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17/05/2016 19h15

Tour da Tocha

"Essa vitória é do meu filho"

No revezamento da tocha em Vitória (ES), Mariana Magalhães representou o filho Douglas, de seis anos, que encontrou no esporte a superação de barreiras do autismo

Os 200 metros de seu percurso como carregadora da tocha olímpica em Vitória, no Espírito Santo, simbolizaram um longo caminho para a funcionária pública Mariana Magalhães, de 29 anos. Seu filho Douglas foi diagnosticado com autismo aos três anos e, desde então, a vida da família é marcada por superação e apoio às pessoas com as mesmas necessidades.

Nessa batalha, o esporte é fundamental para que o pequeno Doug leve uma vida regular, indo para a escola, onde é alfabetizado em português e inglês, e encarando várias modalidades esportivas, como natação, futebol, capoeira, kickboxing e surfe. "Não ficamos sem o esporte, que substituiu os remédios e as terapias em salas fechadas. O Douglas é um dos poucos que conseguiram melhorar sem medicação", comentou.

Mariana e Douglas durante o revezamento da tocha em Vitória (ES). Fotos: Rafael Brais/brasil2016.gov.br/ME

O esporte na vida de Douglas começou bem antes do diagnóstico, que foi dado após consulta de vários profissionais de saúde. Aos três meses, entrou para a natação. Aos dois anos, passou a se interessar por várias modalidades, principalmente pelo surfe e por lutas em geral. "Estávamos tratando do Douglas sem saber, fazendo com que ele se socializasse e praticasse atividade física", disse Mariana.

No kickboxing, Douglas se destacou ainda mais e foi a única criança autista do mundo a passar em um exame de faixas. "O esporte trouxe também um espírito de liderança e respeito para ele", afirmou a mãe orgulhosa, lembrando que o filho já está na faixa laranja.

A página do Facebook "O Meu Mundo é Azul", criada por Mariana, atingiu rapidamente quatro mil seguidores. Lá, os internautas trocam experiências sobre o autismo, como tratamento, eventos realizados e informações gerais. O autismo é um distúrbio neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo.

"Me falaram que ele dependeria de mim para tudo", recordou, emocionada. "A vitória do meu filho está sendo um motivo de superação e de esperança para muitas famílias. Sua recuperação tem sido referência até fora do país", comentou.

As repercussões do sucesso do tratamento transformaram mãe e filho em celebridades na região. Tanto que, para o revezamento da tocha olímpica, Mariana e o filho foram convidados pelas prefeituras de Vitória e de Serras. "Ele sabe toda a história da tocha, do revezamento e conta para todo mundo que vamos participar. Dia desses, ele estava cercado de alunos mais velhos na escola contando sobre a tocha", disse ela. "Com isso, conseguimos divulgar nossa história. Quando as pessoas sabem e se informam sobre o autismo, passam a respeitar mais", explicou.

Emoção

Como ainda é novo, Douglas não conseguiu autorização para carregar a tocha. Porém, ao fim do trajeto de Mariana, os organizadores permitiram que mãe e filho dividissem um instante emocionante: juntos, passaram a chama olímpica para o condutor seguinte. Foi o grande final para a missão olímpica de Douglas e sua mãe. "Sem palavras para descrever o que isso representou para nós. Foram só 200 metros, mas estou certa de que corri com duas milhões de famílias ao meu lado", afirmou, em referência aos casos registrados no Brasil. Para ela, participar do maior esportivo do mundo portando a bandeira de uma causa nobre é indescritível. "Realmente é um momento único".

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Rafael Brais - brasil2016.gov.br