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Golf

08/03/2016 17h37

Eventos-teste

Campo Olímpico de Golfe é aprovado por atletas e federação internacional

Nove brasileiros jogaram no novo espaço, na Reserva de Marapendi, para avaliar o gramado e o circuito. Ministro do Esporte aproveitou evento para fazer breve balanço das obras

Os 970 mil m2 e os 18 buracos do Campo Olímpico de Golfe foram testados nesta terça-feira (08.03) durante o Desafio Aquece Rio de Golfe. Debaixo de forte sol, nove atletas brasileiros foram responsáveis por dar as primeiras tacadas no local que será palco da modalidade nos Jogos Olímpicos, na Reserva de Marapendi, região da Barra da Tijuca. Em evento fechado ao público, os golfistas puderam avaliar as condições do novo campo.

“Está muito bom, superou as expectativas. Eu poderia jogar mais 18 buracos agora porque está uma delícia. Eu jogo no mundo inteiro e acho que este é um dos melhores campos em que já joguei na vida. A qualidade da grama é uma das melhores”, elogia Victoria Lovelady. “A primeira impressão foi muito boa. O campo está perfeito, não pensei que estaria em tão boas condições. O design está ótimo”, acrescenta Miriam Nagl. As duas atletas estão com chances de classificação para os Jogos Olímpicos.

Os homens que testaram o campo também aprovaram as condições encontradas. “Foi prazeroso jogar. Sou orgulhoso por ser daqui e ter um campo como esse no meu país. É um grande momento para nós, com os Jogos Olímpicos aqui”, aponta Alexandre Rocha.

“A qualidade é de primeiro mundo. Os profissionais do ranking mundial vão vir aqui e gostar. Acho que hoje a gente não pegou a dificuldade do vento, mas, quando ele entrar em jogo, aí sim vai dar para ver como o campo é difícil”, acredita Rafael Barcellos. “O único ponto que eu mudaria um pouquinho são as areias nos bunkers, que estão perto do green. Estão com um pouquinho mais de areia, mas em uma semana dá para arrumar”, avalia o golfista de 44 anos. Rafael Becker, Luciane Lee, Rodrigo Lee, Daniel Stapff e Candy Hannemann foram os demais atletas no evento-teste.



O presidente da Federação Internacional de Golfe (IGF), Peter Dawson, acompanhou o torneio de exibição e aprovou o que viu. “Eu acho que o campo está fantástico, em excelentes condições. O que precisamos fazer agora, e conversaremos com a Confederação Brasileira de Golfe (CBG) sobre isso, é um programa para que a instalação seja mantida para uso público”, comenta. Após os Jogos, o local será aberto para o uso da população e para o desenvolvimento de projetos sociais. 

Medições

De acordo com Paulo Pacheco, presidente da CBG, o evento-teste foi importante para testar aspectos que vão além do gramado. “O campo está em condições de jogo. Ele agora está recebendo os ajustes finais para os Jogos Olímpicos. O design, a construção e a irrigação são dos melhores do mundo. O que estamos testando é a mobilidade do jogador e a parte de medição da bola, de distância”, explica.

Segundo ele, a avaliação do espaço é fundamental para o planejamento da transmissão da competição. “Durante as Olimpíadas, teremos 71 câmeras transmitindo esses jogos para o mundo inteiro. O evento internacional com mais câmeras tem 59. Por isso, precisamos fazer essas medições todas, entender onde a bola bate, para onde vai correr, para sinalizar ao mundo a qualidade do campo olímpico”, acrescenta.

De acordo com o diretor de gestão das instalações do Comitê Rio 2016, Gustavo Nascimento, outro importante aspecto testado foi o sistema de resultados. “Foi uma oportunidade de acessar o campo e ter certeza de que o sistema de resultados e de tempo funcionam. O golfe não exige um sistema sofisticado, mas é importante para nós darmos a oportunidade de testá-lo”, explica.

O Campo Olímpico de Golfe foi construído integralmente com recursos privados, no valor de R$ 60 milhões, e desenhado pelo arquiteto norte-americano Gil Hanse. Com capacidade para 15 mil torcedores durante os Jogos Olímpicos, a área de competição tem dois lagos artificiais e bancas de areia entre os obstáculos. A operação do evento-teste contou com 111 voluntários do Rio 2016, além de 55 funcionários.

Proteção ambiental

Com a revitalização da área, degradada desde os anos 1980, e a restauração da vegetação local, o campo olímpico foi construído com a missão de preservar a biodiversidade da região. Há hoje, segundo o Comitê Organizador Rio 2016, 263 espécies animais na instalação, sendo 10 vulneráveis ou em perigo, e 250 da flora, sendo 12 raras ou ameaçadas.

