Geral
Cochabamba 2018
Megaeventos no Brasil abrem porta do mundo para voluntários
“Primeiro, o Brasil abriu as portas para o mundo. Depois, o mundo abriu as portas para nós”. A frase é de Claudia Ferreira, de 50 anos, no saguão do Aeroporto de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A servidora da Justiça Federal em Belo Horizonte e outros 152 brasileiros estão a caminho ou na cidade de Cochabamba para atuar como voluntários nos Jogos Sul-Americanos, o primeiro megaevento no ciclo que vai até Tóquio, no Japão, em 2020. Segundo ela, a experiência de ter atuado como voluntária na Copa de 2014 e nos Jogos Rio 2016 foi decisiva para que ela cruzasse, pela primeira vez, a fronteira de nosso país.
“Em Belo Horizonte, na Copa, atuei na recepção de atletas no estádio. Além de conhecer muita gente, aquilo me deu coragem para ir ao Rio, que não conhecia. Fui e trabalhei na natação nos Jogos Paralímpicos. Adorei. Agora estou na primeira viagem internacional”, disse Claudia. Para o evento na Bolívia, os voluntários brasileiros negociam descontos em passagens e hospedagens e recebem contrapartidas, como alimentação nos dias em que trabalham, traslados entre os locais de disputa e o kit de uniformes do evento.
No discurso de muitos no grupo, o voluntariado alia viagens de turismo com a construção de fortes círculos de amizade e a possibilidade de ajudar e se sentir útil. “Quem está de fora não tem noção de tudo que está por trás de um megaevento esportivo”, afirmou a paulista Zenildes Mota, que atuou na Copa de 2014 e ao lado dos atletas do tênis em cadeira de rodas nos Jogos Rio 2016. “É uma troca gratificante, com os atletas e com os outros voluntários. Muita gente do nosso grupo é aposentada, mas quem trabalha se organiza, tira férias, dá um jeito para estar disponível no período dos jogos”, completou.
Em Cochabamba, assim como em outros megaeventos, os voluntários podem atuar em dezenas de atribuições, como o suporte nas áreas técnicas de cada modalidade, a logística, os centros de imprensa, os pontos de hospedagem, o setor médico, no auxílio como tradutores, em zonas de alimentação, como figurantes nas cerimônias e como guias para ajudar o acesso de torcedores às arenas.
“Primeiro, o Brasil abriu as portas para o mundo. Depois, o mundo abriu as portas para nós”
Claudia Ferreira, voluntária
Claudia, por exemplo, não esquece do contato com Daniel Dias, multimedalhista da natação paralímpica. "Eu ficava ali com as cestinhas do material esportivo dos atletas, no balizamento antes das provas. É uma experiência incrível. O Daniel Dias, em especial, é um exemplo, porque é muito cativante e atencioso. Você enxerga nele uma força impressionante", recordou a voluntária, que também é nadadora paralímpica e integra a equipe de veteranos do Minas Tênis Clube.
Militar reformada da Marinha, Luciene de Oliveira ingressou no voluntariado buscando uma maneira de se manter ativa. "Antes eu me doava para a Pátria. No voluntariado, a gente se doa por causas e pela ajuda a quem a gente nem conhece, o que é uma experiência incrível", afirmou a carioca, que também investe seu tempo em asilos e em hospitais que atendem crianças com câncer.
Nos Jogos Rio 2016, ela foi uma "seta gigante" na Cerimônia de Abertura, para ajudar os atletas a encontrar o caminho até o interior do Maracanã. Na Paralimpíada, usou roupas que simulavam o céu e nuvens. Em Cochabamba, estará no vôlei, na área técnica. E já pensa nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019, e em Tóquio, 2020. "O voluntariado torna o ser humano mais amável e nos traz um olhar diferenciado. E a gente sempre vai com um grupo grande, o que nos deixa muito confortáveis.
Confira mais fotos dos Jogos Sul-Americanos no Flickr do Ministério do Esporte
Gustavo Cunha, de Cochabamba, na Bolívia - rededoesporte.gov.br