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Com autoridade, Brasil faz 3 x 0 na Rússia e encerra etapa "caseira" na Liga das Nações
A Seleção Brasileira de vôlei se recuperou com sobras da derrota para a República Dominicana na Liga das Nações. Na terceira e última partida da equipe em solo nacional na competição, nesta quinta-feira (23.05), as comandadas por José Roberto Guimarães venceram a Rússia por 3 sets a 0, com parciais de 25/15, 25/17 e 25/14, em uma hora e 18 minutos de jogo. Com o resultado da partida disputada no ginásio Nilson Nelson, em Brasília (DF), o Brasil acumula duas vitórias (a outra foi contra a China) e uma derrota no torneio, e ocupa a quinta colocação no ranking geral entre as 16 seleções inscritas.
"O time jogou mais solto e com aquele gostinho da derrota de ontem. Essa superação foi importante. Marcamos bem as bolas de extremidades do time russo e o saque funcionou melhor"
José Roberto Guimarães, técnico da seleção brasileira
"O time jogou mais solto e com aquele gostinho da derrota de ontem. Essa superação foi importante. Marcamos bem as bolas de extremidades do time russo e o saque funcionou melhor, assim como a relação entre bloqueio e defesa. Agora é partir para a próxima fase", afirmou o técnico José Roberto Guimarães.
A segunda das cinco semanas da Liga das Nações terá uma escala europeia na semana que vem. Em Apeldoorn, na Holanda, o Brasil vai enfrentar as donas da casa, em 28 de maio, e, nos dois dias seguintes, medirá forças contra Polônia e Bulgária (veja quadro). A liderança provisória está com Estados Unidos, Turquia e Itália, únicas equipes com 100% de aproveitamento, com três vitórias em três rodadas.
A Liga das Nações é uma verdadeira maratona. As 16 seleções jogam entre si em turno único. Cada uma faz 15 partidas. Ao todo, são 21 cidades-sede. O Brasil jogará em três continentes diferentes (América, Europa e Ásia). Ao fim dessa peregrinação, as cinco melhores equipes mais a China, anfitriã da etapa decisiva, se classificam para os duelos pelo título em Nanjing, entre 3 e 7 de julho.
O jogo
A partida desta quinta-feira, diante de 9.265 torcedores em Brasília, pode ser definida como um passeio das comandadas de Zé Roberto. Diante da nova geração russa, a Seleção soube se impor, com boa combinação de recepções bem articuladas e ataques distribuídos de forma mais pulverizada. O destaque foi a oposta Paula Borgo, que saiu de quadra como maior pontuadora, com 17 acertos.
"Acho que hoje jogamos mesmo como conjunto. Nosso time é novo de idade e de experiência internacional. Estamos lutando pelo nosso espaço"
Paula Borgo, oposta
A diversidade ofensiva foi o principal destaque na avaliação pós-jogo de atletas e comissão técnica, principalmente porque marcou uma grande diferença em relação à derrota contra a República Dominicana. Na quarta-feira, a ponteira Gabi ficou sobrecarregada e, segundo José Roberto, fez mais de 100 saltos no jogo.
"Tem de ser assim, com um jogo mais distribuído entre todas. Se concentrar em uma, fica fácil para o time adversário marcar. Quando temos resposta das jogadoras de meio, como tivemos hoje, com a Mara e com a Bia, a Paula ficou numa situação mais confortável, bem como Amanda e a Gabi, que puderam se concentrar mais com o passe. Lógico, atacaram também, mas não com tanta quantidade, principalmente a Gabi. Acho que a distribuição de hoje é a ideal", comentou o treinador.
"Acho que hoje jogamos mesmo como conjunto. Ainda tem coisas que precisamos melhorar, como o bloqueio e o saque, mas foi bom. Nosso time é novo de idade e de experiência internacional. Estamos lutando pelo nosso espaço", afirmou Paula Borgo, paulista de 24 anos que tem no currículo o título mundial Sub-23 em 2015.
A primeira parcial teve domínio brasileiro o tempo todo. Durou 24 minutos e terminou com um bloqueio da ponteira Amanda para decretar 25/15. A segunda foi a única em que a Rússia abriu frente, mas a equipe nacional se recuperou na segunda metade do set e fechou em 25 x 17, com um bloqueio da ponteira Tainara. A terceira parcial foi quase um jogo-treino, com as russas colecionando erros e o Brasil até tirando o pé do acelerador. Ainda assim, o elenco nacional abriu 14/5 e conduziu o padrão até o fim, para fechar o set e o jogo em 25/14, novamente com Tainara, ponteira paulista de apenas 19 anos.
