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Atletismo

19/08/2016 23h07

ATLETISMO

Em sua última prova olímpica da carreira, Usain Bolt se despede do Rio 2016 com ouro histórico

O Raio brilha no revezamento 4 x 100m, conquista a nona medalha dourada nos Jogos e fecha a inédita "tríplice coroa" no atletismo

Ao largar na noite desta sexta-feira (19.8) para fechar a final do revezamento 4 x 100m, o jamaicano Usain Bolt disputou, no Rio de Janeiro, a prova que marcou sua despedida olímpica. Medalha de ouro nos 100m e 200m no Brasil, o raio fechou a prova depois da apresentação de seus três companheiros de equipe – Asafa Powell, Yohan Blake e Nickel Ashmeade – e, juntos, os quatro conquistaram mais um lugar no topo do pódio com o tempo de 37s27. A prata ficou com o Japão, com 37s60, e o bronze para o Canadá (37s64). 

"É triste que seja a última comemoração, mas estou feliz. Conquistei tudo o que queria e esperava. São nove ouros em nove corridas"
Usain Bolt

Com isso, Bolt entrou definitivamente para a história do esporte não "apenas" como o recordista mundial dos 100m, 200m e do revezamento 4 x 100m. Depois de conquistar o ouro nas três provas nas Olimpíadas de Pequim 2008 e Londres 2012, o jamaicano fechou, no Rio de Janeiro, a "tríplice coroa" e se tornou o primeiro a faturar a medalha dourada nas três disputas em três edições olímpicas. E o fato de ter feito isso em três Jogos consecutivos torna o feito ainda mais monstruoso.

"É triste que seja a última comemoração, mas estou feliz. Conquistei tudo o que queria e esperava. São nove ouros em nove corridas", resumiu para emissoras de televisão pouco depois de vencer o 4 x 100m, e reforçando que não pensa em estar nos Jogos Olímpicos de 2020, no Japão. "Eu tenho um ditado: Nada é impossível. Eu nunca estabeleci limites para mim. Eu sempre quis superar as barreiras e foi o que fiz. Não há nada a fazer agora a não ser curtir o que fiz ao longo desses anos"

Além de ter a honra de assistir de perto a prova que marcou a despedida olímpica de Bolt, os brasileiros ainda torceram muito pelo quarteto do Brasil que largou na raia 2. Ricardo de Souza, Vitor Hugo dos Santos, Bruno de Barros e Jorge Vides foram muito aplaudidos na apresentação. O quarteto, que avançou à final do revezamento 4 x 100m com o tempo de 38s19 nas eliminatórias, terminou a prova desta noite na sexta posição, com o tempo de 38s41. As equipes dos Estados Unidos e de Trinidad e Tobago foram desclassificadas.

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Foto: Getty Images

Bolt e Rio de Janeiro: destinos cruzados

Foi em agosto de 2009 que o mundo presenciou, com a diferença de apenas quatro dias entre um evento e outro, dois milagres no atletismo. Competindo no Estádio Olímpico de Berlim durante o Campeonato Mundial, Usain Bolt fez, na Alemanha, o que ninguém na história jamais foi capaz e que nem ele próprio depois dali, nunca mais se aproximou: baixar os recordes dos 100m e 200m a patamares "sobrehumanos".

Um ano antes do show que protagonizou em Berlim, Bolt chocara o planeta ao sagrar-se campeão olímpico nos Jogos de Pequim 2008 nos 100m e 200m com direito a dois recordes mundiais. Como se não bastasse, após correr os 100m na China em 9s69 e os 200m em 19s30, ele ainda levou a medalha dourada no revezamento 4 x 100m e, com isso, iniciou sua coleção de ouros nas três provas.

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Foto: Getty Images

Mas, na Alemanha, Usain Bolt baixou suas duas melhores marcas da história nas provas mais velozes do atletismo olímpico de uma forma que impressionou os especialistas ao redor do globo. Em 16 de agosto de 2009, Bolt rompeu uma barreira histórica nos 100m e, ao terminar a prova em Berlim com a marca de 9s58, tornou-se o primeiro ser humano em todos os tempos a cumprir a distância com o relógio tendo estampado um número abaixo da casa dos 9s60.

