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Judô

27/09/2018 08h48

Baku 2018

Para gestor da Seleção, não há razão para desconfiança após campanha tímida

Na análise de Ney Wilson, conquistar apenas um bronze com 22 atletas no Mundial foi abaixo do esperado, mas não diminui a qualidade do trabalho realizado rumo a Tóquio

A campanha do Brasil no Mundial de Judô ficou aquém das expectativas de atletas e dirigentes. Com 22 integrantes, a delegação brasileira conquistou apenas um pódio na competição disputada em Baku, no Azerbaijão. Érika Miranda levou o bronze na categoria meio-leve (-52kg). Gestor do alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô e desde 2001 na seleção brasileira, o técnico Ney Wilson admite que o resultado foi longe do esperado, mas não vê motivos para desmerecer o trabalho. 

"Não nos assusta. A gente já teve campanhas piores do que essa e no ano seguinte estávamos lá, de cabeça erguida, fazendo bons resultados. Continuo confiante nessa equipe, no trabalho e com a certeza de que teremos um bom desempenho daqui para frente. Vamos trabalhar para no próximo Mundial chegarmos com melhor resultado e, principalmente, em Tóquio 2020", disse o dirigente.

Ney Wilson acompanhou todos os Mundiais e Olimpíadas dos judocas brasileiros desde 2001. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

"Não nos assusta. A gente já teve campanhas piores do que essa e no ano seguinte estávamos lá, de cabeça erguida, fazendo bons resultados. Continuo confiante nessa equipe"
Ney Wilson

Considerando as participações do Brasil desde que Ney Wilson está no time, o desempenho em 2018 só fica abaixo do mostrado pela seleção em 2009, quando os atletas não subiram ao pódio nenhuma vez em Roterdã, na Holanda. Para ele, ainda que o resultado esperado fosse diferente, a preparação foi bem feita e o momento em que havia margem para erro era esse, no meio do ciclo olímpico.

"Se tem um momento em que a gente poderia falhar é esse. Ainda temos um Mundial pela frente (em 2019, no Japão) e o grande objetivo são os Jogos Olímpicos. Em esporte de alto rendimento isso acontece. Claro que todo Mundial a gente vem para fazer um bom resultado e esse, para o potencial que a equipe tem, não foi o melhor", reconheceu.

Ney Wilson esteve presente na conquista dos últimos 35 pódios do país em Mundiais. Viu os judocas nesse período faturarem todas as sete medalhas de ouro do país na história da competição, além de 10 pratas e 18 bronzes. No total, o Brasil tem 44 pódios no torneio, desde a primeira conquista, com o bronze de Chiaki Ishii (-93kg), em 1971, na Alemanha. Somam-se a isso as 12 medalhas olímpicas que Ney Wilson testemunhou como técnico (nove bronzes e dois ouros).

Avaliação criteriosa

Encerrado o Mundial de Baku, é necessária, segundo Wilson, uma avaliação criteriosa para que a equipe técnica encontre os motivos que justifiquem um desempenho abaixo do esperado no Azerbaijão. "Antes de sair do Brasil me perguntaram bastante sobre metas e eu disse que as equipes ainda estão em fase de sedimentação. Ainda não dá para definir quem cresceu, quem não cresceu. Agora, depois desse Mundial, dá para fazer uma avaliação melhor. Houve equipes que realmente evoluíram e tiveram equipes que não obtiveram bons resultados, como o Brasil, de quem se esperava mais", afirmou.

"É o momento de a gente parar agora, fazer uma avaliação e replanejar. Com certeza, precisamos de ajustes. Temos que sentar com toda a comissão técnica, discutir onde erramos, onde acertamos, onde precisamos evoluir, avaliar os nossos principais adversários, fazer exatamente isso para poder replanejar. A gente precisa avaliar essas equipes que estão crescendo e poder com isso trabalhar melhor com a nossa equipe para poder chegar melhor", encerra Ney Wilson.

"É o momento de a gente parar, fazer uma avaliação e replanejar. Com certeza, precisamos de ajustes. Temos que sentar com toda a comissão técnica, discutir onde erramos, onde precisamos evoluir"

Equipe estrelada

O Brasil desembarcou no Azerbaijão com pretensões elevadas. Tinha na equipe, além da campeã olímpica dos Jogos Rio 2016, Rafaela Silva, quatro atletas que subiram ao pódio no Mundial de 2017, em Budapeste, incluindo a campeã mundial Mayra Aguiar. Os outros medalhistas na Hungria tinham sido David Moura, vice-campeão, Érika Miranda (bronze) e Rafael Silva (bronze).

