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Futebol

22/06/2018 19h18

Copa 2018

Fan Fest de Moscou tem loucos por futebol, clubistas, fãs de ocasião e 'gringos'

Ambiente diversificado se reuniu na região de Vorobyovy Gory, na capital russa, para torcer e sofrer com o jogo apertado entre Brasil e Costa Rica
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Juliana, Franco e a filha Luiza vieram de Bucareste, na Romênia, para dar força à Seleção de Tite. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br
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O servidor público Leandro Ribeiro veio com a esposa: futebol no sangue desde os seis anos. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br
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Isadora, Bárbara e Gabriella: estudantes de medicina em Kursk reforçaram a torcida brasileira. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br
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Mahamood (E) veio com os amigos: aliado indiano. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br
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Rogério Conceição (C) com a família: para ele, futebol de verdade é o jogado pelo Grêmio. Seleção é festa. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br
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Estudante de medicina fazendo estádio em Moscou, a brasiliense Raíssa Ruperto critica o machismo presente em torcedores, na Copa e em outros ambientes. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br
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Copa do Mundo da Fifa Rússia 2018

Enquanto a Seleção Brasileira entrava em campo para enfrentar a Costa Rica, nesta sexta-feira (22.06), em São Petersburgo, na Rússia, um grupo bastante diversificado de torcedores esperava ansioso o início da partida em Vorobyovy Gory, região de Moscou que recebe a FIFA Fan Fest. Desde fanáticos por futebol, que vieram de longe e programaram a viagem com antecedência, até aqueles que vieram de última hora apenas para não perder a festa, passando por pessoas de países que sequer se classificaram, todos se reuniram com a 'missão' comum de torcer pelo Brasil.

"Lembro da primeira vez que fui ao estádio com o meu pai, aos seis anos. Desde lá, para mim, o estádio é um dos melhores lugares do mundo, o melhor ambiente"
Leandro Ribeiro, servidor público

Para Leandro Ribeiro da Silva, de Foz do Iguaçu (PR), o amor pelo esporte surgiu cedo. "Minha relação com o futebol vem desde criança. Lembro da primeira vez que fui ao estádio com o meu pai, aos seis anos. Desde lá, para mim, o estádio é um dos melhores lugares do mundo, o melhor ambiente. De qualquer jogo, mas de Copa do Mundo é mais especial", disse. O servidor público adquiriu ingressos para cinco jogos neste Mundial, incluindo Brasil x Sérvia, último compromisso da Seleção na primeira fase da competição.

Um dos mais entusiasmados durante, no entanto, não era brasileiro. Viajando com outros três amigos, não menos apaixonados pela equipe comandada por Tite, o indiano Mahamood Moidu descreveu, emocionado, como um conhecido craque despertou o seu apreço pelo esporte.

"Eu torço pelo Brasil há muito tempo. Comecei a assistir futebol na época do Ronaldinho, ele é o maior ídolo da minha vida. Vim da Índia antes da Copa começar somente para torcer pelo Brasil e estarei aqui enquanto o Brasil estiver vivo no torneio. Espero que sejam campeões. É minha primeira vez em uma Copa e estou amando a experiência. É vibrante, realmente eletrizante", destacou.

Órfãos de uma seleção tradicional (os indianos nunca participaram de um Mundial), os fãs de futebol da região em que vive Mahamood reproduzem localmente uma conhecida rivalidade sul-americana.

"O futebol brasileiro é muito popular na Índia. Em Querala, especialmente, no Sul da Índia, em época de Copa do Mundo, muitos posters são espalhados pela cidade, apoiando Brasil e Argentina. Basicamente, há uma 'guerra' de fãs entre torcedores dos dois países. O clima lá agora deve estar ótimo, vamos ter transmissões grandes como aqui, com a presença massiva de fãs das duas equipes", descreveu.

