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Halterofilismo paralímpico

11/09/2016 17h29

Jogos Paralímpicos

Briga de recordes: nigeriana e egípcia fazem competição emocionante no halterofilismo

Africanas superaram a melhor marca mundial quatro vezes na categoria -61kg. Brasileira campeã mundial júnior não vai bem na prova, mas valoriza experiência: “vou levar para sempre"

A nigeriana Lucy Ejike e a egípcia Fatma Omar protagonizaram uma disputa emocionante pelo ouro na categoria até 61kg do halterofilismo, realizada neste domingo (11.09) no Pavilhão 2 do Riocentro. Com quatro quebras de recorde mundial consecutivas, as atletas africanas deixaram os torcedores de pé para acompanhar cada movimento.

A marca da mexicana Amalia Pérez (133kg) foi superada primeiramente pela atleta da Nigéria, que levantou 136kg. Em seguida, a mesma halterofilista ergueu 138kg. A egípcia não queria ficar só assistindo à rival fazer história: Fatma Omar subiu o peso para 140kg e fez o movimento com sucesso.

Quando tudo indicava que o título paralímpico e o recorde mundial ficariam com a egípcia, Lucy Ejike conseguiu erguer incríveis 142kg, derrotando a adversária tetracampeã paralímpica e levando o título e o recorde para a Nigéria. O público foi à loucura.

“Eu realmente treinei muito e realmente me preparei para este momento. Você tem que abdicar de muitas coisas. Treinei demais antes”, disse Ejike. A nigeriana disse que não se abalou quando a egípcia ameaçou sua medalha de ouro.

“Eu não estava com medo porque eu sei que eu sou capaz. Se levantarem mais peso do que eu, eu vou levantar também”, afirmou Ejike, que havia ficado com a prata em Londres 2012 na mesma categoria de Fatma e coleciona outras duas medalhas de ouro em Jogos Paralímpicos.

Fatma Omar lamentou não estar no alto do pódio mais uma vez. “Eu estou me sentindo muito bem porque é a primeira vez que eu perco o ouro, mas eu discordo dos árbitros hoje, acho que não foram justos comigo em minhas tentativas. Eu realmente tentei”, observou.

O pódio foi completado pela chinesa Yan Yang, que ficou com o bronze após levantar 128 kg.

Mariana D´Andrea não foi bem, mas valorizou a experiência na primeira Paralimpíada. Foto: Alaor Filho/MPIX/CPB

Brasileira valoriza experiência

A disputa deste domingo teve um sabor especial para a brasileira Mariana D´Andrea. A atleta de apenas 18 anos, atual campeã mundial júnior, não tinha se classificado para as Paralimpíadas, e só ficou sabendo que participaria da competição 13 dias antes da data marcada para a Cerimônia de Abertura. A vaga para a brasileira veio depois de uma reorganização feita pelo Comitê Paralímpico Internacional após a suspensão da Rússia por conta do escândalo de doping.

Mariana, que é anã, conheceu o halterofilismo quando tinha 16 anos, por meio de um convite do técnico Valdecir Lopes, ainda hoje seu treinador em Itu (SP). A paulista logo tomou gosto pelo esporte e se destacou. Além do título júnior conquistado neste ano na Copa do Mundo da Malásia, em Kuala Lumpur, quando levantou 97 kg, a halterofilista também é a dona do recorde brasileiro na categoria até 61 kg.

Na final paralímpica, Mariana D´Andrea não foi bem. Nas duas primeiras tentativas, a atleta não conseguiu erguer 96kg, sobrando apenas uma chance. A brasileira decidiu arriscar e subiu o peso para 101kg. O bom público que estava presente no Pavilhão 2 empurrou a brasileira, que conseguiu levantar a barra. Um pequeno erro na execução do movimento, entretanto, invalidou o movimento, e a atleta ficou sem marca na competição.

“Eu estou acostumada a levantar esse peso nos treinamentos, mas infelizmente eu senti um pouco a pressão. Faltou calma, estava muito nervosa. Eu dei o meu máximo, mas não foi dessa vez”, lamentou.

Chateada com a eliminação, mas muito aplaudida pelo público, Mariana comemorou a participação nos Jogos do Rio “É uma experiência que eu vou levar comigo sempre” concluiu.

João Paulo Machado, brasil2016.gov.br