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Futebol

23/06/2018 14h18

Copa 2018

Expresso das cidades-sede na Rússia: gratuidade e festa sobre trilhos

Durante o Mundial, a previsão é que 500 mil vagas em 700 trens sejam oferecidas pelo governo russo para deslocamento dos torcedores
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Os vagões têm dois andares e cinco cabines, cada uma com quatro lugares. Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br
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Até 19 de junho, mais de 50 mil torcedores tinham usado o sistema de trens da Rússia. Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br
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Festa brasileira dentro dos vagões ganhou ingrediente a mais em função da derrota da Argentina para a Croácia. Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br
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O professor de inglês Adrian Bruce Kitchen vive em Cruzeiro, no interior de São Paulo, e engrossa a torcida brasileira. Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br
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O transporte de trem entre as cidades-sede é gratuito para os torcedores que têm ingressos da Copa. Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br
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Copa do Mundo da Fifa Rússia 2018

O professor de inglês Adrian Bruce Kitchen caminhava pelo Terminal Leningradsky, em Moscou, ao lado do filho, Liam, e da esposa, Josie. Era véspera do segundo jogo do Brasil na Copa da Rússia 2018 e Kitchen seguia para o trem cedido gratuitamente (Free Ride) pelo governo russo para os torcedores com ingresso. Tinha como destino São Petersburgo, onde a Seleção Brasileira enfrentaria a Costa Rica no estádio Krestovsky, que tem capacidade para aproximadamente 69 mil pessoas, quase a população total da cidade onde vive, Cruzeiro, na região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Nas mais de oito horas de viagem entre as duas cidades, o professor presenciou um pouco do que é a Copa do Mundo, só que sobre trilhos.

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O professor de inglês Adrian Bruce Kitchen vive em Cruzeiro, no interior de São Paulo, e engrossa a torcida brasileira. Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br

As mochilas seguiram pela máquina de raios-x e lá foram eles para o vagão número um de um total de 16 composições do trem rumo a São Petersburgo. Cada vagão é composto por dois andares, com cinco cabines de quatro lugares cada, com roupas de cama, luz de leitura e mesa. Kitchen detalhou que para reservar o trem gratuito foi preciso entrar no site www.tickets.transport2018.com/ e solicitar os bilhetes com o FAN ID (documento do torcedor na Copa) e o número do pedido do ingresso. Para ele, a iniciativa é uma grande novidade.

O transporte de Kitchen e família saiu de Moscou no dia 21.06, às 22h28, e chegou a São Petersburgo às 6h40 do dia seguinte. Na volta, o retorno ocorreu às 22h50 e o destino final foi alcançado no dia 23.06, às 6h45. Ao todos, foram quase 1.500 quilômetros percorridos em dois dias. "O trem é confortável, cabe muitas pessoas. Mas, provavelmente, a melhor coisa de tudo isso é que a Rússia ofereceu as passagens de forma gratuita para os torcedores", comentou.

"São momentos inesquecíveis. Conhecer pessoas de muitos países, troca de ideias, de cultura. É uma experiência única"
Adrian Bruce Kitchen, professor de inglês

Adrian se estabeleceu no Brasil no fim de 1995. Anos antes, de férias, conheceu alguns lugares no país, como o Rio de Janeiro. Encantou-se pela alegria e energia das pessoas, além, é claro, de ter sido atraído por uma das grandes tradições do país (e uma de suas paixões): o futebol. Torcedor do Sunderland na Inglaterra, virou flamenguista no Brasil. Em sua "carreira" no esporte, já foi a três Copas do Mundo, incluindo esta no país russo. "São momentos inesquecíveis. Conhecer pessoas de muitos países, troca de ideias, de cultura. É uma experiência única", afirmou.

Logística

Aproximadamente 700 trens devem oferecer cerca de 500 mil vagas durante a Copa. A operação, financiada pelo governo russo, foi calculada em R$ 200 milhões. De acordo com a empresa que opera o trem, a Railway Russian, até 19.06, 50 mil torcedores já haviam utilizado o transporte gratuito. Outro dado interessante: até abril deste ano, 50% dos entradas para o transporte gratuito já haviam sido reservadas. "Parabéns para a Rússia por facilitar a ida e vinda de torcedores que querem ver jogos em outras cidade", completou.

Vários vagões à frente de sua cabine, o restaurante do trem estava lotado de brasileiros. Fazia poucos minutos que a Argentina havia sido derrotada pela Croácia por 3 x 0, motivo mais que suficiente para o local ser transformado em festa. "Não eram só os brasileiros no trem mas, com certeza, eram os mais animados", lembrou.

Experiência elogiada

O advogado João Vinícius Malaquias Souza percorria sua segunda cidade-sede. Para isso, usou o trem cedido pelo governo russo. "A experiência foi tranquila, perfeita. Sai um lanchezinho, sai café, tem restaurante. Bacana mesmo", elogiou. É a primeira Copa que o advogado acompanha fora do Brasil. "Por mais que eu fale aqui, não adiantaria... Só quem estiver aqui vai realmente entender. É surreal. Não tem como explicar", descreveu.

Vitor da Silva Castro, advogado, destacou o bom serviço prestado pelo transporte ferroviário. "O trem estava marcado para sair 22h28 e não houve atraso. A cabine fornecia um conforto mínimo para que a gente pudesse chegar a São Petersburgo numa condição boa para assistir ao jogo. Para Castro, seguir a seleção e levar o nome do país pelo mundo é uma oportunidade que deveria ser experimentada por todos. "É uma experiência de vida diferente de tudo o que já tinha vivido. Para quem gosta de futebol, recomendo muito a participação nas próximas copas".

Rafael Brais, de Moscou, na Rússia – www.rededoesporte.gov.br