Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Na estrada há cinco anos, argentino que esteve na Copa 2014 chega 'de bicicleta' à Rússia

Futebol

13/06/2018 11h04

Copa 2018

Na estrada há cinco anos, argentino que esteve na Copa 2014 chega 'de bicicleta' à Rússia

Ao todo, aventureiro Matyas Amaya calcula já ter percorrido mais de 80 mil km e 37 países

Copa do Mundo da Fifa Rússia 2018

Esqueça as passagens aéreas intercontinentais, os ingressos que custam centenas de dólares, os gritos de torcida e toda a badalação em torno da Copa do Mundo de futebol. Entre as milhares de cores, sons e agitação de torcedores das mais variadas nacionalidades, a bicicleta repleta de bandeiras e a figura tranquila do argentino Matyas Amaya eram as imagens que mais chamavam atenção na zona central de Moscou, na Rússia, nesta terça-feira (12.06).

A poucos metros dos museus do Kremlin, um dos principais pontos turísticos da capital russa, uma pequena multidão se formava para ouvir a história de Amaya. Não é para menos: desde 5 de abril de 2012, o aventureiro nascido em San Juan, província argentina com pouco mais de 115 mil habitantes, tem percorrido o mundo com sua bicicleta. Conhecido por ter passado no Brasil durante a Copa 2014, ele calcula já ter acumulado mais de 80 mil quilômetros de estrada e passado por 37 países.

"Cheguei ao Brasil no Mundial de futebol, em 2014. E então disse, 'por que não continuar a viagem, que é minha paixão, misturando-a com o futebol que é outra coisa de que gosto muito?' E assim foi que do Brasil não voltei à minha casa e continuei para chegar à Rússia em 2018", contou. Recém chegado ao país-sede da Copa, o viajante diz ter ótimas lembranças da época em que os brasileiros foram anfitriões do torneio. "No Brasil as pessoas são mais quentes, mais futeboleiras'. Há mais festa, a essa altura já havia mais música na rua, pessoas dançando. Aqui ainda não vejo isso. Vejo uma ou outra bandeira, um grupo diferente".

Matyas afirma, no entanto, que ao sair de seu país, não previa que sua jornada duraria tanto tempo. "Queria sair de casa, da minha cidade. Disse à minha mãe e ao meu pai que ia dar uma volta, por uns 15 ou 20 dias, e acabou resultando em uma história de cinco anos. Somei o futebol à minha jornada. Eu não viajo pelo futebol, apenas adicionei o futebol à viagem", apontou.

Após a Copa de 2014, Amaya seguiu por diversos países latino-americanos. Passou por Honduras, El Salvador, México, Costa Rica, Nicarágua e Panamá, de onde pegou um avião para a Espanha com a bicicleta na bagagem. Em solo europeu, colecionou uma lista não menos extensa de nações antes de chegar à Rússia: Espanha, Portugal, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria, Itália, Croácia, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, República Tcheca, Polônia, Letônia, Lituânia, e Estônia.

"Por ser argentino, gostaria que chegássemos à final e saíssemos campeões. Mas, depois de viajar por tantos anos e estar em tantos países, desejaria que chegassem à final os países que são mais unidos, que são uma família, porque é o que precisamos hoje no mundo"
Matyas Amaya

Questionado sobre o que faz para sobreviver enquanto cumpre a jornada, o argentino responde com espantosa simplicidade. "Trabalho em cada cidade que chego. Tento ajudar as pessoas, porque só preciso de dinheiro para comer e dormir. Se alguém me dá um lugar para dormir e comer, tenho duas mãos e muito suor para entregar. É uma permuta, não preciso de muito dinheiro para viver", disse.

Apaixonado por futebol como grande parte dos argentinos, Amaya demonstra, porém, que a experiência dos anos na estrada já influenciou até o seu coração de torcedor. "Por ser argentino, gostaria que chegássemos à final e saíssemos campeões. Mas, depois de viajar por tantos anos e estar em tantos países, desejaria que chegassem à final os países que são mais unidos, que são uma família, porque é o que precisamos hoje no mundo", destacou.

Para ele, o torneio em torno do esporte mais popular do planeta é uma grande oportunidade de confraternização entre as nações. "A Copa do Mundo representa uma união. Une muitas culturas, muitas cores, muitos países, muitos continentes. O futebol, portanto, é a união. Para mim, é isso", resumiu.

Realizado com seu estilo de vida 'econômico', o ciclista sequer preocupou-se em checar os preços dos ingressos para os jogos da Copa. Quando perguntado se vai seguir sua jornada até o próximo Mundial, no Catar, em 2022, responde com tranquilidade: "Vou tentar".

Na conta de Matyas Amaya, ele já percorreu mais de 80 mil km e 37 países com sua bicicleta. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br

 

Pedro Ramos, de Moscou, na Rússia - rededoesporte.gov.br