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13/01/2019 22h14

Skate

Em final com "sarrafo alto", Kelvin Hoefler fica com a prata e o americano Nyjah Huston conquista o mundial de skate

Brasileiro teve quatro notas nove ou maiores, mas americano foi ainda melhor na Arena Carioca 1, no Rio. O brasiliense Felipe Gustavo terminou em terceiro

Poucas vezes uma final de Liga Mundial de Skate apresentou um nível técnico com o "sarrafo" tão alto. Os oito atletas que entraram na disputa pelo título neste domingo (13.01), na Arena Carioca 1, no Rio de Janeiro, protagonizaram uma extensa lista de manobras que mereceram nota nove ou superior, o famoso "Club 9" no vocabulário da modalidade. Foram 14 notas "de luxo" registradas diante de mais de três mil espectadores no Parque Olímpico da Barra.

Kelvin Hoefler com o troféu de vice-campeão: promissor para Tóquio, 2020. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br
"Acho que nunca na história do skate a gente viu um nível desse porte. Foi muito difícil para a gente pensar nas manobras, nas estratégias, porque tudo mudava muito rápido com as notas altas dos adversários"
Kelvin Hoefler

Dois atletas em especial protagonizaram um duelo técnico pela disputa do ouro. O paulista Kelvin Hoefler e o americano Nyjah Huston destoaram. Aproveitaram praticamente todas as sete oportunidades de apresentação que tiveram para pontuar de forma consistente. Ao fim, Nyjah somou 37.6 pontos (9.4, 9.2, 9.4 e 9.6), contra 37 de Kelvin (9.5, 9.5, 9 e 9). Com isso, o americano chegou a mais um título da principal competição do skate street profissional. Nyjah é assíduo colecionador de títulos e maior vencedor de etapas e das finais da Liga desde 2010. A terceira posição ficou com o brasiliense Felipe Gustavo, que somou 35,5.

"Acho que nunca na história do skate a gente viu um nível desse porte. Foi muito difícil até para pensar em estratégia, em qual manobra fazer, porque tudo mudava rápido com as notas altas dos adversários", afirmou Kelvin, que recebeu duas notas 9.5 pela primeira vez na carreira e obteve outro 9 ao longo da competição.

"Foi meio maluco. Foi a final mais disputada de todos os tempos. As duas ou três últimas manobras nem treinei. Nem acredito que aterrissei na primeira tentativa, mas é o que a pressão causa em mim. Você tem de estar pronto para qualquer coisa", afirmou Nyjah, que elogiou o nível técnico do brasileiro. "O Kelvin é um dos mais consistentes adversários que já vi. Ele ganhou de mim o Mundial alguns anos atrás e agora foi minha vez de pegar de volta", brincou.

Para o brasiliense Felipe Gustavo, o nível foi tão alto que obrigou ele a arriscar, na última manobra, um movimento que nunca tinha conseguido executar. "Esse foi um dos street leagues mais sinistros que já vi. Só consegui o pódio com a última manobra, uma bem difícil que até então não tinha acertado. Fui na fé e aconteceu", avaliou. "Acho que a arquibancada, a força da torcida, ajudou a motivar o pessoal. A pista também estava muito boa", completou.

O americano Nyjah Huston celebra a conquista do título mundial na Arena Carioca 1. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

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Americano Huston durante uma de suas manobras imprevisíveis e técnicas. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br
"Foi a final mais disputada de todos os tempos. As duas ou três últimas manobras nem treinei. Nem acredito que aterrissei de primeira, mas é o que a pressão causa em mim"
Nyjah Huston

O outro brasileiro na disputa, o paulista Ivan Monteiro, também fez uma bela prova. Vindo do qualifying, Ivan chegou a conquistar manobras dignas de 9, mas sofreu um acidente em sua última tentativa. Ao pular um obstáculo alto, o skate saiu de seus pés e ele bateu o rosto com força no chão na aterrissagem. Na queda, quebrou alguns dentes e teve uma concussão. Precisou ser imobilizado e conduzido pelos médicos da competição. Segundo informações dos organizadores, Ivan foi estabilizado e passa bem. Ele terminou a competição com o sexto lugar, com 32.7 pontos.

A decepção foi o japonês Yuto Horigome. Vencedor das três últimas etapas da Street League, ele não esteve num bom dia. Não acertou quase nenhuma das manobras que tentou e terminou em oitavo e último na decisão, com 22.1 pontos.

Promissor para Tóquio 2020

Ao todo, o Brasil ocupou três das seis posições no pódio nas finais da Street League no Brasil. Além da prata e do bronze no masculino, Letícia Bufoni foi a segunda colocada no feminino, um décimo atrás da japonesa Aori Nishimura.

"Foi um ótimo resultado para o Brasil. Cada vez estamos conquistando mais espaço. A gente teve uma porcentagem alta de skatistas nacionais na final no feminino, com 50% de brasileiras, e três brasileiros entre os oito no masculino", afirmou o presidente da Confederação Brasileira de Skate, Bob Burnquist, lembrando que o torneio reuniu 180 atletas de 30 países. 

"Temos um time muito forte e estrutura para nos preparar bem", afirmou Pâmela Rosa, uma das finalistas no feminino. Além dela, Felipe, Kelvin e Letícia são integrantes da categoria Pódio, a mais alta do programa Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. A modalidade passou a ser beneficiada em 2018, em função de ter sido incluída em Jogos Olímpicos.

Arena Carioca 1 recebeu bom público para a final da Liga Mundial de Skate. Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br
"Foi um ótimo resultado para o Brasil. A gente teve uma porcentagem alta de skatistas nacionais na final no feminino, com 50% de brasileiras, e três brasileiros entre os oito no masculino"
Bob Burnquist, presidente da Confederação Brasileira de Skate

"A gente ter conseguido entrar no Bolsa Pódio foi demais. Isso dá um suporte incrível. Eu mesmo não tive algo assim na minha carreira. Os atletas podem focar só nos treinos, com a certeza de que há um suporte para viagens, hotéis, seguro de saúde", afirmou Burnquist, que é o maior medalhista da história dos X-Games, com um total de 30 pódios. "Além da bolsa, com recursos do Comitê Olímpico do Brasil via Lei das Loterias podemos garantir a participação dos atletas em todos os eventos que contam pontos na classificação para os Jogos".

A estreia do skate olímpico será em Tóquio 2020. A previsão é de que sejam 40 atletas, 20 no masculino e 20 no feminino, com um máximo de três representantes por país. "A nossa esperança é grande porque a gente sabe que a galera representa bem, anda muito de skate. Acho que posso cravar que teremos representantes nas Olimpíadas. O importante é ir lá e mostrar o skate brasileiro, 'infectar' os Jogos com a energia bonita desse esporte tão unido e a consequência da medalha vai vir depois", encerrou Burnquist.

Galeria com fotos em alta para uso editorial gratuito
 Etapa final do Street League de Skate - Parque Olímpico da Barra

Resultado final

1. Nyjah Huston (EUA) - 37.6 pontos
2. Kelvin Hoefler (BRA) - 37
3. Felipe Gustavo (BRA) - 35.5
4. Aurélien Giraud (FRA) - 35.3
5. Mark Suciu (EUA) - 35.1
6. Ivan Monteiro (BRA) - 32.7
7. Chris Joslin (EUA) - 25.7
8. Yuto Horigome (JAP) - 22.1

Gustavo Cunha, do Rio de Janeiro - rededoesporte.gov.br