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10/12/2018 10h04

Caratê

Brasil conquista quatro medalhas na etapa chinesa da Liga Mundial de Caratê

País acumulou uma prata e três bronzes em Xangai, com dois pódios no masculino e dois no feminino. Modalidade estreia em Olimpíadas nos Jogos de 2020, em Tóquio

O Brasil subiu quatro vezes ao pódio na etapa de Xangai da Liga Mundial de Caratê, encerrada no domingo (9.12). Foram três medalhas de bronze e uma de prata na China, todas na categoria kumite, de lutas. Dois dos pódios vieram no masculino e outros dois, no feminino. A modalidade fará a estreia em Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2020. As competições internacionais já somam pontos para o ranking que definirá os atletas qualificados.

O principal destaque nacional foi novamente o paranaense Vinicius Figueira, de 27 anos. Vice-campeão no Mundial disputado em Madri, na Espanha, no início de novembro, o atleta de Londrina venceu as cinco lutas que disputou para chegar à decisão na China. Na final, o atual líder do ranking mundial acabou superado por 3 x 1 pelo egípcio Aly Ismail. Muito competitiva, a categoria -67kg reuniu 136 atletas, de 50 países. Os bronzes ficaram com Chikashi Hayashida e Issei Shimbaba, ambos do Japão.

"A primeira luta foi contra um atleta da Sérvia (Stefan Joksic) que foi vice-campeão europeu em 2018. Ganhei de 1 x 0. Passei para a segunda rodada contra um iraniano que era da categoria -60kg e foi bicampeão mundial. Está sempre entre os favoritos na categoria de baixo. Foi uma luta dura, 0 x 0, e ganhei na decisão da arbitragem. Terceira foi com um atleta da Tailândia que está sempre no circuito internacional:Ganhei de 1 x 0. Depois, outro outro atleta do Irã, e novamente um 0 x 0, em decisão da arbitragem. A semifinal teve outro iraniano, que tinha ganhado de bons atletas na competição (Alireza Shirsefat). Comecei perdendo de 1 x 0, mas consegui virar para 4 x 1. Na final, peguei o egípcio, que é um cara novo, e perdi de 3 x 1. Até derrubei ele duas vezes, mas não valeu pontuação", detalhou Vinicius.  

Para a Confederação Brasileira de Karate, o resultado em Xangai pode ser lido como o retrato de uma meta superada. Segundo William Cardoso, diretor técnico da CBK, o objetivo estabelecido com o Comitê Olímpico do Brasil era chegar a 12 pódios no circuito mundial em 2018. "Com as quatro medalhas em Xangai, somamos 13. Isso faz com que cheguemos em 2019 com uma melhora no ranking mundial, o que ajuda na corrida para Tóquio 2020", afirmou o dirigente.  Segundo Cardoso, a constância de Vinicius, "o homem a ser batido na categoria -67kg", faz com que a preparação tenha como prioridade manter o foco do atleta e garantir que os bons resultados tenham sequência. 

Medalhistas em mundiais, Valéria Kumizaki, Douglas Brose (E) e Vinicius Figueira subiram ao pódio em Xangai. Fotos: acervo pessoal.

Douglas renasce

Com histórico de dois ouros, uma prata e um bronze em mundiais e apontado por muitos como o principal atleta do caratê nacional em todos os tempos, o gaúcho Douglas Brose voltou ao pódio. Brigando com uma lesão no tendão calcâneo da perna esquerda desde desde os Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, na Bolívia, em maio, Douglas conquistou o bronze na categoria até 60kg.

No caminho até o pódio, Douglas superou Shu Wu, de Taiwan (2 x 0), e Yamato Kataoka, do Japão (1 x 0). Na terceira rodada, caiu diante do iraniano Miad Yari, num equilibrado duelo que terminou em 4 x 3. Na repescagem, Douglas superou adversários da Grécia, do Egito e do Uzbequistão para assegurar o bronze. O ouro ficou com o próprio Miad Yari, do Irã, e a prata com Eray Samdan, da Turquia. A categoria reuniu 97 atletas, de 42 países.

"Para os médicos ainda é cedo, mas para mim demorou mais do que pensava. Assim acaba meu ano de competições em 2018, o mais difícil da minha carreira. Foram sete etapas da Liga Mundial, fiz seis disputas de medalha e conquistei cinco, este último bronze na China o mais difícil", afirmou o atleta, em seu perfil no Instagram. "Minha lesão não está 100% recuperada, ainda sofro com dores. Dois meses atrás não conseguia nem saltitar, mas agora estou de volta e assim seguirei", completou.  

"Minha lesão não está 100% recuperada, ainda sofro com dores. Dois meses atrás não conseguia nem saltitar, mas agora estou de volta e assim seguirei"
Douglas Brose

Vinicius e Douglas travam uma batalha pessoal. Apesar de serem de categorias diferentes, disputam uma única vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Isso porque no Japão a -60kg e a -67kg serão unificadas em uma só. Assim, eles disputam paralelamente as competições que somam pontos para o ranking olímpico, mas sabem que só um terá oportunidade de representar a bandeira brasileira no Japão. "Em momento algum eles vão lutar um contra o outro, mas é uma luta muito pior do que um combate", disse William Cardoso.

Duplo bronze no feminino

Vice-campeã mundial na edição de 2014 do torneio realizado a cada quatro anos, Valéria Kumizaki conquistou o bronze na categoria -55kg. Foi uma redenção para a atleta, uma das grandes esperanças de vaga olímpica para o Brasil e que terminou eliminada na estreia no Mundial da Espanha. A campeã na China foi a ucraniana Anzhelika Terliuga, que venceu na decisão a japonesa Fumika Ishiai. Shiori Nakamura ficou com o outro bronze na categoria, que reuniu 79 atletas de 42 países. "Deu bronze. A última medalha do ano e empolgada para a jornada em 2019", afirmou Valéria em suas redes sociais. 

Outro bronze nacional veio com a carioca Isabela Rodrigues, na Kumite -68kg. A experiente atleta, com histórico de medalhas em torneios continentais como Pan-Americanos e Sul-Americanos, fez uma bela competição. Após vencer os dois primeiros confrontos, diante da chinesa Yixuan Wang e de Haoting Jhang de Taiwan, a brasileira foi superada por 6 x 3 pela grega Eleni Chatziliadou, que acabaria como campeã. Na repescagem, Isabela superou adversárias do Japão, do Irã e da Espanha para ficar com o bronze. Chatziliadou bateu na decisão a chinesa Mengmeng Gao, por 3 x 1. O outro bronze na categoria ficou com a japonesa Yuzuki Sawae.

Balanço positivo

Para William Cardoso, além dos quatro pódios, há outros motivos para o país celebrar na modalidade, em especial com bons nomes emergindo da base. "A Bárbara Hellen tem 18 anos. Conquistou a vaga na seleção no Pré-Olímpico. Na primeira competição como adulta, terminou com a nona colocação na categoria -68kg. Há um potencial gigantesco aí até 2020", afirmou o diretor técnico da CBK, reforçando que, dos 24 titulares da seleção, 12 têm 24 anos ou menos. 

Gustavo Cunha, rededoesporte.gov.br