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Atletismo

27/10/2015 10h09

Pentatlo moderno

Yane Marques inicia preparação para buscar feito inédito nos Jogos de 2016

Bronze nos Jogos de Londres 2012 e no Mundial de Berlim 2015, a pernambucana tem a chance de ser a primeira atleta a repetir um pódio olímpico na modalidade

Aos 31 anos, a pernambucana Yane Márcia Campos da Fonseca Marques, nascida na pequena Afogados da Ingazeira, uma cidade do sertão pernambucano com cerca de 36 mil habitantes, é uma desbravadora.

Única representante do Brasil no pentatlo moderno nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e Londres 2012, Yane fez história na Inglaterra há três anos quando subiu ao pódio para receber o bronze e se tornar a primeira e única medalhista olímpica do país na modalidade, entre homens e mulheres.

Este ano, Yane conquistou dois ótimos resultados. Em junho, faturou o bronze no Campeonato Mundial, em Berlim, quando assegurou a vaga para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Na sequência, em julho, faturou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, quando ratificou a vaga para 2016 por ser a melhor atleta da América do Sul na competição. Nos Jogos Mundiais Militares, na Coreia, por pouco não subiu ao pódio, terminando em quarto lugar.

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Esgrima, natação, hipismo e evento combinado (tiro e corrida): Yane em ação nas cinco modalidades do pentatlo moderno. Fotos: Getty Images

Esta semana, Yane Marques, contemplada com a Bolsa Pódio do governo federal, retorna aos treinos depois de um período de férias em Recife (PE). A partir de agora, o objetivo é um só: competir no Rio de Janeiro, em agosto. “Resolvi tirar férias mais cedo para me preparar bem para 2016”, explica.

Yane ainda não tem o calendário do próximo ano definido, mas calcula que deverá voltar às competições em fevereiro, na Copa do Mundo. “Esse ano não tem mais competição”, diz, consciente de que os meses que terá pela frente serão importantes aliados.

“Eu não tenho como tirar um mês de férias, treinar uma semana e competir. Preciso de um período para trabalhar. Tenho que fazer a base, depois fazer o que a gente chama de período específico, que é quando intensificamos os treinos, e, então, fazer o polimento, que é baixar a intensidade para chegar bem na competição. É necessário tempo para fazer uma preparação bem feita”, detalha.

Desafio

Yane já conquistou o sonho de qualquer atleta: subiu ao pódio nas principais competições de sua modalidade e tem guardada em casa uma medalha olímpica. São façanhas impressionantes, principalmente levando-se em conta que o pentatlo moderno está longe de ser um esporte popular no Brasil. A pernambucana agora se prepara para um desafio de peso no Rio. Para brilhar no Brasil, Yane terá que quebrar um tabu do pentatlo moderno feminino.

Entre as mulheres, a disputa da modalidade em Jogos Olímpicos é recente. Elas entraram em cena a partir de 2000, nos Jogos de Sydney. Desde então, nenhuma atleta conseguiu repetir um pódio olímpico. Foram 12 medalhistas diferentes em quatro edições dos Jogos.

Para Yane, competir em casa torna o desafio ainda mais complicado. “Para mim, não é melhor. A pressão é maior”, afirma. “O problema, no caso do pentatlo, é que é um esporte pouco falado no Brasil. Quando eu fui medalhista em Londres, só eu e uma alemã tínhamos conseguido nos manter entre os top 10 nos dois anos anteriores. Depois da medalha, uma repórter me perguntou como foi que eu me sentia com a surpresa da medalha. Para mim, não tinha sido surpresa. Eu era uma das 15 atletas que tinha chance e consegui”, recorda.  “E hoje, como já ganhei uma medalha de bronze, as pessoas criam expectativa. Acham que tenho que ganhar uma de prata ou de ouro. Se não conseguir, vem a frustração”.

Mas disputar os Jogos Olímpicos em casa também tem seus lados positivos. “Os benefícios são a torcida e o fato de competir em instalações que a gente conhece. Em Deodoro (local das provas do pentatlo moderno nas Olimpíadas de 2016) já estamos acostumados. Não será um ambiente desconhecido”.

Para não se sentir pressionada, Yane já tem um plano traçado, o mesmo que funcionou em 2012. “Não espero conquistar outra medalha no Rio. O que espero é chegar lá em condições de fazer isso de novo, com foi em Londres”, diz.

Vagas

No pentatlo moderno, cada país pode ter até dois representantes, tanto na disputa masculina quanto feminina nos Jogos Olímpicos.

O Brasil, por ser país sede, tem direito a uma vaga no masculino e uma vaga no feminino para 2016. Contudo, ao contrário de outras modalidades, a vaga já conquistada por Yane Marques não é cumulativa. Ou seja, não abriu ao país a possibilidade de que outra atleta ocupasse a vaga garantida ao país sede.

“Se ninguém se classificasse haveria uma seleção interna para ver quem ocuparia a vaga do país sede”, explica Yane. “Como conquistei a vaga no Mundial, garanti a representatividade do Brasil no feminino. No masculino, ainda não tem nenhum atleta garantido. Então, ainda vale a regra de uma vaga para o país sede. Mas no feminino ela não vale mais”, detalhou.

Apesar disso, Yane acredita que o Brasil tem boas chances de ter duas atletas na disputa. “Tanto em Pequim quanto em Londres a gente, por muito pouco, não teve duas atletas. No feminino, acho que agora temos boas chances de levarmos duas atletas. Ainda tem as vagas que serão distribuídas na final da Copa do Mundo, no Mundial do ano que vem e pelo ranking. E tanto a Larissa Lellys quanto a Priscila Oliveira têm chances”, afirma.

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br