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Tenis de mesa

02/12/2018 19h53

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Calderano fecha 2018 como Top 6, vence Brasileiro e mira a estreia no Grand Finals

A partir do dia 13, o brasileiro encara os 16 melhores do ano na Coreia, em torneio que distribui US$ 1 milhão

Quando figurou pela primeira vez no Top Ten Mundial, na atualização de julho do ranking da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), Hugo Calderano afirmou que via espaço para alçar voos ainda mais altos. O último mês de 2018 é claro indicador de que o carioca de 22 anos tinha consciência do que planejava. A atualização de dezembro da listagem trouxe Calderano como sexto do mundo, uma posição inédita não só para um brasileiro, mas para atletas de todas as Américas desde a criação do ranking mundial, segundo informações da ITTF.

“É muito importante conseguir esses resultados expressivos internacionalmente, porque a gente tem que colocar o Brasil no mapa do tênis de mesa mundial. Hoje, muita gente me conhece. Quando você entra no Top-10, e agora como número 6, todo mundo sabe que sou um jogador forte, tenho grande potencial. Mas não só eu, todos os jogadores da Seleção, todo mundo já viu o que somos capazes”, disse Calderano.

Por decisão da federação internacional da modalidade, mesatenistas que conquistaram classificações em mundiais disputados antes da criação do ranking foram reconhecidos posteriormente. Assim, o norte americano Sol Schiff foi número 4 em 1938 e seu compatriota Richard Miles foi o número 5 em 1949. O brasileiro que mais se aproximou das primeiras posições antes da criação do ranking foi Ubiraci da Costa, o Biriba: foi 19º em 1961. Após a criação do ranking, Calderano é absoluto. Quem mais se aproximou dele foi o canadense Johnny Huang, 10º em janeiro de 1997. 

Capacidade técnica e foco de Hugo Calderano são sempre elogiados por treinadores. Foto: ITTF
"Foi muito bom voltar para o Brasil, ver todo mundo, sentir o calor da galera e ganhar aqui. Também estou muito feliz com meu novo ranking"
Hugo Calderano

O último fim de semana teve um quê de perfeição para Calderano. O brasileiro voltou a disputar um Campeonato Brasileiro. Viajou a Concórdia, em Santa Catarina, para encarar uma edição das mais estreladas da história. Boa parte dos parceiros de seleção de Hugo estava lá, casos de Gustavo Tsuboi, Eric Jouti, Vitor Ishiy e Thiago Monteiro. Os três últimos, inclusive, medalhistas de ouro por equipe no Pan-Americano da modalidade, disputado na última semana em Santiago, no Chile.

Hugo fez valer sua grande fase. Venceu todos os adversários e bateu Gustavo Tsuboi na decisão por 3 sets a 0, com parciais de 11/9, 11/5 e 11/6. "Foi muito bom voltar para o Brasil, ver todo mundo, sentir o calor da galera. Estou acostumado a jogar campeonatos internacionais, mas sempre é bom voltar às origens, e principalmente ganhar aqui", disse. "Também estou muito feliz com meu novo ranking".

Principal nome da modalidade no país, Hugo venceu o Nacional pela segunda vez. A primeira tinha sido em 2014, mas o atleta se mudou para a Europa naquele mesmo ano. Tem poucas oportunidades de disputar competições nacionais. Ele defende o Ochsenhausen, clube da primeira divisão da Liga Alemã e frequentador tanto das finais do país quanto da Liga dos Campeões da Europa. Na cidade de cerca de 10 mil habitantes, Calderano vive quase que exclusivamente em função dos treinamentos físicos e técnicos.

Grand Finals

O fim do ano ainda reserva um desafio extra, inédito e rentável para ele. O mesatenista conquistou a vaga para o World Tour Grand Finals, evento que reúne de 13 a 16 de dezembro, na Coreia do Sul, os 16 melhores da temporada e distribui um total que supera um milhão de dólares. É a primeira vez que o Brasil terá um atleta no torneio. Calderano será o único representante das Américas. Na realidade, ele é um dos três não asiáticos na disputa em Incheon, que terá seis chineses, três japoneses, três sul-coreanos, dois alemães, um atleta de Hong Kong e o brasileiro. O vencedor da chave individual leva US$ 100 mil.

A forma de disputa é em eliminatória simples. Mesmo que caia na estreia, nas oitavas, Calderano fatura US$ 15 mil de premiação pela participação. As partidas serão disputadas em melhor de sete sets. Adicionalmente, o brasileiro foi um dos indicados ao prêmio de melhor mesatenista da temporada pela ITTF. O resultado será divulgado no dia 12, em Incheon.

Última atualização do ranking mundial em 2018: top 6. Fonte: ITTF

Um ano especial

Os resultados recentes do brasileiro mostram o porquê de Calderano estar tão próximo do topo da listagem da ITTF. Em março, no Aberto do Catar, ele superou três atletas do Top 15 Mundial e só foi parado na decisão, pelo chinês Fan Zhendong, atual número 1. Ainda no primeiro semestre, foi bronze no Aberto da Hungria e liderou a seleção em duas conquistas inéditas. Na Copa do Mundo por equipes, na Inglaterra, e no Mundial por equipes, na Suécia, o time nacional chegou pela primeira vez às quartas de final.

