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28/07/2016 01h04

Tour da Tocha

Chama olímpica conhece carnaval de marchinhas e volta ao estado do Rio

Revezamento da tocha se despede de São Paulo em São Luiz do Paraitinga com direito a festa popular "de raiz". Abertura dos Jogos será em 5 de agosto

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José Roberto Correa conduziu a tocha nos últimos 200 metros do revezamento em Paraitinga. Foto: Francisco Medeiros/ME

As fitilhas e bandeirinhas penduradas nas ruas e as marchinhas de carnaval saindo do som no palco montado no coreto da praça Oswaldo Cruz denunciavam que a chama olímpica estava chegando em São Luiz do Paraitinga. O percurso de apenas 2,2 quilômetros do revezamento da tocha na cidade nesta quarta-feira (27.07) foi o suficiente para mostrar a força e alegria típicas dos luizenses. Boa parte dos mais de 10 mil habitantes se encontrou no centro histórico para vivenciar o momento. Durante o dia a chama passou, ainda, por Taubaté e Ubatuba, em São Paulo, e entrou no Rio de Janeiro por Paraty e Angra dos Reis.

Conhecida pelo conjunto arquitetônico, São Luiz do Paraitinga tem o maior conjunto de casarões da Era do Café, tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) do Estado de São Paulo. Oito desses prédios, inclusive a igreja Matriz, foram destruídos numa enchente no início de 2010 e reconstruídos com esforço da própria população. Por isso, a passagem da chama pelo município tem simbologia ainda maior, como explica o diretor municipal de Turismo, Luciano Coca Lopes. "A chegada da tocha é um símbolo não só olímpico, mas de uma cidade que se levantou com uma força que só São Luiz pode ter. Significa o fogo de uma nova vida, da força da fé que o luizense tem durante todo o ano", fala.

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Cidade é conhecida pela valorização da cultura popular. Foto: Francisco Medeiros/ME

O carnaval de São Luiz do Paraitinga, que só permite a execução de marchinha nas ruas da cidade, é um dos responsáveis pela fama. "A produção de música aqui é forte durante todo o ano e não apenas durante o carnaval. Então, na passagem da tocha não poderia ser diferente: teve música para homenagear esse momento", conta Lopes, ao se referir às canções compostas por Galvão Frande, um dos principais artistas da região. De acordo com Lopes, São Luiz tem o título de cidade mais brasileira das cidades paulistas exatamente pela força da manifestação popular. "Aqui há uma espécie de resistência para segurar a cultura local e isso torna São Luiz singular no cenário cultural do país", explica.

Prova disso é a tradicional festa do Saci, uma das mais tradicionais no país e que chega a durar duas semanas. Agora, Saci e tocha se encontram em São Luiz, na marchinha que diz "Na terra do Saci / Agora a tocha é nossa!". O Dia do Saci, 31 de outubro, foi estipulado por um projeto de Lei Nacional em 2003, mas muitas cidades já tinham aprovado leis municipais antes da federal, entre elas São Luiz.

Essa força e alegria explicam a festa que a cidade preparou. "A expectativa era grande e foi correspondida porque todo mundo gostou e participou", disse Luciano. 

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Luizenses

Exemplo típico de luizense, José Roberto Correa teve a honra de conduzir a chama nos últimos 200 metros da rota, da Igreja do Rosário até o coreto em frente à Igreja Matriz. O professor de educação física é militante da difusão do esporte e da cultura como instrumento de inclusão social. "Gosto de usar o esporte e a música para ajudar e incentivar a garotada", explica. Para ele, o momento é único e tem um propósito que vai além do esporte. "Quando você ia imaginar que a tocha ia passar em São Luiz e eu ia ser indicado para ser condutor? Muito legal participar e compartilhar isso com as crianças de hoje e incentivar o esporte e afastar a juventude das drogas", espera.

Ex-diretor de esportes da prefeitura, Zé Roberto foi o fundador do projeto Guri Olímpico. A ideia surgiu a partir de um curso que fez com o técnico Bernardinho. Na ocasião, o professor ganhou uma camisa com alguns dizeres que ele julgou importantes, como estudo, amizade e disciplina. "Coloquei as coisas que eu achava importante para formar um cidadão", diz.

Filho de compositor de marchinhas, o professor também tem forte ligação com a música e, em 1987, recriou o grupo de fanfarra da cidade. "Eu não entendo quase nada de música, faço para incentivar a juventude". Presidente do grupo por 10 anos, o professor orgulha-se das conquistas. "A fanfarra já foi participar de vários concursos. Hoje somos mais fortes na cidade", garante.

Promessa olímpica

Atleta de natação do Corinthians e da seleção brasileira juvenil, Kainan de Jesus também esteve em Paraitinga para conduzir a chama. "Vou carregar o fogo que veio da Grécia, com certeza vou me sentir dentro das Olimpíadas", comemorou. Com 16 anos, o campeão sul-americano em 2015 em Lima, no Peru, sonha conquistar mais medalhas defendendo Brasil. "Meu sonho é participar das Olimpíadas, só que dentro da água, né? O maior objetivo é 2020", promete.

Tocha passou por ruas históricas da Paraty no retorno definitivo ao estado do Rio de Janeiro. Foto: Agência Brasil

Paraty

A cidade histórica de Paraty (RJ) foi a porta de entrada para a tocha no estado do Rio de Janeiro, na reta final do percurso até a abertura dos Jogos, em 5 de agosto. Começando pelo Portal da Cidade, a tocha percorreu cerca de três quilômetros, passando pelos principais pontos turísticos de Paraty, entre eles o Museu de Arte Sacra e a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios. 

Ao todo, 12 pessoas fizeram a condução, sendo dois grandes orgulhos da comunidade local: os paratienses Domingos Lício, corredor, e Gabriel de Amorim Santos, jovem jogador de futebol e futevôlei.Gabriel, que foi o último condutor, falou sobre sua experiência no evento. "Me sinto lisonjeado por ser um dos escolhidos, especialmente por lutar tanto para conquistar um espaço no esporte brasileiro", disse. 

Ao fim do revezamento houve festa e atividades no Areal da Praia de Pontal, outro importante atrativo da cidade.

Rota desta quinta-feira

A chama olímpica passa nesta quinta-feira (28.07) passa por Ilha Grande, Rio Claro, Resende e Barra Mansa e termina o dia em Volta Redonda, onde o carnaval do Bloco da Vila vai animar a cerimônia de celebração. Serão 117 condutores ao todo e 366 quilômetros, incluindo o deslocamento.

Lilian Amaral, do brasil2016.gov.br, com