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08/02/2018 23h15

PyeongChang 2018

Jogos Olímpicos mais frios da história têm início nesta sexta

Cerimônia de Abertura na Coreia do Sul promete harmonia, tecnologia e calor humano para aquecer o público. Brasil tem a terceira maior delegação das Américas

 

A cada dois anos, os olhos de milhões de pessoas se voltam para a televisão simultaneamente para testemunharem a história. Como ocorreu no Rio de Janeiro, em 2016, nos Jogos Olímpicos de Verão, o mundo estará com o foco no Estádio Olímpico de PyeongChang, que receberá a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, na Coreia do Sul. O início oficial do maior evento de esportes de neve e gelo do mundo será às 20h desta sexta-feira (9h da manhã no horário de Brasília) e o encerramento está marcado para 25 de fevereiro. Esta será a segunda vez que os sul-coreanos recebem Olimpíadas: em 1988, a cidade de Seul sediou os Jogos de Verão.

Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

Três semanas antes de o fogo olímpico chegar à sede da 23ª edição dos Jogos de Inverno, o desfile das delegações já havia virado notícia em todo o mundo. No dia 20 de janeiro, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou o pedido dos comitês nacionais das Coreias do Sul e do Norte para que os atletas dos dois países pudessem marchar juntos sob o nome de "Coreia". Um atleta de cada país (um homem e uma mulher) carregará a bandeira da Coreia Unificada. Nas competições, contudo, eles buscarão medalhas para os países separadamente. 

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Bandeira da Coreia unificada. Países vão desfilar juntos na Cerimônia de Abertura

O fato não é inédito, pois já haviam feito desfiles em conjunto em Sydney 2000, Atenas 2004 e nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim em 2006. No entanto, diante da crescente tensão mundial em função de demonstrações militares norte-coreanas, o ato mostrará ao mundo que o esporte pode unir povos que, desde a década de 1950, nunca assinaram um tratado de paz. Além desse aparente aceno à paz - que recebeu comentários até mesmo do Papa Francisco - as atletas de hóquei feminino dos dois países se unirão em uma só seleção.

Delegação brasileira

Em sua oitava participação em Jogos de Inverno, o Brasil será o 33º conjunto a desfilar em PyeongChang. A bandeira verde-e-amarela será exibida por Edson Bindilatti, piloto da equipe de bobsled. Ele estará à frente de outros nove atletas e um reserva, de cinco modalidades (esqui alpino, esqui cross country, snowboard, bobsled e patinação artística). A delegação é a terceira maior das Américas - atrás apenas dos Estados Unidos e do Canadá, tradicionais potências esportivas na neve e no gelo.

» Edson Bindilatti será o porta-bandeira da delegação brasileira

“Nossa delegação combina a experiência de atletas como Jaqueline Mourão, Isabel Clark e Edson Bindilatti, com a juventude de Isadora Williams, Victor Santos e Michel Macedo. Além disso, temos a inédita participação da equipe de 2-man do bobsled. Apenas 36 países classificaram mais atletas do que o Brasil. Essa é a prova de que o trabalho de desenvolvimento dessas modalidades vem crescendo ano a ano e a cada participação olímpica”, afirmou o chefe da missão brasileira, Stefano Arnhold.

A primeira competição com participação brasileira na Coreia do Sul será em 15 de fevereiro, quando Jaqueline Mourão largará na prova de 10km estilo livre do esqui cross country.

Edson Bindilatti, o porta-bandeira da delegação brasileira. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

Harmonia em estádio exclusivo

O diretor de cerimônia dos Jogos, Song Seung-hwan, promete que o público assistirá a um espetáculo com traços culturais tradicionais da Coreia do Sul convergindo para a modernidade do país. "Precisamos mostrar a tecnologia de ponta da Coreia, mas quero focar na harmonia dos seres humanos para mover o mundo para frente. Será uma performance curta, mas com tremendo impacto", afirmou o diretor, que é autor e produtor de teatro.

