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Ciclismo pista

15/08/2016 21h57

Omnium

Gideoni termina em 13º na volta do ciclismo brasileiro aos velódromos olímpicos

Brasil voltou a participar das provas de pista após 24 anos ausente dos Jogos. Ciclista cearense agradece incentivo da torcida e projeta ascensão do esporte com a construção do Velódromo Olímpico do Rio

Foram 24 anos longe dos velódromos olímpicos. A volta do Brasil às pistas não teve medalha, mas certamente ajudou a divulgar a modalidade no país. Milhares de pessoas vibraram e empurram o cearense Gideoni Monteiro, único brasileiro a participar das provas de ciclismo de pista nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Gideoni terminou na 13ª colocação da prova Omnium, a mais completa das pistas. Dezoito ciclistas disputam seis especialidades e o que somar mais pontos ao final de todas elas fica com o ouro. No Rio, o italiano Elia Viviani foi o maior pontuador, seguido do britânico Mark Cavendish e do dinamarquês Lasse Norman Hansen.

Gideoni entre os três primeiros do pódio: brasileiro mostrou que é possível competir com os melhores do mundo. Foto: Getty Images

Para subir ao pódio, eles tiveram que passar, no domingo (14.08), pela Scratch Race, corrida de resistência, de 15km, com todos os ciclistas na pista ao mesmo tempo. Depois poucos minutos de descanso, partiram para a perseguição individual, quando dois ciclistas largam simultaneamente, cada um de um lado da pista, para percorrerem 14km. O último desafio do dia foi também o mais emocionante; na corrida de eliminação um competidor é eliminado a cada volta até sobrar o vencedor. Gideoni chegou em sexto e foi seu melhor momento nas Olimpíadas sobreviveu até restarem apenas seis. Ele ficou à frente do atual campeão olímpico, o dinamarquês Lasse Norman (que viria a ficar com o bronze no Rio), e de Mark Cavendish, terceiro maior vencedor de etapas do Tour de France da história (e medalhista de prata nesta segunda).

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Ao fim do primeiro dia, o brasileiro estava em oitavo e foi dormir sonhando com a medalha. "Venho do ciclismo de estrada e já sabia que poderia cair um pouco o rendimento com as duas primeiras disputas do segundo dia, que são de muita velocidade. Mas na corrida de pontos tudo poderia acontecer, pois é uma corrida muito aberta", explicou.

Os dois testes de velocidade citados pelo ciclista abriram o segundo dia da Omnium. No contrarrelógio (quatro voltas), Gideoni não foi bem e ficou apenas à frente do competidor mexicano Ignacio Prado - o belga Jasper de Buyst desistiu antes do segundo dia. Cada um deu quatro voltas, computando um quilômetro em ritmo alucinante.

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Já na "Flying Lap", todos chegam à velocidade máxima em uma única volta cronometrada individualmente, com largada em movimento. O vencedor desta etapa foi o neo-zelandês Dylan Kennet, que chegou à incrível média de 71,965km/h.

Para terminar a maratona ciclística, uma "pequena" corrida de 40km. A cada 10 das 160 giros, os cinco mais rápidos da volta pontuam. A disputa é tão intensa e requer tanta estratégia que é comum acontecerem acidentes.

Nesta segunda, não foi diferente: ao chocar-se com o britânico Cavendish, o sul-coreano Sanghoon Park foi ao chão e derrubou o líder Elia Viviani antes de ser atingido em cheio pelo australiano Glenn O'Shea. Park foi retirado de maca e recebeu atendimento na sala médica do velódromo. Viviani contou que não se machucou e, com adrenalina em alta, conseguiu voltar rapidamente. "Olhei para o placar e vi meu nome em primeiro. Nessa hora, não tem o que pensar, é preciso voltar rápido".

Fotos: Getty Images

Recordes e aplausos

Elogiado por atletas e dirigentes, o Velódromo Olímpico do Rio está sendo palco de várias quebras de recorde. "A pista é de altíssima qualidade e torna-se um dos elementos para a obtenção de melhores marcas. Os recordes são feitos para serem batidos. E todos esses ciclistas se prepararam quatro anos para este momento. Há evolução esportiva e tecnológica por trás também", afirmou Gilles Peruzzi, diretor de Pista do União Internacional de Ciclismo (UCI, na sigla em inglês).

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Foto: Getty Images

Além do legado físico com um velódromo do mais alto padrão, a torcida impressionou Gideoni. "Foi incrível sentir essa vibração dos torcedores. Não tínhamos tradição nessa modalidade. Para treinar, tive que passar meses fora do país, principalmente na Suíça. Foram dois anos de preparação. Imagina o que o Brasil poderá fazer em quatro anos, podendo utilizar um velódromo de ponta como este? A qualidade da pista está muito boa", disse Gideoni ao fim da prova, visivelmente emocionado com a maneira que o público o aplaudiu.

Duas torcedoras em especial ganharam um agradecimento direto. "Foi muito bacana elas poderem estar aqui. Foi a primeira vez que elas me viram ao vivo em uma prova de pista. Sempre estiveram do meu lado nos momentos mais difíceis e foi demais tê-las aqui em um momento tão alegre", contou o brasileiro.

Gideoni citou, também, o investimento feito pela Confederação Brasileira de Ciclismo e pelo Governo Federal em sua preparação "Sem esse apoio, não seria possível. Espero que esse investimento em esporte continue e que eu e mais brasileiros possamos batalhar para melhorar essa posição na pista", afirmou. "A construção desse velódromo e a manutenção dele certamente desenvolverão novos talentos. Essa pode ser a nossa casa, a casa do ciclismo brasileiro", finalizou.

Velódromo foi elogiado por atletas e dirigentes. Foto: Getty Images

Resultado final da prova Omnium masculina nos Jogos Olímpicos Rio 2016

1) Elia Viviani (Itália) - 207 pontos
2) Mark Cavendish (Grã-Bretanha) - 194
3) Lasse Norman Hansen (Dinamarca) - 192
4) Fernando Gaviria Rendon (Colômbia) - 181
5) Thomas Boudat (França) - 172
6) Roger Kluge (Alemanha) - 167
7) Glenn O'Shea (Austrália) - 144
8) Dylan Kennett (Nova Zelândia) - 143
9) Tim Veldt (Holanda) - 111
10) Artyom Zakharov (Cazaquistão) - 111
11) Chun Wing Leung (Hong Kong) - 105
12) Gael Suter (Suíça) - 95
13) Gideoni Monteiro (Brasil) - 94
14) Kazushige Kuboki (Japão) - 81
15) Ignacio Prado (México) - 73
16) Sanghoon Park (Coreia do Sul) - não terminou 
17) Bobby Lea (Estados Unidos) - não terminou
18) Jasper de Buyst (Bélgica) - não terminou

Abelardo Mendes Jr - brasil2016.gov.br