa marca, até porque em abril a gente teve o Campeonato Regional das Américas, na Cidade do México, e lá nós ficamos em primeiro lugar no quadro de medalhas. A gente torce para repetir o feito aqui", comentou o coordenador da modalidade, do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Felipe Dias.

A maior expectativa em Toronto fica por conta de Márcia Menezes (-79kg), bronze no Mundial de Dubai no ano passado, que compete na próxima segunda-feira (10). "De um medalhista mundial a gente sempre espera mais, mas temos outras forças que surgiram. Temos atletas que melhoraram bastante suas marcas", acrescentou Dias.

Márcia, que esteve na plateia durante todas as competições deste sábado, vibrando pelos colegas de equipe, prefere não contar com a vitória, mas garante ir em busca de medalha. "Desde o começo do ano, estou em uma preparação bem intensa. A minha perspectiva em qualquer competição deste ano é pódio e, graças a Deus, ainda não perdi nenhuma missão", avisou. "A nossa equipe deste Parapan está bem forte, com várias chances de medalha. No feminino, não conseguimos nenhuma em Guadalajara, então vamos brigar para ter pódios aqui. Já conseguimos o primeiro com a Rizonaide", celebrou.

A melhor marca de Márcia foi atingida durante o Mundial de Dubai, quando levantou 116kg. Para ela, o segredo é encarar a barra de pesos como o pior dos rivais a ser derrotado. "Eu transfiro toda a minha garra e a minha raiva para a barra. Ali ela é a minha única adversária. Então eu falo para ela: 'você não vai me vencer'. Quando sento no banco, só vejo a barra e só ouço o meu técnico e o árbitro central. O resto eu tento neutralizar. Graças a Deus estou com um nível de concentração bem grande", analisou.

Beneficiada com a Bolsa Pódio, do governo federal, a brasileira mudou-se de Londrina (PR) para Itu (SP) e hoje dedica-se exclusivamente ao esporte, treinando com o técnico Valdecir Lopes em busca de uma vaga para os Jogos Paralímpicos de 2016, quando o Brasil poderá conquistar a sua primeira medalha da modalidade no evento.

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Márcia conquistou medalha inédita para o Brasil no Mundial do ano passado. Foto: Graziella Batista/MPIX/CPB

Halterofilismo paralímpico

A modalidade reúne diferentes tipos de deficiência em uma mesma disputa. O halterofilismo é o único esporte do programa em que os atletas são categorizados pelo peso corporal. Podem competir atletas com nanismo (anões), amputação, deficiência em membros inferiores, lesão na medula espinhal ou paralisia cerebral.

Deitados em um banco, eles precisam realizar o movimento do supino: primeiro, devem segurar a barra, com os braços esticados. Então, precisam flexionar os braços e descer a barra até a altura do peito, antes de erguê-la novamente para a posição inicial. Há três chances para executar o movimento, sendo validado o maior dos pesos.

Entre os 15 convocados do halterofilismo em Toronto, 11 são contemplados com a Bolsa Atleta e Márcia Menezes é beneficiada pela Bolsa Pódio. 

Ana Cláudia Felizola - brasil2016.gov.br