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25/07/2016 09h32

São Paulo faz grande festa para celebrar a passagem da tocha

Revezamento na maior cidade do país reuniu artistas, atletas e contou com grande participação popular ao longo de 51 quilômetros e 260 condutores

Em contagem regressiva para a chegada ao Rio de Janeiro e acendimento da pira olímpica no Maracanã, no dia 5 de agosto, a chama olímpica passou o domingo (24.07) em São Paulo. Durante todo o dia, a chama dos Jogos Rio 2016 esteve na maior cidade do país, com seus 12 milhões de habitantes. Conhecida por permanecer "acordada" 24 horas todos os dias da semana, a capital paulista realizou o maior percurso de revezamento desde o início da caravana nacional, em 3 de maio. A chama percorreu 51 quilômetros nas mãos de 260 condutores.

Ainda era cedo quando a chama chegou ao Museu do Ipiranga, que representa o marco da Independência e da história do país e de São Paulo. A movimentação atípica para 7h30 de um domingo chamou a atenção de quem costuma fazer exercícios no local. A animação ficou por conta da Banda da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, que animou o público e recepcionou o ex-atleta Amauri Ribeiro, ouro no vôlei nas Olimpíadas de Barcelona-1992 e prata em Los Angeles-1984.

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Amauri tem duas medalhas olímpicas: prata em Los Angeles-1984 e ouro em Barcelona-1992. Foto: Rafael Brais/ brasil2016.gov.br

O jogador desceu as escadas do museu acompanhado por uma multidão que só crescia. Ele fez o primeiro beijo da tocha com o skatista Ronaldo Gomes, o Rony, que desceu a ladeira do Parque da Independência fazendo o que mais gosta, deslizando sobre rodas. "Estou feliz porque sou um cara que nasci e cresci em São Paulo, andando de skate, e vinha muito aqui quando criança. Isso faz parte da minha vida", diz.

Rony levou a chama até o Monumento à Independência e ela seguiu para a Praça da Sé, passando pelas ruas dos bairros Vila Monumento, Mooca e Brás. Já no Centro, o fogo foi recebido pelo padre italiano Paolo Parise, na Catedral Metropolitana, construída em 1588 e considerada a maior igreja da cidade, com 92 metros de altura. A igreja está na Praça da Sé, o marco zero de São Paulo.

Pelas mãos de ex-atletas, como o ex-jogador da Seleção Brasileira de Rugby Sami Arap Sobrinho e o nadador Gustavo Borges, a chama passou por outros pontos importantes, como o Largo São Bento, um dos espaços públicos mais antigos de São Paulo, que nasceu em 1598. Com quatro medalhas olímpicas, Gustavo curtiu o revezamento, além de acompanhar o comboio com um dos patrocinadores. "Uma emoção tremenda carregar a tocha. Um momento mágico, espetacular", festejou.

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No Viaduto do Chá foi a vez do ex-jogador de futebol e comentarista Walter Casagrande. Primeiro viaduto da cidade, ele ganhou este nome porque, quando foi inaugurado, em 1892, estava próximo às plantações de chá da Índia. Casagrande foi o responsável por entregar o fogo olímpico ao maestro João Carlos Martins, um dos maiores pianistas do mundo. Na escadaria do Theatro Municipal, Martins não escondeu a emoção. "Estou mais nervoso do que para o concerto que vou ter amanhã", contou. Um dos cartões postais da capital paulista, o teatro tem grande importância histórica por ter sido palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil.

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O jovem talento do tiro com arco, Marcus D`Almeida, conduziu a tocha na Avenida Paulista. Foto: Rafael Brais/brasil2016.gov.br

Ao som dos Demônios da Garoa, a chama passou no cruzamento mais famoso da cidade, entre as avenidas Ipiranga e São João, eternizado na música 'Sampa' de Caetano Veloso. A banda está no Livro dos Recordes Brasileiro como o "Conjunto Vocal Mais Antigo do Brasil em Atividade". Os cinco integrantes do grupo - Izael, Wilder, Roberto, Sérgio e Ricardo – percorreram 400m, até a Praça da República, cantando e embalando o revezamento ao som de sucessos como o 'Trem das Onze'.