"Apenas 36 países classificaram mais atletas que o Brasil. Essa é a prova de que o trabalho de desenvolvimento dessas modalidades vem crescendo ano a ano”
Stefano Arnhold, chefe da missão brasileira

"As cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos serão realizadas no Estádio Olímpico, uma instalação temporária construída especialmente para elas. Conversei com os arquitetos e pedi para que eles não tivessem os esportes em mente e chegamos a um prédio voltado para a performance visual", acrescentou Seung-hwan.

O estádio, com capacidade para 35 mil pessoas, não tem teto. E, diante de uma previsão de temperatura para 10 graus negativos, os organizadores tomaram medidas para que o público não fique apenas assistindo sentado em suas cadeiras. "Será uma experiência interativa para quem estiver lá e, para todo o resto do mundo, trabalhamos muitos detalhes, principalmente com realidade aumentada", explicou o diretor. Além da interatividade, a outra arma contra o frio encontrada foi a distribuição de kits contendo cobertor, gorro, poncho térmico, aquecedores de mãos e pés, lanterna e almofada aquecida.

A Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno #PyeongChang2018 será às 9h desta sexta. A previsão de temperatura é de -10 graus. Para aquecer o público, os organizadores distribuirão cobertores, gorros, ponchos, aquecedores de mão, lanternas e almofadas aquecidas pic.twitter.com/vktesQzR6P

— Rede do Esporte (@RedeDoEsporteBr) February 8, 2018

 

Russos neutros

Coreanos no norte e do sul unidos não é o único momento a ser notado no desfile das delegações. Por conta da suspensão aplicada pelo COI ao comitê nacional por um escândalo de doping de grandes proporções, os atletas do país que sediou os Jogos de 2014 e receberá a Copa do Mundo este ano competirão sob a sigla OAR (do inglês Olympic Athletes from Russia) e desfilarão atrás de uma bandeira neutra, conduzida por um voluntário designado pelo COI.

Seis países desfilarão pela primeira vez em cerimônias de Jogos de Inverno: Equador, Eritreia, Kosovo, Malásia, Nigéria e Cingapura. Há uma estreia na Tribuna de Honra também. O monsenhor Melchor Sánchez de Toca, subsecretário do Pontifício Conselho para a Cultura, será o primeiro representante do Vaticano a assistir in loco a uma cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno. De acordo com o jornal L'Osservatore Romano, ele também esteve como observador da assembleia geral do COI.

Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

102 medalhas de ouro em jogo

Depois de duas tentativas frustradas, a cidade de PyeongChang conseguiu superar as favoritas Annecy (França) e Munique (Alemanha), que dispunham de orçamentos mais volumosos, e sediará a 23ª edição da Olimpíada de Inverno. O condado fica a cerca de 130 quilômetros de Seul e a aproximadamente 96 quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte.

» Confira a programação dos eventos (em inglês)

O COI confirmou que 2.493 atletas de 93 nações tentarão conseguir as 102 medalhas de ouro em jogo - o maior número de eventos finais da história dos Jogos de Inverno. Em relação a Sochi 2014, quatro novos eventos foram acrescentados: esqui alpino em equipe, snowboard big air (masculino e feminino), patinação de velocidade com largada coletiva (masculino e feminino) e duplas mistas no curling. Para a realização dos Jogos, foram construídas sete instalações (sendo o Estádio Olímpico uma estrutura temporária) e atualizadas outras seis.

Início das competições

Embora a abertura oficial seja nesta sexta, as provas tiveram início na quarta-feira (07.02), com classificatórias do biatlo, do salto de esqui e do luge, além de partidas de curling. Além das quatro modalidades, o mundo terá, até 25 de fevereiro, novos campeões olímpicos em bobsled, combinado nórdico, esqui alpino, esqui cross-country, esqui estilo livre, hóquei no gelo, patinação artística, patinação de velocidade, patinação de velocidade em pista curta, skeleton e snowboard.

De acordo com a previsão meteorológica local, os Jogos de 2018 serão os mais frios da história, com temperaturas abaixo de 11 graus negativos.

De PyeongChang (Coreia do Sul), Abelardo Mendes Jr - rededoesporte.gov.br