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Rogério Conceição (C) com a família: para ele, futebol de verdade é o jogado pelo Grêmio. Seleção é festa. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br

Prioridade é prioridade

"Copa é só festa. Futebol é Grêmio. Aí é futebol de verdade. Torcer pelo Brasil, torcemos, mas se fosse Brasil x Grêmio eu torceria pelo Grêmio"
Rogério Conceição

Se para alguns a torcida pela Seleção é tão importante, para outros nem a Copa do Mundo é suficiente para que a equipe nacional ocupe o lugar reservado ao clube de coração. O gremista Rogério Conceição, por exemplo, não tem dúvidas sobre suas prioridades. "Copa é só festa. Futebol é Grêmio. Aí é futebol de verdade. Torcer pelo Brasil, torcemos, mas se fosse Brasil x Grêmio eu torceria pelo Grêmio", apontou. Por mais improvável que possa parecer um confronto entre o atual campeão da Libertadores e o escrete nacional, Rogério contou que, em situação semelhante, já teve oportunidade de exercer a sua preferência.

"Em 1972, após o Brasil ser tricampeão, o Rio de Janeiro recebeu a Copa do Sesquicentenário da Independência, uma espécie de mini Copa do Mundo. O Zagallo era o treinador e convocou toda a seleção do Brasil de 70, com exceção do lateral esquerdo Everaldo, que era do Grêmio. Isso quase gerou uma revolução no Rio Grande do Sul. O Brasil jogou e foi campeão, mas ficou um clima ruim. A CBF (CBD, à época), para tentar fazer as pazes com o estado, marcou uma partida no Beira-Rio entre a Seleção e um combinado da dupla Gre-Nal. O Beira-Rio teve o maior público da história, e todos estavam torcendo pela seleção gaúcha", lembrou.

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Isadora, Bárbara e Gabriella: estudantes de medicina em Kursk reforçaram a torcida brasileira. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br

Reforço europeu e assédio em pauta

Naturais de Santa Catarina, Franco Will e Juliana Gehring vivem em Bucareste, na Romênia, e fizeram questão de trazer a filha, a pequena Luiza, para o Mundial. "Acompanho muito o futebol. Brasileiro tem que ser fã de futebol, né? Jogo e acompanho muito, principalmente campeonato europeu. E Copa do Mundo está no sangue", afirmou Franco. Quando perguntada sobre o que achava de participar da torcida durante o torneio, Luiza foi rápida. "Estou gostando muito", disse.

"A gente vem tentando combater esse machismo e eles só reforçaram isso em outro país. Isso tem que mudar"
Gabriella Maccare, estudante de medicina

Da mesma forma, Gabriella Maccare, Isadora Lopes e Bárbara Parente, que são estudantes de medicina na cidade russa de Kursk, vieram a Moscou para reforçar a torcida Canarinho. Apesar de admitirem não viver o futebol de perto, as brasileiras não escondem o carinho pela Seleção. "Na Copa sou muito torcedora, apoio muito o Brasil. Tirando isso, não sou uma pessoa que senta para ver futebol. Sou corintiana, mas só assisto quando dá mesmo", disse Gabriella. Mesmo morando na Europa, as jovens acompanharam a repercussão da notícia de assédio envolvendo torcedores brasileiros na Rússia e lamentaram o episódio.

"A gente vem tentando combater esse machismo e eles só reforçaram isso em outro país. Isso tem que mudar", alertou Gabriella. "Vale reforçar que essa postura não é exclusiva de torcedores brasileiros e não é só na Copa. Vivemos isso no dia-a-dia", apontou Isadora. Também estudante de medicina, mas atualmente estagiando em Moscou, a brasilense Raíssa Ruperto lembrou que, apesar de lastimável, o fato de o incidente ter acontecido durante a competição pode contribuir para colocar o combate a este tipo de violência em pauta.

"O problema está presente com ou sem Copa. Mas se, por causa da Copa, isso aparecer mais, talvez fique fácil começar a discutir, tentar achar o cerne da questão e procurar uma solução. Ainda é um ambiente machista, então é legal a gente conversar sobre isso e deixar em debate", opinou.

Pedro Ramos, de Moscou, na Rússia – www.rededoesporte.gov.br