Além do quinteto, o Brasil tinha no time outros dois medalhistas em Mundiais: Maria Suelen Altheman, dona de duas pratas na competição, em 2013 e 2014, e Victor Penalber, bronze em 2015.

Mas apesar de tanta experiência e a despeito do reconhecido alto nível técnico dos atletas do Brasil, o time nacional não conseguiu, ao contrário de outras edições recentes em Mundiais, traduzir isso tudo em pódios em Baku. 

Daniel Cargnin: estreante em Mundiais sênior, ficou em quinto na categoria meio-leve. Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br
“Não nos assusta. A gente já teve resultados piores do que esse e no ano seguinte estávamos lá de cabeça erguida e fazendo bons resultados. Então, eu continuo confiante nessa equipe"

Evolução entre os jovens

O gestor da CBJ destaca que o Brasil deixa Baku com alguns bons parâmetros de avaliação, principalmente no que diz respeito a atletas que disputaram pela primeira vez um Mundial sênior, como Daniel Cargnin, 5º na categoria meio-leve (-66kg), e Jéssica Pereira, 5ª colocada na mesma categoria que Cargnin.

"Dá para a gente tirar bons proveitos dos resultados, do desempenho do que a gente assistiu de atletas novos nossos tendo um papel importante e podendo se desenvolver dentro da chave, como é o caso do Cargnin, como é o caso da Jéssica, como é o caso do Yudy (Eduardo Yudy, 7º colocado nos 81kg)", aponta Ney. "Alguns atletas se destacaram. Não chegaram ao pódio, mas a gente consegue ver uma equipe masculina crescendo, se fortalecendo".

Os pódios e os resultados do Brasil no Campeonato Mundial de Baku 2018 de Judô

Categoria ligeiro masculina (-60kg)
1. Naohisa Takato (JAP)
2. Robert Mshvidobadze (RUS)
3. Ryuju Nagayama (JAP)
3. Amiran Papinashvili (GEO)
7. Eric Takabatake (BRA)
* Phelipe Pelim (BRA) perdeu na estreia

Categoria ligeiro feminina (-48kg)
1. Daria Bolodid (UCR)
2. Funa Tonaki (JAP)
3. Otgontsetseg Galbadrakh (CAZ)
3. Paula Pareto (ARG)
* Gabriela Chibana (BRA) perdeu na segunda luta

Categoria meio-leve masculino (-66kg)
1. Hifumi Abe (JAP)
2. Yerlan Serikzhanov (CAZ)
3. Baul An (COR)
3. Georgii Zantaraia (UCR)
5. Daniel Cargnin (BRA)
* Charles Chibana (BRA) perdeu na segunda luta

Categoria meio-leve feminino (-52kg)
1. Uta Abe (JAP)
2. Ai Shishime (JAP)
3. Amandine Buchard (FRA)
3. Érika Miranda (BRA)
5. Jéssica Pereira (BRA)

Categoria leve masculino (-73kg)
1. Changrim An (COR)
2. Soichi Hashimoto (JAP)
3. Hidayat Heydarov (AZE)
3. Mohammad Mohammadi (IRA)

Categoria leve feminino (-57kg)
1. Tsukasa Yoshida (JAP)
2. Nekoda Smythe-Davis (GBR)
3. Christa Deguchi (CAN)
3. Sumiya Dorjsuren (MON)
* Rafaela Silva (BRA) perdeu na estreia

Categoria meio-médio masculino (-81kg)
1. Saied Mollaei (IRA)
2. Sorato Fujiwara (JAP)
3. Vedat Albayrak (TUR)
3. Alexander Wieczerzak (ALE)
* Victor Penalber (BRA) perdeu na segunda luta
* Eduardo Yudy (BRA) perdeu na terceira luta

Categoria meio-médio feminino (-63kg)
1. Clarisse Agbegnenou (FRA)
2. Miku Tashiro (JAP)
3. Juul Franssen (HOL)
3. Tina Trstenjak (ESL)
* Ketleyn Quadros (BRA) perdeu na segunda luta