Quatro dias depois, em 20 de agosto, no mesmo Estádio Olímpico, o jamaicano fez o mesmo nos 200m. Ele pulverizou seu tempo de 19s30 ao disparar na pista alemã para cruzar a linha de chegada em impressionantes 19s19, novamente sendo o primeiro e até hoje o único a ter baixado a casa dos 19s20. Depois disso, nem mesmo ele foi capaz de chegar perto de tempos tão estarrecedores nas duas provas.

"Eu nunca estabeleci limites para mim. Eu sempre quis superar as barreiras e foi o que fiz. Não há nada a fazer agora a não ser curtir o que fiz ao longo desses anos"
Usain Bolt

A segunda melhor marca da história nos 100m, do próprio Bolt, é de 9s63 e foi obtida nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Nos 200m, quem chegou mais perto do recorde de Bolt foi seu compatriota Yohan Blake, que no dia 16 de setembro de 2011 fechou a prova em 19s26.

Menos de dois meses depois que Usain Bolt estabeleceu os novos recordes mundiais nos 100m e 200m em Berlim, o Brasil conquistou, em 2 de outubro de 2009, o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Naquela data, o destino do jamaicano se cruzou com o da cidade maravilhosa. E, nesta sexta-feira, sete anos depois, Bolt escreveu, no Rio, o último capítulo de uma história olímpica escrita exclusivamente com ouro.

Nove ouros

No panteão dos maiores heróis do esporte olímpico de todos os tempos, três monstros do atletismo dividem lugar com o "rei" Michael Phelps, da natação – maior medalhista de todos os tempos nos Jogos, com 28 pódios (23 deles de ouro) –, e com a "rainha" russa Larisa Latynina, a mulher que mais conquistou pódios olímpicos, com nove ouros, cinco pratas e quatro bronzes.

O meio-fundista finlandês Paavo Nurmi foi o primeiro a conquistar nove medalhas de ouro, nos distantes Jogos da Antuérpia 1920, Paris 1924 e Amsterdã 1928. Décadas depois dele, o velocista norte-americano Carl Lewis igualou a marca de nove ouros nas Olimpíadas de Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996.

Agora, o sucessor de Nurmi e Lewis torna-se o terceiro homem no atletismo a chegar às nove medalhas douradas em Olimpíadas. Mas Bolt tem um detalhe que o distingue dos demais: nenhum deles venceu as mesmas três provas em três edições seguidas. E há algo mais: Nurmi ainda contabiliza três pratas na conta e Lewis ficou em segundo nos 200m, em Seul 1988.

Bolt, por sua vez, jamais conheceu a derrota em toda sua trajetória olímpica. Este raio é 100% dourado. E dele os Jogos sentirão saudades...

Brasileiros

Além do quarteto da final do revezamento 4 x 100m masculino, o Brasil esteve representado em outras provas na noite desta sexta-feira no Engenhão. A equipe do revezamento 4 x 400m feminino, composta por Joelma Sousa, Geisa Coutinho, Letícia de Sousa e Jailma de Lima, disputou a primeira eliminatória e terminou em oitavo, ficando, assim, fora da final.

Além disso, o time masculino do revezamento 4 x 400m do Brasil também correu. Eles largaram na segunda eliminatória e chegaram na quinta colocação. Com isso, o quarteto formado por Pedro Luiz de Oliveira, Alexander Russo, Peterson dos Santos e Hugo de Sousa, ficou em nono no geral. Apesar disso, devido à desclassificação dos times da Grã-Bretanha, Índia e Trinidad e Tobago, o Brasil avançou à final. Neste sábado (20.8), as oito equipes disputam a decisão do revezamento 4 x 400m masculino às 22h35.

Por último, o pernambucano de Recife Wagner Domingos foi um dos 12 finalistas da prova de arremesso de martelo. Em sua primeira participação em Olimpíadas, Wagner, que em 2011 foi diagnosticado com câncer na bexiga e teve que vencer a doença para prosseguir no esporte, terminou os Jogos Olímpicos Rio 2016 na 12ª posição.

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Wagner Domingos. Foto: Getty Images

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br