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Atletismo

13/08/2017 15h51

Mundial de Atletismo

Caio Bonfim, o "profeta anunciado por Gianetti", conquista o bronze na marcha

Atleta brasiliense, treinado pelos pais, fatura a primeira medalha brasileira em Londres na prova dos 20km. Erica Sena fica próxima do pódio e acaba em quarto

Em fevereiro de 2016, durante a semana do evento-teste da Marcha Atlética no Rio de Janeiro, Gianetti Sena, emocionada com mais um título do filho na Copa Brasil, soltou uma frase que ganharia tons proféticos nos meses seguintes: "Eu brinco que sou a São João Batista da Marcha Atlética. Anunciei a vinda de um grande atleta”, disse, com as mãos numa medalhinha em que estão representados ela e Caio Bonfim marchando. O enredo familiar que amarra Caio, Gianetti e o técnico João Sena teve neste domingo (13.08) a recompensa maior: o brasiliense de Sobradinho (DF) conquistou a medalha de bronze no Mundial de Atletismo, em Londres, o único pódio da delegação nacional na competição que se encerra neste domingo. 

Caio durante prova no Brasil. Conquista do bronze em Londres é resultado de uma consistência permanente em provas nacionais e internacionais. Foto: Ivo Lima/ME

"Ele fez uma prova super inteligente. Viu que os adversários estavam forçando muito no início e, por já ter experiência internacional e conhecer todos eles, soube segurar o passo e esperar o momento certo. Conseguiu um resultado absolutamente incrível. Baixou o recorde nacional em quase 38 segundos, o que é espetacular", afirmou João Sena, pai e treinador, que assistiu à prova de longe, no Distrito Federal, pela televisão. "Ele tem como meta pessoal fazer com que a marcha seja mais conhecida e praticada no Brasil. Esperamos que a partir de agora a gente consiga novos talentos e incentivos", completou, emocionado pelo presente esportivo no dia dos pais.

A correntinha de Gianetti, com ela e o filho Caio representados: marcha no DNA da família. Foto: Ivo Lima/ME

"Foi uma prova muito difícil. Começou num ritmo muito forte e achei que ninguém iria aguentar. Preferi manter o que tinha treinado e deu certo", comentou Caio, com a bandeira brasileira nas costas, em entrevista à Confederação Brasileira de Atletismo. "Tenho muito a agradecer à minha família, que me dá todo o apoio", disse Caio, que recebe a Bolsa Pódio do Ministério do Esporte.

Tudo em família

João e Gianetti são os pais, mentores e treinadores de Caio. Gianetti soma oito títulos nacionais na marcha. Começou a treinar justamente quando engravidou de Caio. O filho, que precisou ser submetido a uma cirurgia para corrigir um arqueamento nas pernas aos três anos, venceu outras cinco vezes o Troféu Brasil nos 20km, a última delas em 2017, com direito a recorde de competição. Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Caio bateu na trave: ficou com a quarta posição, mas saiu celebrando a nova marca brasileira: 1h19min42s. O resultado do Rio foi pulverizado neste domingo, com 1h19min04s. No Mundial de Pequim, em 2015, havia ficado em sexto.

"Nos últimos cinco meses, ele tem  mantido uma regularidade incrível, sempre entre os oito ou dez melhores do mundo. Essa sequência e uma preparação bem adequada deram a confiança necessária para subir mais um degrau neste Mundial", comentou João Sena. Antes da competição, Caio fez um Camping de Treinamento em altitude em Sierra Nevada, na Espanha.

A prova foi disputada num circuito de dois quilômetros montado próximo ao Palácio de Buckingham, sob calor de 23 graus e acompanhada por grande público. O primeiro a completar as dez voltas foi o colombiano Eider Arévalo, com 1h18min53s, seguido pelo russo Sergei Shirobokov, com 1h18min55s.

Erica em quarto

Outro grande resultado foi obtido nos 20 km da marcha feminino, com a pernambucana Erica Rocha de Sena. Ela completou o percurso em quarto lugar, com 1h26min59s, novo recorde sul-americano, que era dela mesma, com 1h27min18s.

Erica esteve no pelotão de frente desde a largada, manteve ritmo forte até o km 17, quando recebeu placas de advertência por tirar o pé do chão de quatro árbitros. “Fiquei preocupada. Tive o receio de ser desqualificada e diminuí o ritmo”, comentou a brasileira, atleta da B3 Atletismo, orientada pelo marido, o equatoriano Andrés Chocho.

“O objetivo era a medalha, claro, e fiquei perto. O outro é melhorar a marca e consegui. Planejei tudo para chegar na minha melhor forma no Mundial”, lembrou a marchadora, que foi a sexta colocada em Pequim 2015 e a sétima no Rio 2016.

A chinesa Jiayu Yang conquistou a medalha de ouro, com 1h26min18s, seguida da mexicana Maria Guadalupe González, com 1h26min19s, e da italiana Antonella Palmisano, com 1h26min36s.

Estreia

Nos 50 km marcha atlética feminina, que foram disputados pela primeira vez neste Mundial, a catarinense Nair da Rosa terminou em quinto lugar. O seu tempo não foi registrado porque ela não completou a distância. “Não consegui desenvolver o ritmo desejado, mas estou feliz por estar entre as pioneiras e disputar a primeira prova dos 50 km em um Mundial”, comentou a atleta da AABLU, treinada por Sergio Galdino.

A portuguesa Inês Henriques garantiu o ouro, com 4h05min56s, novo recorde mundial. Já as chinesas Hang Yin e Shuqing Yang ficaram com a prata e o bronze, com 4h08min58s (recorde asiático) e 4h20min49s, respectivamente.

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br, com informações da Confederação Brasileira de Atletismo