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09/11/2017 10h17

Goalball

Carol: a voz da experiência na renovada Seleção Brasileira de Goalball

Única remanescente do time que defendeu o país na Rio 2016, jogadora disputa o Brasileiro da modalidade, em Brasília, e faz sua avaliação da nova geração para Tóquio, 2020

A carioca Ana Carolina Duarte era uma criança de 12 anos que tinha como paixão o balé quando o destino mudou seus planos. Em função de um tumor no cérebro, que forçou uma cirurgia, ela teve os nervos óticos atrofiados e o resultado foi a perda da visão no olho direito e praticamente toda a capacidade visual no esquerdo, que reconhece apenas claridades e vultos.

Depois de um período de adaptação, a jovem Carol, como é conhecida, encontrou no esporte um novo caminho. Com 14 para 15 anos, ela começou os treinamentos no goalball no Instituto Benjamin Constant e, desde então, a modalidade nunca deixou de estar presente em seu cotidiano.

Carol durante os Jogos Paralímpicos do Rio: equipe 'bateu na trave' na semifinal e na disputa do bronze. Foto: André Motta/Heusi Action

O caminho trilhado no goalball levou Carol a quatro edições dos Jogos Paralímpicos: Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016. Na capital fluminense, a Seleção feminina conquistou seu melhor resultado, com um quarto lugar, depois de quase avançar à final (empatou com a China em 3 x 3 no tempo normal e foi superada no gol de ouro na prorrogação) e perder o bronze para os Estados Unidos por um gol de diferença.

Um ano depois dos Jogos Rio 2016, Carol é a voz da experiência na Seleção Brasileira e sonha disputar a edição de Tóquio, em 2020. Das seis atletas que defenderam o Brasil no Rio, ela é a única que segue na Seleção. “Três engravidaram depois das Paralimpíadas e duas não foram convocadas”, explica a jogadora.

“O grande legado que as Paralimpíadas deixaram foi a conscientização do povo brasileiro de que existe o esporte paralímpico no país. Foi emocionante entrar no ginásio e ver tanta gente torcendo por nós. Nunca tínhamos experimentado algo assim"
Ana Carolina Duarte

Em Brasília para a disputa do Brasileiro de Goalball, Carol está otimista com a renovação na Seleção. “O time agora só tem meninas novas, de 17, 18, 20 anos. O primeiro desafio da equipe será no fim deste mês, quando as seleções brasileiras masculina e feminina disputam o Parapan-Americano, no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. O evento reunirá, entre 26 de novembro e 3 de dezembro, além do Brasil, Argentina, Peru, Venezuela, Costa Rica, México, Estados Unidos e Canadá.

"O torneio é importante porque vale vaga para o Mundial de 2018, na Suécia, onde estará em jogo a vaga para Tóquio 2020”, explica Carol. “Essa nova Seleção treina desde maio. Já fizemos quatro treinos e o quinto será antes do Pan. O que notei é que é um grupo animado e com energia. São meninas que sabem ouvir e só tenho expectativas boas. Espero passar o pouco que sei e aprender com elas”, diz Carol, que defende o Santos Futebol Clube, em parceria com o Lar das Moças Cegas (LMC).

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Carol durante o Campeonato Brasileiro de Goalball, que está sendo disputado em Brasília. Foto: Washington Alves/CPB/Inovafoto

Legado imaterial

Quando pensa em tudo o que viveu no Rio de Janeiro durante as Paralimpíadas, Carol tem uma certeza: o maior legado dos Jogos Rio 2016 para o esporte paralímpico não pode ser medido em números ou obras. “O grande legado que as Paralimpíadas deixaram foi a conscientização do povo brasileiro de que existe o esporte paralímpico no país”, afirma. “Foi muito emocionante entrar no ginásio no Rio de Janeiro e ver tanta gente torcendo por nós. Nunca tínhamos experimentado algo assim. Para nós, isso foi algo muito importante. As pessoas viram de perto que o deficiente pode lutar judô, jogar futebol e goalball, nadar, e acho que depois dos Jogos as pessoas aprenderam a nos ver com outros olhos”, continua.

Carol, entretanto, reconhece que o legado imaterial não foi o único. Os atletas herdaram dos Jogos o CT Paralímpico, em São Paulo, um local que permite a prática de 15 modalidades com estrutura sem precedentes no esporte paralímpico nacional. “Quanto ao CT em São Paulo, ele só veio a agregar. Lá podemos treinar várias modalidades ao mesmo tempo e o CT nos ajuda em nossa preparação, tanto para torneios nacionais quanto internacionais”, elogia.

Luiz Roberto Magalhães, brasil2016gov.br