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Tiro com arco paralímpico

02/08/2017 11h52

TIRO COM ARCO PARALÍMPICO

Com ouro na República Tcheca, Jane Karla sobe para o terceiro lugar no ranking mundial

Arqueira brasileira disputa em setembro o Mundial paralímpico e, em outubro, embarca para o Mundial do arco composto com atletas sem deficiência

Quando Jane Karla embarcou para a European Para Archery Cup, etapa da Copa do Mundo de tiro com arco paralímpico realizada em Nove Mesto, na República Tcheca, ela não poderia prever as emoções que viveria durante e após a competição, no último dia 23. Depois de igualar o recorde mundial da prova na semifinal e de empatar na final com a russa Stepanida Artakhinova no disparo das 15 flechas, com 138 pontos para cada lado, a brasileira ainda viu a rival acertar o tiro decisivo, em uma espécie de morte súbita, colocando a flecha bem perto do centro do alvo. Jane precisava, então, de um tiro ainda mais certeiro para assegurar o título do torneio.

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Foto: World Archery/Divulgação

"Claro que existe o nervosismo, mas temos que treinar para controlá-lo. Como empatamos nas 15 flechas, venceria a que atirasse a flecha da decisão o mais próximo do centro. Ela começou atirando e acertou a linha do X", relembra a brasileira. "Eu ouvi que ela tinha acertado e pensei que precisaria fazer ainda melhor. Respirei fundo, me concentrei e atirei. Vi que tinha acertado muito no centro, mas estava bem longe do alvo e não sabia ao certo se ia dar. Depois ouvi o pessoal falando que o meu tinha sido mais perto. Aí chorei, vibrei muito", conta, animada, a campeã da etapa, que contou com 123 atletas, de 25 países.

A medalha de ouro seria apenas a primeira comemoração de Jane Karla. Passada a competição, a atleta viu seu nome subir da 11ª para a terceira colocação no ranking mundial paralímpico do arco composto. "Foi emocionante. Você fica esperando melhorar no ranking e dar um salto desses foi uma alegria, bom demais. É sinal de que nosso trabalho está no caminho certo, e quero melhorar cada dia mais", comenta. "Foi uma grande surpresa", acrescenta Jane. Com 168.000 pontos, a atleta goiana está atrás apenas da italiana Eleonora Sarti (183.880) e da chinesa Yueshan Lin (175.400) na listagem internacional.

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Ouro na Copa do Mundo: decisão no desempate. Foto: Arquivo pessoal

A brasileira, contudo, não terá muito tempo para celebrar o título. Em setembro, Jane já disputa o Mundial paralímpico, em Pequim, na China. "Eu diria que a Copa do Mundo foi uma prévia. As melhores do mundo estavam lá e atirando muito bem. Foi bacana participar com elas e ainda ser campeã", avalia.

Já em outubro, na Cidade do México, a atleta disputa o Mundial do arco composto ao lado de arqueiros sem deficiência física. A competição, contudo, é encarada por ela mais como uma forma de treino. "Meu foco sempre vai ser o paralímpico. Eu participo do outro e é bacana, é um ganho de experiência no esporte. Dá para fazer os dois. É sempre um treino para viver a adrenalina e ir se acostumando com o clima de competição em um esporte que necessita muito disso porque qualquer detalhe faz diferença. Para mim é válido, eu aprendo muito com eles", explica. O arco composto ainda não faz parte do programa olímpico (apenas o arco recurvo), mas já foi inserido nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019.

Experiência

Para todos os compromissos, Jane conta com o apoio da Bolsa Pódio. "Sem esse suporte seria tudo complicado. O Ministério do Esporte sempre esteve comigo, desde quando eu era do tênis de mesa", relembra. "É a bolsa que nos dá condições de ir às competições, de pagar as inscrições, de nos dedicarmos ao esporte. Isso permitiu que eu estivesse aqui hoje com esse resultado", afirma.

Antes de iniciar no tiro com arco, Jane Karla foi atleta da seleção brasileira de tênis de mesa paralímpico, e chegou a disputar os Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012 na modalidade. Em 2015, quando precisaria se mudar para São Paulo para seguir no esporte, decidiu se reinventar e iniciar um novo desafio. Naquele mesmo ano, a goiana já se consagrou campeã nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto pelo tiro com arco. Nas Paralimpíadas do Rio, por pouco não chegou ao pódio, caindo nas quartas de final diante da chinesa vice-campeã mundial Yueshan Lin.

Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br