Polo aquático
Maria Lenk
De virada, Brasil vence o campeão mundial e garante vaga na próxima fase de polo aquático
O roteiro não era favorável para a seleção masculina de polo aquático. Entrar na água na noite desta quarta-feira (10.08) no Parque Aquático Maria Lenk, no Parque Olímpico da Barra, para enfrentar a chuva, o vento, o frio e a Sérvia — atual campeã mundial e tricampeã da Liga Mundial. Os jogadores brasileiros superaram as adversidades, viraram a partida e conseguiram o que muitos julgariam senão impossível, improvável: vencer a equipe favorita ao ouro, por 6 x 5.
Foi a terceira vitória em três jogos dos comandados doo técnico croata Ratko Radic no torneio olímpico. Depois de superar a Austrália, por 8 x 7, e passar pelo Japão, por 16 x 8, os brasileiros garantiram uma vaga nas quartas de final, resultado histórico na modalidade.
Autor do gol que garantiu a vitória brasileira, Gustavo Guimarães, conhecido como "Grummy", fez questão de lembrar que a vitória histórica não foi um trabalho de 33 minutos, mas de três anos de treinamento e de toda uma equipe. "Nós nunca tivemos uma arquibancada lotada assim, com a torcida incentivando, sendo um jogador a mais. Não tenho dúvida que este resultado de hoje também se deve a torcida. A atitude do time fez muita diferença. É o resultado de um trabalho a longo prazo. É um trabalho dia a dia, treinando oito horas, de sacrifício e com o melhor técnico do mundo", disse.
O defensor Felipe Silva foi além. "Sem sombra de dúvidas foi a principal vitória da história do polo brasileiro. Isso nos dá força para continuar mais e para buscar a medalha inédita", comemorou.
"Este tipo de jogo é muito difícil, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Na parte psicológica nós estivemos muito bem e mostramos uma característica de uma grande equipe. Isso mostra que podemos jogar contra seleções deste nível, além de mostrar que somos competitivos", avaliou Ratko Radic.
O treinador da equipe nacional avalia que seus jogadores já alcançaram o primeiro objetivo traçado para o torneio. "Conseguimos classificar para a próxima chave. Era a nossa primeira missão. Agora, vamos pensar na próxima partida", contou.
O jogo
O polo aquático é disputado em quatro tempos de oito minutos. De touca branca, o Brasil entrou na piscina com Slobodan Soro, Jonas Crivella, Bernardo Gomes, Adrián Baches, Felipe Silva, Josip Vrlic e o capitão Felipe Perrone.
O primeiro tempo foi dos sérvios, que mostraram porque são favoritos a brigar por medalha no Rio 2016. Muito consistentes na defesa, a equipe também subia bem ao ataque e abriu o placar com Filip Filipovic. No fim do primeiro tempo, a Sérvia ampliou com Randelovic Sava.
No segundo tempo o Brasil demorou, mas conseguiu furar o bloqueio tático dos europeus. A Sérvia abriu o placar com Josip Vrlic e ampliou em seguida, com Dusan Mandic. No entanto, para o delírio da torcida brasileira que lotou as arquibancadas do Maria Lenk, Felipe Perrone diminui a vantagem, em 3 x 2. Faltando dez segundos para o fim do segundo tempo, a seleção empatou com Adrian Baches.
Foi quando o goleiro brasileiro Slobodan Soro virou protagonista da partida. Pegou pênalti, fez defesas difíceis e impediu os sérvios de ampliarem o placar no terceiro tempo. Com o gol fechado, o ataque brasileiro fez o seu papel. Bernardo Gomes virou para o Brasil e o Josip Vrilic ampliou para 5 x 3.
No último tempo, a defesa brasileira continuou fazendo a sua parte. Os campeões mundiais chegaram a empatar a partida, mas vitória brasileira foi sacramentada com um gol de pênalti marcado por Grummy, fechando a partida em 6 x 5.
Torneio Olímpico
O torneio masculino tem 12 seleções, divididas em dois grupos, com seis equipes cada. Todas se enfrentam e as quatro melhores de cada chave avançam à fase eliminatória, com quartas de final, semifinal e final disputadas em jogo único. O Grupo A tem Sérvia, Grécia, Brasil, Austrália, Japão e Hungria. No Grupo B estão Estados Unidos, Espanha, França, Montenegro, Itália e Croácia. A próxima partida do Brasil será na sexta-feira, contra a Grécia.
O polo é um dos esportes mais tradicionais dos Jogos Olímpicos, sendo a primeira modalidade coletiva a ser inserida no evento, em 1900, em Paris. A última vez que o Brasil participou das Olimpíadas foi em Los Angeles 1984, quando terminou na 12ª posição.
Breno Barros e Pedro Ramos - brasil2016.gov.br