"Acho que foi importante essa visibilidade e ter entrado e dado conta do recado. Gostei muito, me senti bem e que seja assim mais vezes. Perder nunca é bom, mas esse é um campeonato rápido e intenso. Quando a gente perde tem de virar a chave rápido, pensar no próximo adversário, e foi o que a gente fez. De zero a dez me dou cinco porque me cobro bastante, errei algumas coisinhas e preciso me aperfeiçoar e crescer em cada oportunidade", disse Tainara, campeã sul-americana Sub-20 em 2018.
Para Alexsander Krasilnikov, técnico da renovada seleção russa, a derrota foi dura, mas teve sabor de aprendizado para seu elenco, principalmente pela chance de jogar diante da participativa torcida brasileira. "Essa foi a primeira visita ao Brasil para muitas das nossas jovens atletas. Essa experiência aqui, com um ginásio lotado e muita pressão das arquibancadas, foi um teste importante para todas elas".
Surpresa na preliminar
Na partida preliminar, um resultado inesperado. A República Dominicana, que vinha de duas vitórias consistentes sobre Brasil e Rússia, acabou tropeçando na jovem seleção chinesa, que vinha de duas derrotas. As asiáticas venceram de virada por 3 sets a 1, com parciais de 16/25, 25/23, 25/23 e 25/23.
"Eu não apostaria nunca que elas fossem perder. Até falei para o Marquinhos (técnico brasileiro Marcos Kwiek, que treina a equipe caribenha) que de jeito nenhum podia imaginar. Eu falei: 'Cabeção', como pôde vocês perderem esse jogo? Ele me disse que sacaram mal e aí as chinesas, com o passe na mão, criaram dificuldades. Esse é o voleibol", disse José Roberto.
Prioridade
Com um elenco que mescla atletas experientes na seleção, com a ponteira Gabi e a líbero Leia, mesclado com jovens talentos, o Brasil encara a Liga das Nações como uma fase de preparação de luxo para o Pré-Olímpico, que será disputado em agosto e define vagas para os Jogos de Tóquio, em 2020.
O sistema de disputa do pré-olímpico dividiu 24 seleções em seis chaves, cada uma com quatro equipes. As seis vencedoras dos grupos carimbam o passaporte para os Jogos do Japão. O Brasil está no Grupo D, ao lado de República Dominicana, Camarões e Azerbaijão.
Os duelos serão em turno único, entre 2 e 4 de agosto, no Brasil. A sede ainda está sendo definida pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) e pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Quem não conseguir a vaga nessa oportunidade, terá chance nos pré-olímpicos continentais, em 2020. O Japão, por ser país-sede, já está classificado.
Em Tóquio, o Brasil tentará o tricampeonato olímpico. A seleção tem no currículo os títulos consecutivos conquistados em Pequim (2008) e Londres (2012), ambos sob comando de José Roberto Guimarães. Nos Jogos Rio 2016, a seleção perdeu a chance do pódio em casa ao cair diante da China (que terminaria como campeã) nas quartas de final.
Investimento
Oito das 19 atletas convocadas pelo técnico José Roberto Guimarães são integrantes do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento federal anual nessas atletas é de R$ 163,7 mil. No vôlei nacional como um todo, há 180 atletas apoiados atualmente, com 87 mulheres. O aporte anual de recursos é de R$ 1,1 milhão.
Brasil 3 x 0 China
Brasil 1 x 3 República Dominicana
Brasil 3 x 0 Rússia
PRÓXIMOS COMPROMISSOS
Holanda (Apeldoorn)
28 de maio - Holanda x Brasil - 14h30
29 de maio - Polônia x Brasil - 11h30
30 de maio - Brasil x Bulgária - 14h30
Estados Unidos (Lincoln)
4 de junho - Brasil x Alemanha - 18h30
5 de junho - Coreia do Sul x Brasil - 18h30
6 de junho - Estados Unidos x Brasil - 21h30
Japão (Tóquio)
11 de junho - Japão x Brasil - 7h10
12 de junho - Brasil x Tailândia - 3h40
13 de junho - Brasil x Sérvia - 3h40
Turquia (Ancara)
18 de junho - Brasil x Itália - 10h
19 de junho - Bélgica x Brasil - 10h
20 de junho - Turquia x Brasil - 13h
Gustavo Cunha - rededoesporte.gov.br