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Atletismo

27/06/2017 15h10

Atletismo

De fora do Mundial de Londres, Verônica Hipólito mira na recuperação e em Tóquio

Medalhista de prata e bronze no Rio de Janeiro, atleta voltou a competir neste mês após uma cirurgia para a retirada de um tumor no cérebro

Quando o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) anunciou, no último dia 8, os 25 convocados para o Mundial de Atletismo de Londres, um importante nome da modalidade precisou ficar de fora. Mais uma vez se recuperando de um procedimento cirúrgico, Verônica Hipólito desta vez não estará com os companheiros, que brigam pelos títulos na pista e em campo entre 14 e 23 de julho. No entanto, a paulista de São Bernardo do Campo garante que se sentirá representada pela equipe e que já direciona a preparação para alcançar mais medalhas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020.

“Estou me recuperando bem. Tenho que ir de mês em mês nos médicos, fazer vários exames, mas estou bem. Estou com saúde, viva, e agora é voltar a correr bem”, conta a atleta, medalhista de prata (100m T38, para atletas com paralisia cerebral) e de bronze (400m T38) nas Paralimpíadas do Rio, no ano passado.

No Rio de Janeiro, Verônica conquistou duas medalhas na classe T38. Foto: Miriam Jeske/Heusi Action/Brasil2016.gov.br

Para chegar aos pódios que hoje coleciona, Verônica precisou vencer uma sequência de desafios na saúde: um tumor no cérebro descoberto em 2008, um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que afetou os movimentos do lado direito do corpo, o diagnóstico de uma síndrome rara, a Polipose Adenomatosa Familiar, às vésperas dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em 2015. Ali, determinada a seguir na carreira, competiu no Canadá, trouxe três ouros (100m, 200m e 400m T38) e uma prata (salto em distância T20/37/38) para casa e, só então, enfrentou a cirurgia para retirada de parte do intestino grosso.

O procedimento no cérebro, por sua vez, ficaria para depois das conquistas no Rio de Janeiro. “Depois de Toronto, operei o intestino e segurei a da cabeça. Em janeiro deste ano fiz a cirurgia para retirar o tumor. Fiquei três meses parada, depois passei mais um mês em fisioterapia e só treinei por uma semana na pista para voltar a competir no Circuito Nacional”, conta. No dia 3 de junho deste ano, Verônica fez a reestreia durante o Circuito Loterias Caixa de Atletismo, em São Paulo, já faturando o ouro nos 100m e nos 200m T38.

Em Toronto, a brasileira conquistou três ouros e uma prata mesmo antes de ser operada. Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

O resultado, contudo, ainda não foi o suficiente para assegurar a convocação para o Mundial de Londres, do próximo mês. Desta vez, o CPB estabeleceu altos índices baseados nas primeiras colocações do ranking de 2016 de cada prova e classe. “Cheguei a 95% do índice para o Mundial, mas amigos muito queridos estarão lá. Tenho certeza de que vão representar bem o país e estou me sentindo lá com eles”, comenta Verônica. “Não vou para o Mundial, mas voltei a correr e já estou feliz com isso. O ano não acabou, e as minhas medalhas das Paralimpíadas do Rio me dão muito ânimo. Quero ter excelentes resultados ainda este ano”, avisa.

A saúde debilitada e em recuperação já ganhou uma nova perspectiva. “Mesmo com tantas cirurgias e a saúde mais fraca que a dos outros, continuo ganhando medalhas em todas as competições de que participo”, argumenta, com serenidade, a paulista de apenas 21 anos, sempre impulsionada pelos pódios que alcançou nos Jogos do ano passado. “As medalhas são as minhas queridinhas. Se elas fossem pessoas, estariam sempre comigo”, brinca.

Pódio no Engenhão: conquista após uma sequência de desafios na saúde. Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

“Tive momentos bem difíceis antes, com lesões, cirurgias, e ter conquistado uma prata e um bronze na minha primeira Paralimpíada, com 20 anos, no meu país, foi espetacular. Essas medalhas me deram muita força para continuar sempre querendo mais e mais. Tóquio para mim já está aí, e quero ganhar o ouro”, projeta a velocista, que neste ano foi mais uma vez contemplada com a Bolsa Pódio do governo federal.

É com o foco em 2020 que ela cria forças para, mais uma vez, se reerguer e retomar a performance nas pistas. “Quero ter uma saúde muito boa para não parar em mais um ciclo. Vou dar o meu melhor, meu máximo. Quero dar orgulho ao Brasil em Tóquio, e acredito que vou, assim como muitos companheiros meus. Estou animada”, empolga-se.

Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br