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Atletismo

15/05/2016 13h22

EVENTO-TESTE

Kleberson Davide conquista índice para Rio 2016 e supera trauma de Londres 2012

Conquista do meio-fundista foi bastante comemorada pela esposa Franciela Krasucki, também classificada para os Jogos do Rio. Casal ressalta superação após ciclo olímpico de muitas lesões para o atleta

Os Jogos Olímpicos não eram novidade para Kleberson Davide, já que havia participado da edição de Pequim 2008. Mas imagine a sensação de treinar quatro anos para o maior evento esportivo do planeta, conseguir o índice olímpico, viajar para a cidade-sede, conhecer a pista de aquecimento e ver o sonho de entrar no estádio olímpico se desfazer junto com uma febre de 40 graus.

Assim foi a história do corredor dos 800m nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Por uma questão médica, ele ficou fora da prova na Europa. Quatro anos difíceis se passaram e, neste domingo (15.05), o Rio 2016 está oficialmente no horizonte de Kleberson. Ele ficou com a medalha de prata nos 800m no Campeonato Ibero-Americano de Atletismo, disputado no Engenhão, no Rio de Janeiro, com o tempo de 1m45s79, abaixo do índice de 1m46s.

O meio-fundista Kleberson Davide: alívio pela conquista do índice dos 800m para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Foto: Carol Delmazo/brasil2016.gov.br

“Estava esperando faz tempo, mas entrei confiante hoje, com muita garra. Eu venho de dois, três anos com muitas lesões, sem conseguir dar continuidade nas competições. Hoje, graças a Deus saiu. Agora é continuar o trabalho”, disse.

A dolorosa experiência vivida em Londres foi relembrada pelo atleta. Junto com a perda do pai, em 2006, a situação de não participar dos Jogos de 2012 por uma questão médica, tão perto da prova, é considerada por Kleberson um dos momentos mais tristes de sua vida.

“Cheguei em Londres já meio mal, não estava conseguindo ir ao banheiro. Tanto o médico quanto o treinador suspeitavam de apendicite. Fui para o hospital, fiquei um dia todo. Dois dias depois, fui para a Vila dos Atletas, mas piorei. Fiquei doente de novo, começou a me dar febre, falta de ar. Infelizmente eu não conseguia fazer nada”, lamentou.

Kleberson tomou remédios para passar a febre, mas os 40 graus de temperatura permaneciam. De acordo com o atleta, a causa pode ter sido uma virose, que, além da febre, lhe trouxe uma inflamação na garganta. O tempo instável de Londres também teria ajudado. Na véspera da prova, Kleberson tentou, foi para a pista de aquecimento, mas não teve jeito.

“Foi muito duro, muito triste. Mas a gente vive de desafios, de emoções. Isso me fortaleceu mais. Lógico que na época fiquei mal, muito triste, mas nunca baixei a cabeça e nem desisti”, afirmou. “Eu não tenho dúvidas de que vou estar 100% (para o Rio 2016). Isso vai me dar mais motivos para treinar. Vai me dar mais confiança”.

Parceria na vida e nos Jogos

Era hora do aquecimento para a semifinal dos 200m feminino. Em busca do índice nesta prova, Franciela Krasucki deu uma escapada para conferir o resultado dos 800m no Engenhão. Afinal, ninguém acompanha mais de perto a dedicação do marido Kleberson. Ele conseguiu o índice e a esposa, orgulhosa, vibrou.

“Tirou um peso também das minhas costas, porque a gente vive a luta um do outro e eu sei o tanto que ele trabalhou, o tanto que ele lutou para conseguir esse índice. Ele vem de quatro anos muito difíceis depois de Londres. Eram muitas lesões e a gente sabia que esse índice ia sair. Agora ele vai ter mais tranquilidade para trabalhar. A vitória dele também é minha”, comemorou a velocista.

Franciela ainda não conseguiu o índice para os 200m, mas já tem a marca para os 100m e também deve integrar o revezamento 4x100m. Agora o casal é novamente olímpico (ela também esteve em Londres) e o destino dos dois se mistura tanto que até no sobrenome fica difícil de separá-los.

Kleberson Davide e a esposa Franciela Krasucki: casados e, agora, classificados para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Fotos: arquivo pessoal

Davide ou Kasucki?

Quando se casaram, em janeiro de 2012, um colocou o sobrenome do outro. Assim, Franciela das Graças Krasucki ganhou ao final o Davide, enquanto Kleberson Davide acrescentou o Krasucki. Ela, que sempre foi conhecida pelo sobrenome polonês, agora aparece nas listas de competição como Franciela Davide (último sobrenome), enquanto ele, sempre chamado de Kleberson Davide, consta no “start list” como Kleberson Krasucki. Ambos se divertem com a mistura.

“Um negão com nome polonês fica até estranho”, brincou Kleberson. “Na verdade, quando a gente casou, a gente só pensou em pegar um o nome do outro, a gente não pensou no sobrenome (nas provas). A gente estava conversando ontem, acho que a gente tem que trocar, eu passar o Davide antes do Krasucki, porque eu sou conhecida como Krasucki e ele por Davide”, disse Franciela.

Seja com Davide ou Krasucki, o fato é que os dois retornarão ao Estádio Olímpico em agosto e, se tudo der certo, sem nenhum empecilho para voltar a correr na pista principal do Engenhão nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

 

Outros resultados da manhã

Ainda nos 800m, outro brasileiro conquistou o índice ao vencer a prova: Lutimar Paes, com 1m45s42. O bronze ficou com Brandon Johnson, dos Estados Unidos. A prova feminina foi vencida por Rosibel Mina, da Colômbia, com 2m07s06, seguida pela uruguaia Lorena Sosa (2m08s00) e a brasileira Liliane Mariano (2m08s03). 

No arremesso de peso, Ahimara Espinoza, da Venezuela, venceu com a marca de 18.19m. A brasileira Geisa Arcanjo, que já tem índice olímpico, fez 17.92m, ficando com a prata. O terceiro lugar foi para a chilena Natalia Duco, com 17.45m. O Campeonato Ibero-Americano de Atletismo, que é evento-teste para o Rio 2016, prossegue até segunda-feira (16.05).

Carol Delmazo, brasil2016.gov.br