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30/11/2014 18h19

Brasil estreia a “nova casa” do judô com vitória por 5 x 0 sobre a Itália

Desafio Internacional, realizado neste domingo, foi o primeiro evento-teste do Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas (BA)

Guilherme pediu, pediu e o pai aceitou. Aos 8 anos e já orgulhoso da faixa amarela, ele queria estar presente na primeira competição do Centro Pan-Americano de Judô (CPJ), em Lauro de Freitas (BA). Rodolfo atendeu o desejo do filho e não se arrependeu: eles viram a equipe brasileira estrear a nova casa da modalidade com uma exibição impecável. O Brasil venceu a Itália no Desafio Internacional deste domingo (30.11) por 5 x 0.

A primeira brasileira a entrar no tatame foi Mayara Oliveira (-52kg). Baiana de Xique-xique e atleta do Vitória, a judoca de 20 anos ganhou uma dose especial de aplausos ao vencer a italiana Francesca Posocco no primeiro confronto do dia. Mayara pressionou bastante a rival e ganhou por wazari. Na segunda disputa, Marcelo Contini (-73kg) pontuou com um yuko no meio da luta e depois ampliou a vantagem com um wazari sobre o italiano Leonardo Casaglia.

Mariana Silva  (-63kg) não deu chances para Chiara Carminucci no terceiro confronto. A brasileira venceu a italiana, bronze no campeonato europeu sub-18, com um ippon por imobilização com pouco mais de dois minutos de luta.  Na sequência,  Eduardo Bettoni (-90kg) precisou de trinta segundos para vencer o confronto contra Davide Pozzi com um ippon.

Finalizando a bela sequência de vitórias dos donos da casa, Rochele Nunes (+70kg) derrotou Debora Sala: conseguiu um wazari e, mantendo a imobilização, decretou o fim da luta com um ippon. Final: Brasil 5 x 0 Itália.

Divulgação/ CBJ

Em casa

Os judocas brasileiros precisaram de pouco tempo no CPJ para ter a sensação de “estar em casa”, de acordo com o judoca Eduardo Bettoni. “Estou muito animado com toda essa estrutura que foi montada só para o judô brasileiro. Nada mais justo por tudo o que o judô já conquistou para o Brasil. Já estou me sentindo em casa, na primeira vez que a gente pisou aqui ontem (sábado, 29.11) já passou uma história na minha cabeça. A gente sai de uma academia pequena, no interior, sem estrutura e você vê todo esse investimento para o nosso sonho, a gente fica muito feliz”, disse.

“É muito importante para a despolarização do judô, para sair um pouco de São Paulo e Rio. Nosso principal centro agora é aqui e vai incentivar bastante a prática do judô na região”, acrescentou Marcelo Contini.

 Se, para os colegas, estrear o tatame do CPJ já foi um momento marcante, para a baiana Mayara Oliveira, este 30 de novembro é inesquecível. “Foi muito bom estrear pela Seleção justamente na Bahia. Foi muito importante para ganhar experiência e espero que abra portas para virem muitas outras medalhas. Este lugar valoriza o judô, que merece uma estrutura como esta.  Todo atleta vai querer treinar aqui”, afirmou a judoca.

Guilherme, o garotinho que insistiu para ver a competição, concorda com a atleta. “Um dia vai ser eu”, disse, confiante.  “É uma alegria que o centro de treinamento do judô brasileiro seja na Bahia. Para o meu filho, que já é apaixonado pelo esporte, é um incentivo a mais. Um dia eu posso voltar aqui e ele vai estar lá lutando”, acrescentou o pai, o engenheiro civil Rodolfo Neri.

Perto deles, na arquibancada, Francisco de Magalhães Pinto – conhecido como mestre Ciro – também aprovou o CPJ, um estímulo ao esporte ao qual ele se dedica há 50 anos em Salvador.  “O judô vai crescer ainda mais. Foi o judô que me fez ficar na Bahia. Agora é que eu não volto mesmo”, acrescentou o cearense de 79 anos.

Carol Delmazo/Portal Brasil 2016
Carol Delmazo/Portal Brasil 2016# À esquerda, Rodolfo Neri com os filhos Guilherme e o pequeno Pedro Henrique. À direita, Francisco Magalhães - conhecido como mestre Ciro -, de 79 anos, acompanha o Desafio Internacional ao lado do filho, também Ciro.
À esquerda, Rodolfo Neri com os filhos Guilherme e o pequeno Pedro Henrique. À direita, Francisco Magalhães - conhecido como mestre Ciro -, de 79 anos, acompanha o Desafio Internacional ao lado do filho, também Ciro.

E não foram só os brasileiros que ficaram encantados com o CPJ. A técnica da equipe italiana, Laura Di Toma, elogiou o centro e o formato da competição em si, pouco comum na Itália.

“A estrutura é impressionante, muito bonita e estamos orgulhosos e honrados de ter sido convidados a estar aqui. Trouxemos uma equipe muito jovem que já alcançou bons resultados na base e é uma grandíssima oportunidade de ganhar experiência. Eles não estão habituados a esse tipo de competição  por equipes e ficaram muito felizes e emocionados”, disse.

Teste

O Desafio Internacional foi o primeiro evento-teste do Centro Pan-Americano de Judô , entregue à Confederação Brasileira de Judô em 28 de julho deste ano. Foram checados aspectos como logística, fluxo de pessoas – mais de mil torcedores compareceram ao novo ginásio  - e uso de equipamentos. Na avaliação do presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley Teixeira, a estrutura passou no primeiro teste. O segundo já está sendo preparado:  a Seletiva Nacional das categorias de base também será realizada no CPJ, de 3 a 7 de dezembro de 2014, envolvendo 800 atletas – homens e mulheres - sub-18 e sub-21, de 25 federações.  O evento dará pontos no Ranking Nacional aos três primeiros colocados de cada categoria.

Estrutura

O maior centro de treinamento das Américas foi a primeira instalação concluída com recursos do Plano Brasil Medalhas, cuja finalidade é preparar o país para os Jogos Olímpicos Rio 2016.

A estrutura, localizada em frente à Praia de Ipitanga, conta com uma área construída de 20 mil m2. Compõem o centro um ginásio climatizado para treinamentos e competições, um alojamento para até 72 atletas, um auditório para 200 pessoas, academia, restaurante, piscina semiolímpica, quadra poliesportiva de 18x36m², salas de apoio e arquibancada para 1.900 lugares.

Calendário 2015

O Centro Pan-Americano terá um papel importante no calendário 2015 do judô brasileiro. Vários eventos estão previstos para o local, começando pela concentração da seleção, em abril, para o Campeonato Pan-Americano de Edmonton, no Canadá, marcado para o fim daquele mês.

Os campeonatos brasileiros sub-23 e sub13, previstos respectivamente para agosto e setembro, também serão realizados no CPJ. Em novembro, o centro receberá a seletiva nacional de base, além de treinamentos de campo ao longo do ano.

Rede Nacional de Treinamento

O CPJ integrará a Rede Nacional de Treinamento, que o Ministério do Esporte está estruturando em todo o país como um dos maiores legados a serem deixados pelos Jogos Olímpicos de 2016. O investimento foi de R$ 43,2 milhões, sendo R$ 18,3 milhões do Governo do Estado da Bahia (incluindo a desapropriação do terreno) e R$ 19,8 milhões da União. Além disso, a confederação aportou outros R$ 5,1 milhões para desenvolver o projeto executivo da instalação e comprar uma parte dos equipamentos e mobiliário.

Carol Delmazo – Portal Brasil 2016