“Hoje o campo é elogiado e temos relatórios que mostram o benefício que trouxe para a região. Temos a responsabilidade de que uma Olimpíada como essa seja feita cumprindo com todas as normas ambientais”, comentou o ministro do Esporte, George Hilton, durante o evento-teste. Segundo laudo pericial do Tribunal de Justiça, pedido pelo Ministério Público do Rio e com inspeção realizada em dezembro de 2015, o campo trouxe ganhos ambientais para o terreno e gerou benefícios para o ecossistema da região.

“É uma instalação que requer cuidados especiais, e hoje temos o reconhecimento da Federação Internacional e do Ministério Público. Há uma unanimidade do que foi feito. O mais importante foi esse trabalho e hoje podermos ter este evento-teste”, avalia o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman. “O campo de golfe requer a manutenção da grama em um estágio que esteja alinhado com o que os grandes jogadores querem para a bola poder rolar, que não tenha buracos ou outras intempéries”, afirma o dirigente.

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Para o ministro George Hilton, qualidade do Campo de Golfe é sintoma da maturidade da preparação olímpica como um todo. Foto: Gabriel Heusi

Legado

Depois dos Jogos, a manutenção, segundo a CBG, ficará a cargo de investimentos privados. “Grande parte dos países do mundo conta com um campo público e o Brasil estava fora desse circuito”, diz Paulo Pacheco, presidente da entidade. “O que estamos vivendo hoje é um dia ímpar porque estamos tratando de um evento-teste de um esporte que estava fora dos Jogos Olímpicos há 112 anos. O que temos que fazer hoje é festejar essa obra que fizemos, de recuperar uma área degradada e ter no Brasil o primeiro campo público de golfe”, destaca.

Segundo o dirigente, o espaço será utilizado gratuitamente após os Jogos para o desenvolvimento de um projeto social com crianças e com o intuito de difundir a modalidade. A população em geral deverá ter acesso ao espaço mediante o pagamento de uma taxa, ainda a ser definida, citando como exemplo as cobranças feitas em zoológicos públicos.

“Tenho certeza de que agora o golfe será um esporte muito praticado. As Olimpíadas deixarão esse legado de disseminar o golfe pelo país”, acredita o ministro George Hilton. 

Balanço

O ministro George Hilton aproveitou a presença no evento-teste de golfe para fazer uma avaliação do andamento das obras para os Jogos Rio 2016. Para ele, a qualidade da instalação é sintoma “do grande nível de maturidade na organização de um evento do tamanho de uma Olimpíada. Hilton reiterou que foi importante acreditar no projeto, apesar dos questionamentos iniciais.

“Vária pessoas tinham dúvidas enormes em relação ao campo. Hoje a gente percebe como foi importante acreditar e investir, com todos os cuidados que a legislação coloca. Eu percebo que não só o campo de golfe, mas todas as estruturas estão sendo entregues dentro do cronograma, algumas com pequeno atraso, mas a expectativa é a de que vamos concluir todas sem percalços”.

Nesta semana, vários ministros estão cumprindo agenda no Rio de Janeiro para checar os últimos preparativos de cada área visando à realização dos Jogos Rio 2016. Nesta segunda-feira (07.03), Gilberto Kassab, da pasta de Cidades, conferiu as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e da linha 4 do metrô. Nesta terça foi a vez de Hilton verificar a estrutura do golfe e se reunir com o prefeito do Rio de Janeiro.

“O Governo Federal é um dos principais protagonistas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e isso envolve vários ministérios. Temos a visita dos ministros, cada um na sua área, checando todos os detalhes, o que precisa ser terminado para garantir o cronograma que foi colocado pelo Comitê Olímpico Internacional”, explicou o ministro, que tratou do repasse de recursos para o município no encontro com Eduardo Paes.

“A nossa reunião foi para tratar de fluxo de pagamento, já que o Ministério do Esporte faz o repasse para as obras que o município executa e virão outros ministros que tratarão dos temas afins. Isso é uma demonstração de organização e sinergia, para que tudo corra bem”, concluiu Hilton.

Investimentos

Entre os nove atletas que disputaram o evento-teste, três contam com apoio do governo federal por meio da Bolsa Atleta: Daniel Stapff (categoria nacional), Rafael Becker (internacional) e Rafael Barcellos (nacional). O programa contemplou em 2015 um total de 31 golfistas, somando R$ 437,3 mil por ano.

A CBG também firmou convênios com o Ministério do Esporte para a preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos e estruturação de centros de treinamento, em um repasse de R$ 3,1 milhões. Os recursos também foram destinados à formação de equipe multidisciplinar, participação em competições internacionais e aquisição de seis conjuntos de equipamentos para a modalidade.

Além disso, a confederação já teve 16 projetos aprovados desde 2010, que resultaram em captação de R$ 17,8 milhões por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Já pela Lei Agnelo/Piva, foram mais de R$ 6,6 milhões entre 2011 e 2015 para o desenvolvimento do golfe nacional. A previsão para este ano é de R$ 2,3 milhões.

Ana Cláudia Felizola e Gabriel Fialho – brasil2016.gov.br e Ministério do Esporte