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26/11/2014 10h16

Legado olímpico, centros de treinamento são trunfos para evolução esportiva após os Jogos Rio 2016

Dirigentes e gestores ressaltam a importância das estruturas para o desenvolvimento das modalidades no Brasil

Ao fim dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro 2016, a expectativa é de que o esporte nacional conte com um grande legado de estrutura esportiva graças à realização dos eventos no país. E os reflexos dos Jogos não serão vistos apenas na capital fluminense, mas em todo o Brasil.

O Centro Olímpico de Treinamento (COT), que deve aproveitar as instalações do Parque Olímpico da Barra e ser um dos mais modernos da América do Sul; o Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas (BA); e o Centro de Formação Olímpica, em Fortaleza (CE); são alguns dos exemplos do investimento feito para os Jogos e que poderão ser utilizados na preparação dos atletas brasileiros nos ciclos olímpicos seguintes.

Com as estruturas entregues, dirigentes e gestores poderão utilizar os centros para impulsionar o desenvolvimento de atletas e profissionais do esporte. Para chegar lá, o 2º Seminário de Gestão do Esporte, realizado entre 18 e 19 de novembro, em Belo Horizonte, trouxe o diretor do Centro de Treinamento Olímpico de Colorado Springs (EUA), Aron McGuire, para discutir ideias e apresentar a estrutura dos norte-americanos.

Divulgação/ME
Divulgação/ME#O Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas, na Bahia: modalidade que mais pódios deu ao Brasil em Jogos Olímpicos agora conta com uma estrutura para voos ainda mais altos
O Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas, na Bahia: modalidade que mais pódios deu ao Brasil em Jogos Olímpicos agora conta com uma estrutura para voos ainda mais altos

McGuire elogiou o andamento das obras para os Jogos do Rio 2016 e destacou a importância de contar com um centro que reúna atletas de modalidades diferentes no mesmo ambiente, como ocorre em Colorado Springs.

“Você vê, especialmente nas refeições, atletas de modalidades completamente diferentes conversando sobre o comprometimento e a paixão pelo esporte. Eles também trocam informações sobre o tempo necessário de descanso, que tipos de alimento consumir. Estão constantemente trocando idéias sobre como melhorar”, contou McGuire, ex-atleta de bobsled.

De acordo com o diretor do centro de Colorado Springs, a conveniência é outro fator determinante para o desenvolvimento dos atletas de alto rendimento. O fato de ter todos os serviços em um só lugar poupa energia e evita que os atletas encontrem distrações.

“Tem um impacto muito positivo e afeta o corpo dos atletas. A conveniência para eles é crítica. Se você mora em um lado da cidade e tem que dirigir uma hora para treinar, outra hora para comer e mais outra para voltar, são três horas em que você poderia estar recebendo uma massagem ou descansando numa banheira de gelo”, exemplificou o norte-americano.

Aron McGuire exaltou a importância de investir em profissionais, como técnicos, cozinheiros e psicólogos do esporte. Segundo ele, são coisas que fazem a diferença na preparação. Outro ponto destacado foi o planejamento. “É preciso olhar para as instalações e pensar a longo prazo. O que pode ser colocado em prática hoje que pode ter impacto positivo nos atletas daqui a 10, 12 anos?”, questionou.

Experiência nacional

Além de McGuire, participaram do painel Maurício Santos, diretor de marketing e eventos internacionais da Confederação Brasileira de Judô (CBJ); e Antônio Rizola, gerente de seleções da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

Enquanto Maurício Santos e a CBJ começam um novo processo de desenvolvimento com o Centro Pan-Americano de Judô, entregue este ano, em Lauro de Freitas, na Bahia; Rizola e a CBV falaram sobre o sucesso do vôlei nacional. As equipes feminina e masculina estão há anos no topo do ranking mundial, desempenho ligado diretamente ao Centro de Desenvolvimento de Voleibol de Saquarema (RJ), em funcionamento há 11 anos.

Modalidade responsável pelo maior número de medalhas do Brasil na história dos Jogos Olímpicos, com 19 pódios, o judô ganhou uma casa nova em 2014 e espera usar o centro de Lauro de Freitas para aumentar esse número.

O Centro Pan-Americano de Judô, que integrará a Rede Nacional de Treinamento, conta com o que há de mais moderno para a prática do judô: ginásio climatizado para treinamentos e competições, alojamentos, auditório, academia, restaurante, piscina, salas de apoio e arquibancada para 1.900 lugares.

