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Atletismo

12/01/2018 14h47

Lei de Incentivo

Fundação Tênis faz ponte entre esporte e mercado de trabalho em Porto Alegre e São Paulo

As atividades são pensadas em um ciclo que envolve inclusão, profissionalização e acesso a oportunidades

Raquel Lima tinha pouco mais de oito anos quando começou a participar das atividades da Fundação Tênis. Conheceu a modalidade e os benefícios da atividade física. Não demorou para que o esporte se tornasse inspiração na sua vida, com a tenista norte-americana Serena Williams se tornando a sua referência. A infância entre brincadeira, jogadas e ensinamentos no projeto educacional foi levada em consideração ao escolher a profissão. Hoje, ela cursa educação física e faz estágio como monitora no projeto que um dia lhe abriu as portas para um mundo novo.

O esporte é usado como ferramenta para a inclusão social. Foto: Abelardo Mendes Jr./ME

A história de Raquel Lima é uma entre muitas que mostra como o trabalho da Fundação Tênis vem possibilitando mais do que a inclusão, mas a ascensão social de jovens, que ganharam perspectiva de vida e profissional a partir das aulas de tênis, tanto no Rio Grande do Sul quanto em São Paulo.

Além de inspirar jovens a trabalhar com o esporte, a Fundação Tênis desenvolve ações que garantem suporte ao mercado profissional. O esporte é usado como ferramenta para a transformação social na vida das crianças. As atividades são pensadas em um ciclo sustentável que envolve inclusão por meio do esporte, profissionalização e acesso ao mercado de trabalho. “A entidade começa a direcionar os alunos para cursos de capacitação profissional quando eles completam 16 anos”, conta Luis Carlos Enck, coordenador da Fundação em Porto Alegre.

“A gente tenta pegar a criança com oito anos e trabalhar com ela o máximo de tempo, pois quando chega aos 16 tentamos incluir ela em um curso profissionalizante. O tênis é uma ferramenta"
Rafael Homens

Foi com essa proposta que em dezembro de 2005 foi criado o Programa Pós-Tênis, que encaminha os alunos para cursos profissionalizantes a partir de parcerias com instituições educacionais. Do lado de fora das quadras, a rede de colaboradores, voluntários, parceiros e mantenedores trabalha para que os jovens não deixem de sonhar e sejam capazes de enfrentar diferentes desafios.

“A gente tenta pegar a criança com oito anos e trabalhar com ela o máximo de tempo, pois quando chega aos 16 tentamos incluir ela em um curso profissionalizante. O tênis é só uma ferramenta para isso ser desenvolvido por meio da educação olímpica, com excelência, respeito e amizade. A aula é toda baseada nesses três pilares”, explicou Rafael Homens, professor que coordena dois núcleos em Porto Alegre.

Transformando vidas

Criada em 2001, a Fundação Tênis atende atualmente cerca de 900 alunos em nove núcleos: cinco em Porto Alegre, um em Sapiranga (RS), um em Igrejinha (RS) e dois em São Paulo. Sete deles funcionam com recursos captados por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, do governo federal.

“As crianças chegam sem saber o que é tênis. Não tem problema, porque o foco é o desenvolvimento social, com o foco na educação. Trabalhamos a cooperação entre as crianças, o relacionamento interpessoal e outras atividades por meio de raquete e bola de tênis. Nesses 16 anos, muitos alunos viraram professores de educação física, pois o esporte ficou marcado na vida deles”, completou Luis Carlos, coordenador do projeto.

Ginásio poliesportivo é dividido em pequenas quadras de tênis, para ampliar o número de atletas beneficiados. Foto: Abelardo Mendes Jr./ME

Metodologia única

Em um ginásio coberto, com duas quadras poliesportivas, cerca de 25 crianças brincam entre raquetes, bolas de tênis e petecas, no núcleo que funciona dentro das instalações centenárias do Instituto Pão dos Pobres, em Porto Alegre, mesmo em período de férias escolares.

Cada aula é pensada e bem elaborada. As atividades são oferecidas duas vezes por semana, com duração de 50 minutos, no turno inverso ao da escola. Cada turma tem até 25 alunos. O programa pedagógico é baseado na educação olímpica e na promoção do desenvolvimento social.

Rafael Homens trabalha há mais de oito anos na fundação. Atualmente, coordena dois núcleos: Fundação Tênis dos Pão dos Pobres e Marinha do Brasil, em Porto Alegre, e adota como pilares a amizade, o respeito e a excelência.

“São ensinamentos que as crianças levam para casa, para a escola e para o futuro trabalho. Exemplo: temos a aula de organização e cooperação, com exercícios que estimulam ações cooperativas entre os colegas. Assim, os alunos maiores criam vínculo com os professores. São parceiros para o futuro, ajudando as crianças menores e sendo exemplos para outros”, revelou.

Luciana Andreatta chegou na instituição como voluntária. Hoje, é professora. Foto: Abelardo Mendes Jr./ME

As atividades são desenvolvidas em quadras poliesportivas divididas em quatro quadras de tênis, com mini redes. Assim, o projeto atende mais crianças do que nas quadras convencionais. No local, as crianças têm acesso às técnicas básicas da modalidade e começam a desenvolver habilidades motoras.

"É gratificante ver o crescimento deles, pois muitos consideram o projeto como uma segunda casa. É um vínculo que não sei mensurar"
Luciana Andreatta

Luciana Andreatta chegou à Fundação Tênis como voluntária, quando estava em contagem regressiva para concluir o curso de educação física na PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Logo que se formou, em dezembro de 2010, aceitou o convite para ser monitora nas unidades no Pão dos Pobres e na PUC-RS. Hoje, é professora na entidade.

“Entrei no projeto sem saber nada de tênis, só com a experiência de trabalhar com crianças carentes. Tudo o que sou como profissional aprendi aqui, porque a fundação não se preocupa só com os alunos, mas com a formação dos professores. Por meio de seminários e formações pude aprender bastante sobre a educação olímpica e desenvolver com as crianças. Fico muito satisfeita em ver que o trabalho tem um impacto grande na vida das crianças”, disse Luciana.

Todos os professores recebem capacitação, por meio de três seminários durante o ano. No período de dedicação ao projeto, Luciana acompanhou a evolução de muitas crianças que chegaram sem expectativa de futuro. “Nesses sete anos de trabalho vejo alunos que começaram com oito anos e estão com 15 anos hoje. É gratificante ver o crescimento deles, pois muitos consideram o projeto como uma segunda casa. Alguns mais jovens chegam a me chamar de mãe. É um vínculo que não sei mensurar. Procuro ser um exemplo na medida do possível”, revelou a professora.

» Confira galeria de fotos do projeto

História

A Fundação Tênis foi fundada em 2001 como um projeto nas quadras públicas do Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, a fim de levar a prática do tênis a jovens carentes e que se transformou em um programa sócioassistencial.

“A fundação foi criada por um grupo de pessoas apaixonadas pelo tênis e que queriam dar oportunidades a crianças em vulnerabilidade social. Crianças que nunca imaginaram jogar tênis. É uma coisa totalmente fora do contexto de vida delas e que possibilita vislumbrar uma vida diferente no futuro. Gostamos de fazer o link nas atividades mostrando que se a criança nunca se imaginou jogando tênis, agora que joga, ela tem condição de sonhar e mudar de vida, abrindo horizontes que nunca passaram na cabeça delas”, finalizou Luis Carlos.

De Porto Alegre, Breno Barros, rededoesporte.gov.br