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Judô

11/12/2018 15h00

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Geraldo Bernardes receberá o Troféu COI na cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico

Mentor de Rafaela Silva e Flávio Canto e treinador dos judocas refugiados na Rio 2016 será homenageado por uma vida inteira dedicada ao Olimpismo

O Troféu COI (Comitê Olímpico Internacional) em 2018 tem como tema "Olimpismo em ação", destinado a pessoas que tenham promovido a atividade física, a educação e o desenvolvimento por meio do esporte, a igualdade de gêneros, o esporte a serviço da humanidade e a ajuda aos refugiados por meio do esporte. E a indicação do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para receber essa honraria respeitou fielmente todos esses requisitos. O treinador de judô Geraldo Bernardes receberá o troféu e será homenageado durante a cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, na próxima terça-feira (18.12), no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro.

Geraldo Bernardes é recifense, 76 anos, carioca por opção, mentor da campeã olímpica Rafaela Silva (Rio 2016) e de Flávio Canto (bronze em Atenas 2004); criador do Instituto Reação, ONG que já ajudou cerca de 10 mil crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, incluindo os refugiados Yolande Bukasa e Popole Misenga, que fizeram parte do Time de Refugiados do COI que disputou os Jogos Olímpicos Rio 2016.

Foto: Kyra Mirsky/Instituto Reação

"É uma alegria muito grande receber essa homenagem. Muito mais do que as conquistas esportivas, nosso objetivo é formar cidadãos, verdadeiros campeões da vida. E, por isso, focamos sempre no binômio esporte e educação", disse Geraldo. "Os Jogos Rio 2016 foram a maior emoção da minha vida porque, além de ter sido escolhido pelo COI, ter a indicação corroborada pelo COB para orientar Popole e Yolande, pude ver de perto a Rafaela Silva, a quem ensinei os primeiros movimentos no esporte, conquistar o ouro olímpico", completou o treinador.

Geraldo começou a praticar o judô aos 15 anos, escondido dos pais, em uma época em que, no Brasil, treinar esportes de combate era considerado algo violento. Evoluiu no esporte até chegar à faixa preta, tanto em judô quanto em jiu-jitsu. Foi professor da equipe de judô da Universidade Gama Filho, uma das mais premiadas do país, e, em 1979, foi convidado para treinar a seleção brasileira pela primeira vez. No primeiro Mundial em que comandou a seleção, veio a primeira medalha de um não-descendente de japoneses, o bronze de Walter Carmona. Em Jogos Olímpicos, a primeira atuação ao lado dos tatames foi em Seul, em 1988, competição em que Aurélio Miguel se consagrou como o primeiro medalhista de ouro do judô brasileiro.

Tendo orientado Aurélio Miguel (ouro em Seul 88 e bronze em Atlanta 96), Rogério Sampaio (ouro em Barcelona 92), Henrique Guimarães (bronze em Atlanta 96), Carlos Honorato (prata em Sydney 2000) e Tiago Camilo (prata em Sydney 2000), ajudando o judô brasileiro, ao todo, na conquista de seis medalhas olímpicas, Bernardes precisou recomeçar depois dos Jogos de Sydney 2000. O judoca superou um problema cardíaco com quatro pontes de safena e duas de mamária e fundou o Judô Comunitário Geraldo Bernardes Body Planet, numa academia próxima à Cidade de Deus, uma das comunidades mais conhecidas do Rio de Janeiro. O projeto, três anos depois de sua fundação, já era bicampeão carioca nas categorias de base.

"Ouvi pessoas dizendo que eu estava por baixo, com os "pobrinhos". Mas sempre acreditei nos atletas que vêm de comunidades. Esporte de alto rendimento é sacrifício. E eles estão acostumados a dar tudo de si", afirmou. Foi quando Flávio Canto, medalhista de bronze nos Jogos de Atenas 2004, convidou seu mestre para que o projeto de Geraldo se juntasse ao Instituto Reação, formando o Judô Comunitário Instituto Reação. Hoje, o projeto tem 10 polos e 1.600 crianças atendidas.

"Entre colocar o pijama ou ajeitar o quimono e recomeçar, escolhi a segunda opção. Conquistas esportivas são como páginas viradas, glórias passageiras. Fiz uma boa carreira como atleta e, como técnico, ajudei na conquista de seis medalhas olímpicas, mas tudo ficou pequeno diante do que faço hoje, que é transformar pessoas como Rafaela, que tinha poucas perspectivas, em campeãs no esporte e na vida", disse.

Geraldo voltou a estar à beira de um tatame olímpico nos Jogos Rio 2016, orientando Popole Misenga e Yolande Bukasa, congoleses que disputaram a Rio 2016 pelo time de refugiados do COI. Ambos treinam com Geraldo no Instituto Reação. Mas a maior conquista de Geraldo nos Jogos Olímpicos realizados no Brasil foi Rafaela Silva. A menina arredia da Cidade de Deus, que trabalha com Geraldo desde os nove anos de idade, foi campeã olímpica.

Prêmio Brasil Olímpico

O PBO irá homenagear também outros personagens. Ana Marcela, Ana Sátila e Marta, no feminino, e Gabriel Medina, Isaquias Queiroz e Pedro Barros, no masculino, concorrem ao prêmio de Melhor Atleta do Ano em 2018.

Já Ágatha e Duda (vôlei de praia), Arthur Zanetti (ginástica artística), Bruno Fratus (natação), Bruno Rezende (vôlei), Eduarda Amorim (handebol), Érika Miranda (judô), Gabriel Medina (surfe), Henrique Avancini (ciclismo mountain bike), Letícia Bufoni (skate) e Marta (futebol) concorrem ao Troféu Atleta da Torcida. A votação só será encerrada durante a cerimônia de premiação.

O Troféu Adhemar Ferreira da Silva será entregue a Jackie Silva, do vôlei de praia. Primeira medalhista olímpica do esporte feminino brasileiro, com o ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta 96, ao lado de Sandra Pires, será homenageada por representar valores como coragem, espírito de liderança e eficiência

Renan Dal Zotto, comandante da seleção masculina de vôlei, vice-campeã mundial na temporada, e Fernando Possenti, técnico da nadadora Ana Marcela Cunha, ouro na Copa do Mundo de Maratona Aquática em 2018, foram escolhidos os Melhores Técnicos do Ano. Este ano, a premiação recordará o legado de dois grandes líderes do esporte nacional, falecidos recentemente. O Troféu de Melhor Técnico Individual terá o nome de Troféu Jesus Morlán e será entregue a Possenti pelos canoístas Isaquias Queiroz e Erlon Souza. Já o Troféu de Melhor Técnico de Esportes Coletivos será chamado Troféu Bebeto de Freitas e vai ser entregue a Renan pelo filho do treinador que comandou a geração de prata do vôlei brasileiro, Rico Freitas.

Fonte: Comitê Olímpico do Brasil (COB)