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03/08/2016 11h30

Revezamento da Tocha

Em Niterói, tocha faz última escala antes do destino final

Desde que entrou em território nacional, em 3 de maio, a tocha olímpica nunca havia chegado tão perto de seu destino final: o Rio de Janeiro. A cidade sede dos Jogos Rio 2016 ficou visível a olho nu, do outro lado da ponte. Nesta terça-feira (02.08), a última parada do fogo simbólico foi em Niterói, a vizinha com charme próprio, belas praias, montanhas no horizonte e efervescente vida cultural. A três dias do início do evento, a cidade destinou 18 quilômetros de suas ruas para que 174 condutores desfilassem com a chama.

 

Além de recrutar uma constelação de nomes do esporte, o revezamento da tocha na cidade teve clima de festa familiar. Quem abriu a celebração foi uma desbravadora olímpica. Prestes a completar 80 anos, Aída dos Santos foi a primeira mulher brasileira a chegar a uma final olímpica, em Tóquio (1964). Sua participação foi uma zebra. Pouco conhecida no meio, ela surpreendeu ao passar por uma série de eliminatórias e conquistar o índice.

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Foto: Ivo Lima/ brasil2016.gov.br

Mas não tinha técnico, material adequado ou uniforme. Pegou emprestada uma roupa usada em outro torneio, adaptou as sapatilhas de atletismo e fez história: foi a única representante do sexo feminino na delegação brasileira daquela edição e, mesmo em condições precárias, chegou em quarto lugar no salto em altura.

Dona Aída tem mais atletas olímpicos na família. Ela é mãe de Valeska Menezes, a Valeskinha do vôlei. Ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e bronze em Sidney (2000), ela foi eleita a melhor bloqueadora da Copa do Mundo de Vôlei, em 2003. "Eu comecei no vôlei e terminei no atletismo; Valeskinha começou no atletismo e terminou no vôlei. Ela é a continuação do meu DNA", brinca a mãe.

E o beijo da tocha na abertura dos trabalhos foi entre mãe e filha. Emocionada, sem conter as lágrimas, Dona Aída transmitiu a chama dos Jogos Rio 2016 a Valeskinha, confirmando suas suspeitas. "Não sei se aguento tanta emoção", declarou, pouco antes de o revezamento começar.

Pouco depois, à beira do Mirante de Boa Viagem, tendo como moldura o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e uma cortina de mar e montanhas, outro grande nome do esporte se preparava para a missão de carregar a chama por 200 metros. Hoje secretário de Esporte e Lazer da cidade, Bruno Souza foi considerado um dos três melhores atletas de handebol do mundo, na década passada.

Souza participou de duas Olimpíadas e conquistou dois ouros e uma prata em Panamericanos. Foi o primeiro atleta profissional de handebol do país e passou 12 anos jogando em times europeus e, levado pelo esporte, conheceu mais de 60 países. Ele faz parte da seleção responsável pela primeira classificação do handebol masculina aos jogos olímpicos, em Atenas (2006). Aposentado, Souza fez seu prognóstico para o desempenho do Brasil em 2016. "Temos uma expectativa grande em cima da seleção feminina, e elas têm tudo para conseguir. No masculino esperamos muito de uma equipe jovem. Eles podem surpreender", acredita.

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Torben Grael. Foto: Ivo Lima/ brasil2016.gov.br

Quando pisou na avenida para entrar para a história do revezamento, ele era aguardado por uma multidão. Logo que passou pelo cordão de segurança da Força Nacional, Souza puxou para dentro os dois filhos pequenos e fez seu trecho de condução ao lado deles. Os meninos só saíram do lado do pai quando ele subiu a rampa do museu, em uma parada estratégica para fotografias. "É um orgulho representar Niterói. Temos 21 atletas olímpicos e uma grande tradição na vela", destacou.

Os dois representantes máximos dessa história de sucesso foram escalados para encerrar o trajeto da chama olímpica na cidade. Torben Grael é o velejador brasileiro recordista em medalhas. Ele ganhou um ouro, uma prata e dois bronzes em diferentes edições de Jogos Olímpicos, dentre os seis dos quais participou. A paixão pelo esporte corre nas veias e, no Rio 2016, seus filhos, Martine e Marco, representarão o Brasil, tendo o pai como coordenador técnico. "Nossos tios foram para os Jogos de 1968 e 1972, com bons resultados. Depois, viemos eu e Lars. Agora, vem aí a nova geração", destacou. Torben carregou a tocha no giro anterior às Olimpíadas de Atenas e afirma que ela deu sorte a ele. Que a sorte da chama carioca seja transmitida em família.

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Lars Grael. Foto: Ivo Lima/ brasil2016.gov.br

O atleta escalado para iluminar a pira também faz parte a dinastia Grael. A tarefa coube a Lars, irmão de Torben, igualmente bem-sucedido no esporte: ele é dono de dois bronzes olímpicos, além de ser pentacampeão sulamericano. O atleta foi atropelado por uma lancha e perdeu uma das pernas no episódio, mas recuperou-se e seguiu praticando a modalidade. "Niterói respira esporte, principalmente vela, triatlo e surfe. Mas a vela como esporte de competição surgiu no Brasil aqui na cidade", afirma ele. Usando uma prótese, ele caminhou até o palco da celebração, montado no Teatro Popular, a ateou fogo à pira.

Nesta terça-feira (02.08), a chama passou por Saquarema, Rio Bonito, Tanguá, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. Nesta quarta, percorre as cidades de Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo e Nova Iguaçu.

Revezamento Tocha - Niteroi

Mariana Moreira, de Niterói  - brasil2016.gov.br