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Rugby

30/07/2016 14h51

Rúgbi Feminino

A persistente escalada de Edna, de um projeto social ao rúgbi olímpico

Após começar no esporte em São José dos Campos, chegar à Seleção e superar duas graves lesões, atleta vive a expectativa da estreia

Edna Santini, 24 anos, sentiu uma emoção especial ao colocar os pés na vila olímpica. Depois de descobrir a bola oval de rúgbi em um projeto social em São José dos Campos, interior paulista, chegar até a Seleção Brasileira e enfrentar duas lesões que quase roubaram seu sonho olímpico, a jogadora vive a expectativa pela chegada da hora de entrar em campo, às 12h do próximo sábado (6.7), contra a Grã-Bretanha, no Estádio de Deodoro.

Atletas no Centro de Treinamento do Time Brasil, na Urca, uma dos locais de lapidação dos treinos antes da estreia nos Jogos

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Edna com a bola de rúgbi e o mascote Vinícius no Estádio de Deodoro, palco das partidas de rúgbi nos Jogos Olímpicos Rio 2106. Foto: Rio2016

A menos de uma semana da estreia, Edna e as companheiras de Seleção depositam fé, dedicação e paixão pelo esporte no objetivo de representar bem o país nas olimpíadas. "Vim de um projeto social, saí lá de baixo e consegui chegar ao patamar olímpico. Tive duas lesões que me tiraram do rúgbi por um tempo. Quebrei a fíbula em 2014 e a mão em 2015. Superei tudo para estar aqui. Superei tudo e estou aqui firme e forte para representar bem o Brasil", diz Edna, que treina na Seleção desde 2008, quando tinha 16 anos.

Jogar com homens na iniciação esportiva foi a regra para a maioria das jogadoras. Mesmo sem um time com meninas para treinar no projeto social em São José dos Campos – Aprendendo e Jogando Rúgbi –, Edna entrou para o esporte, enfrentou os meninos, desenvolveu as técnicas e chegou à seleção. "Hoje muitas pessoas conhecem ou já ouviram falar do rúgbi. Para a gente foi muito importante poder rodar o mundo, ter experiência internacional para chegar bem preparado para enfrentar as adversárias", diz a jogadora.

Retorno aos Jogos

Na Seleção de rúgbi, não importa se a jogadora tem dois ou dez anos no time. No Rio 2016, tanto as experientes quanto as novatas vão pisar pela primeira vez no gramado dos Jogos Olímpicos – modalidade que volta ao calendário do evento após quase um século de ausência (foram 92 anos fora).

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Equipe reunida na Vila dos Atletas. Investimentos na modalidade permitiram mais intercâmbio internacional e crescimento do nível técnico. Foto: Breno Barros/Brasil2016.gov.br

Eleita a melhor jogadora de rúgbi pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em 2015, Paula Ishibashi, 31 anos, é uma das mais experientes do grupo. Ela viveu todas as fases, participou do processo de profissionalização do rúgbi nacional e conhece a rotina de Seleção desde 2004.

"Comecei a jogar com 15 anos. Na época foi por causa de convites de amigos do colégio. Os meninos chamavam as meninas para jogar. Não tinha muitas meninas. Hoje é diferente, o número de praticante aumentou. Comecei naquela época e nem fazia ideia de que chegaríamos até aqui", afirma Paula, sobre a oportunidade de divulgar o esporte com a visibilidade que os Jogos Olímpicos darão.

Zazá é outra que viveu de perto todo o crescimento da modalidade. Ela treinou com a Seleção até três meses atrás, quando passou a enfrentar uma série de lesões. Agora, como integrante da comissão técnica, a ex-jogadora não esconde a alegria de participar do que considera um momento único para o rúgbi brasileiro.

"É muito gratificante estar aqui, ter participado dos dois lados, dentro e fora de campo. É um prazer enorme saber o quanto trabalhamos duro. Estamos bem empolgadas com a possiblidade de garantir visibilidade ao esporte que tanto amamos", conta.

Antigamente, a Seleção participava de uma ou duas tentativas de etapas do circuito mundial. Desde 2011, a gente começou a participar de seis etapas do circuito mundial. Isso foi o grande diferencial da preparação
Zazá, integrante da comissão técnica

Zazá explica que o rúgbi feminino brasileiro evoluiu muito nos últimos anos. "Antigamente, a Seleção participava de uma ou duas tentativas de etapas do circuito mundial. Desde 2011, a gente começou a participar de seis etapas do circuito mundial. Isso foi o grande diferencial da preparação, que fez a gente se sentir mais preparada e apta a competir aqui. As seleções que jogamos lá são as mesmas que vamos enfrentar aqui e o nível é bem mais alto do que no sul-americano", avalia.

Investimentos

No Brasil, a prática do rúgbi é recente. Parte do crescimento está vinculado a investimentos do Ministério do Esporte à modalidade. Desde 2011, o governo celebrou dois convênios com a Confederação Brasileira de Rugby, totalizando R$ 13 milhões. Os convênios garantiram a preparação das seleções brasileiras (masculina e feminina) para os Jogos Olímpicos, bolsas para as atletas, contratação de equipe técnica, custeio de deslocamentos aéreos, alimentação, hospedagem no Brasil no exterior.

Breno Barros, brasil2016.gov.br