Mas festa mesmo estava preparada na Paulista e coube ao atleta Marcus Vinicius D'Almeida, grande promessa do Tiro com Arco, entrar na avenida com a chama olímpica. Centro financeiro de São Paulo, a via foi inaugurada em 1891 e é palco de grandes eventos como a corrida de São Silvestre e o tradicional Revéillon, além de ser fechada para carros aos domingos para lazer dos paulistanos. Neste domingo, houve surpresas para quem foi conferir o revezamento. Em arcos olímpicos suspensos, mulheres da "Companhia K" faziam acrobacias, içadas por cabos de aço presos a um guindaste, ao mesmo tempo em que músicos da mesma companhia tocavam clássicos da música brasileira.

Marcus passou a chama para a ex-tenista Maria Esther Bueno, ganhadora de 19 torneios do Grand Slam e oito vezes campeã de Wimbledon. "Realmente essa é uma felicidade extrema. Nunca pensei na minha vida chegar na minha idade, aqui na Paulista, carregando a tocha olímpica", disse.

A Vila Mariana recebeu a campeã olímpica Fernanda Garay, que conquistou o ouro com a equipe de vôlei em Londres 2012 e já está convocada para o Rio 2016. Focada nos jogos, ela prometeu buscar o seu bicampeonato e o tri do Brasil. "O trabalho está acontecendo e a gente vem fazendo desde muito tempo, ele não é de agora. Vai ser dureza, mas acredito muito", espera.

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Fernando Fernandes, campeão mundial de paracanoagem, e Lais Souza, que já representou a ginástica artística brasileira em Jogos Olímpicos, conduziram a tocha no Parque Ibirapuera. Foto: Rafael Brais/brasil2016.gov.br

A emoção continuou no Parque do Ibirapuera, onde a tocha andou novamente de skate, mas agora com o maior medalhista da história do X Games, o skatista Bob Burnquist. A ex-atleta Laís Souza também estava no parque para conduzir a chama e emocionou quem estava lá. Sob os aplausos e gritos de "guerreira", a ex-ginasta, que já participou de dois Jogos Olímpicos (Atenas 2004 e Pequim 2008) usou uma cadeira motorizada diferente e conduziu o fogo em pé. Há dois anos, Laís sofreu acidente em uma pista de esqui, quando treinava para as Olimpíadas de Inverno, e ficou tetraplégica. "Eu estou carregando a tocha, mas parece que a energia é de todo mundo. Então estou carregando a tocha pelos cadeirantes, pelos brasileiros, pelo pessoal que está aqui, por vocês da mídia", compartilha.

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A ex-tenista Maria Esther Bueno conduz a tocha na Avenida Paulista. Foto: Rafael Brais/Brasil2016.gov.br

Laís passou a chama para o campeão mundial de paracanoagem Fernando Fernandes, que era pura alegria. "Sensacional, isso aqui é o quintal da minha casa, o Ibirapuera. Eu nasci aqui, aprendi a treinar aqui, a jogar bola", contou. Fernando acredita que o revezamento tem um papel essencial para chamar a atenção das pessoas. "Este momento é importante  para mostrar para que serve, o quanto a gente vai mudar, o quanto a gente quebra paradigmas, a gente traz motivação para as pessoas. Então, o momento olímpico é grande e o paralímpico é enorme, gigante", afirma.

A tarde foi a vez da chama conhecer o Mercado Municipal Paulistano, antigo Mercado Central, e ficar com água na boca dos famosos pastéis de bacalhau e sanduíches de mortadela. De lá, a tocha seguiu para a Estação da Luz. Localizada na Praça da Luz, a estação foi inaugurada em 1867 e neste domingo testemunhou mais uma história especial dentre as muitas que vê diariamente. A Pinacoteca, também na Praça, não ficou de fora do tour e foi lá que o artista Carlos Eduardo Kobra conduziu a chama. "Sou nascido na cidade de São Paulo, então para mim está sendo um prazer, uma satisfação, mais ainda porque está sendo em frente a esse museu de arte que tem tudo a ver com a minha trajetória", disse. Kobra começou sua carreira como pichador, depois se tornou grafiteiro e hoje considera-se um muralista. Atualmente está realizando dois trabalhos para as Olimpíadas no Rio: um pôster e um muro que está pintando na cidade sede dos Jogos. "O muro tem três mil metros quadrados, e a obra é um pedido para que essa Olimpíada seja marcada pela união dos povos e pela paz", acredita.