A construção, que começou em agosto de 2013, teve investimento de R$ 43,2 milhões, sendo R$ 18,3 milhões do Estado da Bahia, incluindo desapropriação do terreno, e R$ 19,8 milhões da União. Já a CBJ aportou R$ 5,1 milhões para fazer o projeto executivo da instalação e comprar uma parte dos equipamentos e mobiliário. Além disso, a confederação contou com apoio do Ministério do Esporte para contratação das equipes técnicas e compra de outros equipamentos esportivos e mobiliário.

“O CT vem para complementar o trabalho desenvolvido pelos clubes. Os atletas vão continuar treinando nos clubes, mas as fases de lapidação, concentração e intercâmbio serão realizadas no centro”, revelou Maurício Santos. “Também vamos fazer o aperfeiçoamento e a capacitação dos profissionais que trabalham no judô. O CT vem para atender todas as frentes dessa cadeia esportiva”, prosseguiu.

De acordo com o diretor de marketing da CBJ, a estrutura também é tida como uma ferramenta de massificação da modalidade. “Temos um projeto social chamado Avança Judô que já atende mais de duas mil crianças em nove cidades do Brasil. Em Lauro de Freitas, ao longo de quatro anos, o projeto vai atender quatro mil crianças”, revelou Maurício Santos.

Caso de sucesso

Desde que o Centro de Desenvolvimento de Voleibol foi inaugurado, em agosto de 2003, em Saquarema, o vôlei brasileiro se consolidou como uma das principais forças da modalidade em nível mundial. De lá para cá, foram realizadas três edições dos Jogos Olímpicos: em Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012. Nessas competições, o Brasil somou três medalhas de ouro (duas com a Seleção feminina, em Pequim e Londres, e uma com o time masculino, em Atenas) e duas de prata (com a Seleção masculina, em Pequim e Londres) na modalidade.

CBV Divulgação
CBV Divulgação#O Centro de Desenvolvimento de Voleibol, em Saquarema: inaugurado em agosto de 2003, a estrutura representou um marco para o desenvolvimento do vôlei brasileiro
O Centro de Desenvolvimento de Voleibol, em Saquarema: inaugurado em agosto de 2003, a estrutura representou um marco para o desenvolvimento do vôlei brasileiro

De acordo com o gerente de seleções da CBV, Antônio Rizola, os resultados atingidos após a construção do centro não foram coincidência. O principal aspecto positivo veio com a integração que a estrutura proporcionou.

“O centro é nossa casa e foi feito para buscar a unificação do trabalho, a aproximação de treinadores, atletas e ser um local para que a gente pudesse compartilhar informações e trazer técnicos e profissionais do Brasil inteiro para cursos de aperfeiçoamento”, destacou. “Essa interação promove sustentabilidade e a continuidade no trabalho das seleções.”

Para 2016, Rizola e a CBV esperam repetir o desempenho fantástico das últimas edições dos Jogos. Segundo ele, o vôlei brasileiro precisa dos resultados para manter o crescimento. “Estamos numa situação perigosa. Ganhamos tudo que tínhamos para ganhar. Não vai ser novidade se ganharmos os Jogos. Vai ser novidade se não ficarmos entre os três primeiros. Nossa preocupação é de manter essa condição no ranking mundial”, comentou o dirigente.

Rede Nacional de Treinamento

Diversos centros de treinamento têm sido construídos por todo o país. Por meio da Rede Nacional de Treinamento (lei federal nº 12.395, de março de 2011), as obras propiciam mais condições de preparação aos atletas brasileiros que competirão nos Jogos de 2016.

Além de proporcionar um outro patamar de estrutura para o esporte de alto rendimento, o legado dos Jogos Rio 2016 passa por estruturas para a base. Nesse sentido, os Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs) configuram outro pilar da Rede Nacional de Treinamento.

Ao todo, serão 285 obras, em 263 municípios, com estrutura para a prática de até 13 modalidades olímpicas, seis paraolímpicas e uma não-olímpica. O investimento total é de R$ 967 milhões, por meio do PAC 2. Três CIEs, por exemplo, tiveram as assinaturas do contrato de repasse concretizadas no último mês de junho, no Piauí, para instalações nos municípios de Teresina, Picos e Parnaíba.

Saiba mais sobre a Rede Nacional de Treinamento

A isso tudo, soma-se o desenvolvimento do esporte nacional em termos de equipagem. “Nosso legado olímpico passa, ainda, pelos milhões de itens de equipamentos que estão sendo entregues a diversas modalidades como judô, luta olímpica, esgrima e taekwondo, entre outras”, ressalta o secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser.

Vagner Vargas – Brasil 2016