Categoria médio masculino (-90kg)
1. Nikoloz Sherazadishvili (ESP)
2. Ivan Felipe Silva Morales (CUB)
3. Axel Clerget (FRA)
3. Kenta Nagasawa (JAP)
* Rafael Macedo (BRA) perdeu na estreia

Categoria médio feminino (-70kg)
1. Chizuru Arai (JAP)
2. Marie Eve Gahie (FRA)
3. Yuri Alvear (COL)
3. Yoko Ono (JAP)
* Maria Portela (BRA) perdeu na segunda luta

Categoria meio-pesado masculino (-100kg)
1. Guham Cho (COR)
2. Varlam Liparteliani (GEO)
3. Niyaz Ilaysov (RUS)
3. Otgonbaatar Lkhagvasuren (MON)

Categoria meio-pesado feminino (-78kg)
1. Shori Hamada (JAP)
2. Guusje Steenhuis (HOL)
3. Aleksandra Babintseva (RUS)
3. Marhinde Verkerk (HOL)
* Mayra Aguiar (BRA) perdeu na segunda luta

Categoria pesado masculino (+100kg)
1. Guram Tushishvili (GEO)
2. Ushangi Kokauri (AZE)
3. Hisayoshi Harasawa (JAP)
3. Duurenbayar Ulziibayar (MON)
* David Moura (BRA) perdeu na estreia
* Rafael "Baby" Silva (BRA) perdeu na estreia

Categoria pesado feminino (+78kg)
1. Sarah Asahina (JAP)
2. Idalys Ortiz (CUB)
3. Larisa Ceric (BOZ)
3. Kayra Sayit (TUR)
5. Maria Suelen Altheman (BRA)
* Beatriz Souza (BRA) perdeu na segunda luta

No Mundial por Equipes Mistas, o Brasil perdeu para a Alemanha na repescagem e não chegou à disputa do bronze

Todos os medalhistas do Brasil no Mundial Sênior

1971 (Ludwigshafen/GER)
Chiaki Ishii (-93kg/bronze)

1979 (Paris/FRA)
Walter Carmona (-86kg/bronze)

1987 (Essen /GER)
Aurélio Miguel (-95kg/bronze)

1993 (Hamilton/CAN)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Rogério Sampaio (leve/bronze)

1995 (Tóquio/JPN)
Danielle Zangrando (-56kg/bronze)

1997 (Paris/FRA)
Aurélio Miguel (-95kg/prata)
Edinanci Silva (-72kg/bronze)
Fúlvio Myata (-60kg/bronze)

1999 (Birmingham/GBR)
Sebastian Pereira (-73kg/bronze)

2003 (Osaka/JPN)
Mario Sabino (-100kg/bronze)
Edinanci Silva (-78kg/bronze)
Carlos Honorato (-90kg/bronze)

2005 (Cairo/EGY)
João Derly (-66kg/ouro)
Luciano Corrêa (-100kg/bronze)

2007 (Rio de Janeiro/BRA)
João Derly (-66kg/ouro)
Tiago Camilo (-81kg/ouro)
Luciano Correa (-100kg/ouro)
João Gabriel Schilittler (+100kg/bronze)

2010 (Tóquio/JPN)
Mayra Aguiar (-78kg/prata)
Leandro Guilheiro (-81kg/prata)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)

2011 (Paris/FRA)
Leandro Cunha (-66kg/prata)
Rafaela Silva (57kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (-81kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)

2013 (Rio de Janeiro/BRA)
Rafaela Silva (-57kg/ouro)
Érika Miranda (-52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/prata)
Sarah Menezes (-48kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/bronze)

2014 (Chelyabinsk/RUS)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (+78kg/prata)
Erika Miranda (-52kg/bronze)
Rafael Silva (+100kg/bronze)

2015 (Astana/CAZ)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Victor Penalber (-81kg/bronze)

2017 (Budapeste/HUN)
Érika Miranda (-52kg/bronze)
Mayra Aguiar (-78kg/ouro)
David Moura (+100kg/prata)
Rafael Silva (+100kg/bronze)

2018 (Baku/AZE)
Érika Miranda (-52kg/bronze)

Luiz Roberto Magalhães, de Baku, no Azerbaijão - rededoesporte.gov.br