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Anderson Varejão, três vezes finalista da NBA e integrante da seleção brasileira de basquete, conduz a tocha no Pacaembu. Foto: Rafael Brais/brasil2016.gov.br

No fim da tarde a chama chegou ao Pacaembu, sede da Copa do Mundo de 1950 e onde está o Museu do Futebol. Inaugurado em 1940 por Getúlio Vargas, o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho foi eleito o maior e mais moderno da América Latina na época. Fora dos Jogos da Copa de 2014 no Brasil, a arena teve a chance de sediar neste domingo uma linda homenagem a 150 atletas paulistas, além de receber uma volta olímpica do revezamento da tocha. Os homenageados foram os responsáveis por fazer parte do corredor de isolamento para a passagem da chama.

O ex-jogador de vôlei José Montanaro Júnior recebeu o fogo na entrada do estádio e entrou em campo correndo, ouvindo gritos de apoio. Prata em Los Angeles 1984 e um dos jogadores responsáveis pela conquista da primeira medalha brasileira na Copa do Mundo de Voleibol Masculino, realizada em Tóquio (1981), Montanaro fez o beijo da chama com a veterana Eleonora Schmitt. A ex-nadadora conseguiu uma vaga para as Olimpíadas de Londres 1948, com apenas dois meses de treinos. Ela passou a chama para a ex-jogadora de futebol Juliana Cabral, prata em Atenas 2004. Juliana levou o fogo aos últimos condutores dentro da arena: o cantor Luan Santa e mais oito adolescentes que ganharam um concurso de redação promovido por um dos patrocinadores. Cantando músicas do artista, Luan dividiu o momento com cada um dos jovens que pode conduzir a chama por alguns minutos.

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O artista Luan Santana foi outro dos condutores. Foto: Lilian Amaral/Brasil2016.gov.br

Na saída do estádio, o músico passou a chama para o jogador de basquete Anderson Varejão, que atua no Golden State Warrior e estará nos Jogos Rio 2016. "Momento muito especial. Eu costumo falar que quando eu comecei a jogar basquete eu nunca imaginei competir uma Olimpíada, muito menos no Brasil, nem ser um dos condutores da tocha. Então é um momento de muita felicidade, me sinto muito honrado", agradece. Sobre os Jogos, o atleta diz que a meta é o pódio e as expectativas são as melhores possíveis. "A gente sabe do nosso potencial, provamos isso nas duas últimas competições internacionais de mais peso, Olimpíada e Mundial. Jogamos de igual para igual com todo mundo. Infelizmente não conseguimos o pódio, que era o grande objetivo. A gente pretende, no Brasil, conseguir algo especial como a medalha", promete.

A chama olímpica terminou o dia no Sambódromo do Anhembi, palco dos desfiles de carnaval paulista. A pira da celebração final em São Paulo foi acesa por três lendas que brilharam nos três principais times de futebol capital paulista, Roberto Rivellino, ex-jogador do Corinthians e do Fluminense e campeão da Copa do Mundo de 1970; Ademir da Guia, considerado o maior ídolo da história do Palmeiras, e Armelino Quagliato, o Zetti, um dos grandes nomes do São Paulo. Ao final, o público ainda conferiu o show dos também condutores Luan Santana e Ludimila. 

Rota

A chama olímpica tem programação especial nesta segunda-feira (25.07) e conhecerá Ilhabela. Na terça-feira (26.07), o revezamento da tocha permanece no estado de São Paulo e passa pelas cidades de Suzano, Mogi das Cruzes, Jacareí e São José dos Campos, cidade-celebração.

Lilian Amaral, brasil2016.gov.br