Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Mundial contribui para o amadurecimento da cultura do ciclismo de pista no Brasil

Ciclismo paralímpico

24/03/2018 08h59

Paraciclismo

Mundial contribui para o amadurecimento da cultura do ciclismo de pista no Brasil

Com velódromo mais rápido do mundo, país passou a ter condições de desenvolver a parte técnica do esporte

Pela primeira vez, depois dos Jogos Rio 2016, que uma federação internacional retorna ao Parque Olímpico da Barra para promover um grande evento esportivo. No velódromo repleto de memórias que ficaram marcadas na história do esporte, o Mundial de Paraciclismo 2018, disputado até domingo (25), tem um papel que vai além das medalhas e recordes. A competição vem contribuindo para uma mudança de mentalidade no ciclismo brasileiro.

Ao reunir 48 medalhistas Paralímpicos do Rio 2016, competição inspira nova safra de atletas brasileiros. Foto: ©️Fernando Maia/MPIX/CPB

No país, todos os atletas que disputam as provas de ciclismo começaram na modalidade pedalando na estrada. Nas principais potências do esporte, o caminho é inverso. Os atletas iniciam na pista e depois escolhem as diferentes provas do esporte. No velódromo o tempo não mente. O atleta entra na pista, tudo é controlado, os erros são fáceis de corrigir, com a possibilidade de repetições até exaustão.

"O ciclismo começa na pista. Mesmo na prova de estrada, você forma o ciclista dentro do velódromo. O ciclismo britânico é um exemplo. Eles dominam as medalhas no ciclismo de estrada e de pista há uma década. O trabalho deles é basicamente na pista, na cidade de Manchester. Não tem mistério. Você tem que levar o atleta desde criança para a pista, onde ele aprende toda a parte técnica e depois pode escolher outras provas para se especializar", explicou o técnico da seleção paralímpica Claudio Civatti.

Na opinião de Civatti, é no Velódromo do Rio que o país tem as condições de desenvolver a modalidade. "Essa é a primeira competição internacional no legado Olímpico. É incrível receber uma competição dessa no Brasil. A gente está começando a desenvolver o ciclismo de pista e esse tipo de competição contribui para o amadurecimento da cultura da modalidade no país", disse.

O ciclista Victor Herling competiu na prova de 1 km contrarrelógio na classe C2. Foto: ©Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB

O ciclista Victor Herling, que competiu na prova de 1 km contrarrelógio na classe C2, é exemplo de atleta que começou no ciclismo de estrada. Ele considera que o Mundial no Rio vai garantir uma evolução mais rápida nas provas. "A chance é única de competir em um Mundial e consegue fomentar muito o paraciclismo de pista para os brasileiros. Só o fato de disputar ao lado dos melhores atletas do planeta contribui para o desenvolvimento do esporte. Esse é o meu primeiro mundial e me trouxe parâmetros para corrigir os erros e focar nas minhas qualidades", explicou Victor, que treina há dois meses no velódromo.

Nas provas de estradas, os ciclistas enfrentam variações no terreno: subidas, descidas e retas em que os atletas podem descansar as pedaladas. No velódromo, o atleta não tem outra opção a não ser colocar força, deixando o descanso na hora que a prova termina.

As delegações dos países europeus dominam as provas de pista, porque as nações contam com atletas especialistas em cada prova. Mesmo competindo na estrada, Victor Herling tem o perfil físico de atletas de pista, com mais musculatura. "Acredito que agora eu irei focar boa parte dos meus treinamentos para a pista. Mesmo com pouco tempo treinando, fiz uma boa participação aqui no Mundial", revelou.

O paraciclismo brasileiro é desenvolvido atualmente no velódromo na cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo, onde a seleção nacional realiza os treinamentos. Com um departamento voltado exclusivamente para o desenvolvimento do paraciclismo, a missão é contribuir para a evolução no quadro geral de medalhas nos Jogos Paralímpicos. "O crescimento de vários países no quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos está diretamente relacionado ao crescimento do paraciclismo nas provas de pista, onde são distribuídas o maior número de medalhas. Qualquer país que deseja evoluir no quadro de medalhas não pode esquecer o ciclismo", explicou Civatti.

Atletas brasileiros começam a priorizar as provas de pista. Foto: ©Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB

O Paraciclismo é o terceiro esporte no ranking que distribui mais medalhas em Jogos Paralímpicos, atrás apenas do atletismo e da natação. O Mundial é composto por três provas em cada umas das categorias – Tandem (para cegos), C1, C2, C3, C4 e C5 (para pessoas com deficiências físico-motoras e amputados) tanto no masculino quanto no feminino. Além disso, há uma prova de Sprint com equipes mistas.

O Mundial de Paraciclismo de Pista é uma realização da CBC, com suporte da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), autarquia do Ministério do Esporte, e do Comitê Paralímpico Brasileiro.

Do Rio de Janeiro, Breno Barros, rededoesporte.gov.br