Em junho, Calderano venceu a Copa Pan-Americana e garantiu uma das vagas do continente na Copa do Mundo, disputada em Paris, em outubro. Na capital francesa, Hugo jogou bem mas acabou eliminado na fase de grupos. Mais recentemente, em novembro, chegou às quartas de final do Aberto da Áustria, etapa Platinum do circuito, a que rende mais pontos. Foi essa performance que ajudou o brasileiro a subir mais três degraus no ranking.

Evolução de Calderano no ranking mundial desde 2008

Gráfico ascendente

Integrante do Bolsa Pódio, do Ministério do Esporte, Calderano vem num gráfico ascendente no cenário internacional desde 2013, ano em que deixou pela primeira vez sua marca, com o título do Aberto do Brasil, evento com chancela da ITTF. Na ocasião, era o 260º do mundo, tinha 17 anos e superou nas semifinais e finais dois dos então titulares da seleção: Cazuo Matsumoto e Gustavo Tsuboi.

Em 2014, um cartão de visitas ainda mais promissor. Nos Jogos Olímpicos da Juventude, disputados em Nanquim, na China, conquistou o bronze, o primeiro pódio da história do país numa competição com a chancela do Comitê Olímpico Internacional.

Na sequência dos Jogos de Nanquim, Hugo fincou raízes em seu continente. É tricampeão latino-americano e conquistou o título individual e por equipes dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015. Depois, veio a sequência que culminou nos Jogos Olímpicos do Rio, que merece uma narrativa especial.

Hugo em uma das imagens que guarda com mais carinho dos Jogos Rio 2016: interação inédita com a torcida. Foto: Getty Images

Virada de chave na Rio 2016

"Uma medalha olímpica é uma das minhas metas, mas o planejamento não foca só nisso. Até 2020 tem Copa do Mundo, Mundial, Jogos Pan-Americanos, finais do Circuito Mundial. Quero seguir evoluindo e conquistar resultados importantes"

Nos Jogos Olímpicos disputados no Brasil, Calderano chegou como 54º do mundo. Fez quatro partidas memoráveis na chave individual. Venceu dois atletas melhores ranqueados que ele (o sueco Par Gerell, então 32º do ranking, e Tang Peng, de Hong Kong, que era o 15º). Transformou o Pavilhão 3 do Riocentro em sucursal de estádio de futebol. Experimentou uma interação com a torcida até então inédita para a modalidade. No fim, chegou às oitavas de final e só foi eliminado após uma partida equilibrada contra o japonês Jun Mizutani, sexto do mundo à época, e que terminaria o torneio com a medalha de bronze.

"Para mim, e acho que para a maioria dos atletas, os Jogos Olímpicos têm dimensão especial. A Rio 2016 foi o momento mais marcante da minha carreira até hoje. Uma medalha olímpica é uma das minhas metas, mas o planejamento não foca só nisso. Até 2020 tem Copa do Mundo, Mundial, Jogos Pan-Americanos, finais do Circuito Mundial. Quero seguir evoluindo e conquistar resultados importantes para consolidar minha posição e dar mais visibilidade ao tênis de mesa no Brasil", disse Hugo, que igualou no Rio a melhor campanha de um brasileiro na competição, obtida por Hugo Hoyama, nos Jogos de Atlanta, em 1996.

Segundo o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Gaspar, os resultados de Calderano, além de demonstrarem a qualidade técnica indiscutível do atleta, são resultado de um trabalho que vem sendo feito há tempos. "Em 2009 ele era 1.295 do ranking mundial. Hoje, sexto! Em nove anos. É um resultado de planejamento, suor, de buscar os melhores treinadores, psicólogo, especialista em dart fish, apoio de campeões mundiais (casos do francês Jean Gatien e do sueco Jörgen Persson), preparador físico, clube de alto nível na Alemanha", enumerou Alaor. 

Outros brasileiros

Outros atletas da Seleção subiram no novo ranking. Gustavo Tsuboi saltou seis posições e está em 43º. Eric Jouti voltou a figurar no Top-100, agora em 81º lugar. Thiago Monteiro está em 105º, sua segunda melhor posição no ano. Vitor Ishiy é outro que se aproxima do Top-100, na 116ªcolocação. Humberto Manhani subiu mais de 400 posições, pulando para a 277ª posição.

Entre as meninas, Bruna Takahashi segue sendo a melhor brasileira, na 73ª colocação. Lin Gui, que conquistou o título brasileiro feminino neste domingo em Concórdia (SC), ficou uma posição atrás do Top-100. Jessica Yamada foi a que teve o maior salto no ranking feminino, entrando no Top-200, na 189ª colocação. A chinesa Zhu Yuling é a líder da lista feminina.

Confira a posição dos brasileiros melhor ranqueados: 

FEMININO

73ª Bruna Takahashi (73ª no ranking anterior)
101ª Lin Gui (138ª no ranking anterior)
157ª Caroline Kumahara (164ª no ranking anterior)
189ª Jéssica Yamada (308ª no ranking anterior)

MASCULINO

6º Hugo Calderano (9º no ranking anterior)
43º Gustavo Tsuboi (49º no ranking anterior)
81º Eric Jouti (102º no ranking anterior)
105º Thiago Monteiro (127º no ranking anterior)
116º Vitor Ishiy (136º no ranking anterior)
268º Cazuo Matsumoto (262º no ranking anterior)

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br, com informações da CBTM e da ITTF