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Futebol

13/06/2019 16h44

Futebol feminino

Brasil abre 2 x 0, mas sofre virada da Austrália e se complica na Copa do Mundo

Depois de primeira etapa convincente, equipe tem "apagão" na segunda metade da partida e fica em situação delicada para a terceira rodada
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Australianas celebram a virada após estarem perdendo por 2 x 0 para o Brasil. Foto: FIFA
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Tamires iniciou a jogada do lindo segundo gol do Brasil. Foto: CBF
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Marta aponta para Debinha, autora do cruzamento que deu origem ao segundo gol brasileiro, marcado por Cristiane. Foto: FIFA
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Cristiane tem quatro gols em dois jogos na Copa do Mundo da França. Foto: FIFA
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Marta chegou a 16 gols em Copas do Mundo da FIFA, um recorde absoluto. Foto: FIFA
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Bolas alçadas à área foram um problema constante para o Brasil durante o duelo contra a Austrália. Foto: FIFA
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Australianas celebram a virada após estarem perdendo por 2 x 0 para o Brasil. Foto: FIFA
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O Brasil viveu em Montpellier um conto de fadas às avessas. A Seleção de Futebol Feminino apresentou um futebol consistente e eficiente nos primeiros 45 minutos de jogo, tempo em que abriu o placar com Marta, de pênalti, e ampliou para 2 x 0 numa das jogadas mais bonitas da Copa do Mundo de 2019, com Cristiane. O time parecia ter encontrado a fórmula para conter o ímpeto das australianas e encaminhar a classificação para as oitavas de final do Mundial da França.

Mais do que isso, fazia história em frentes diversas. O gol de Marta foi o 16º da brasileira em Mundiais, o que igualou o recorde do alemão Miroslav Klose. Agora, os dois dividem o título de principais artilheiros da história das Copas do Mundo da FIFA. Marta tornou-se, ainda, a primeira atleta a marcar gols em cinco edições do torneio. Soma 106 gols em 145 partidas pela Seleção Brasileira. Cristiane, por sua vez, marcou pela quarta vez nesta Copa do Mundo da França, depois de ter deixado sua marca três vezes na estreia contra a Jamaica. São 11 dela em Mundiais da FIFA.

"Acho que nosso time se perdeu na troca das meninas no intervalo. Demos uma desligada. Recuamos demais. Aí, elas começaram a colocar bola na nossa área, que é o jogo delas. Apagamos de novo. Não pode acontecer desse jeito num torneio desse tamanho"
Cristiane, atacante

A narrativa final da partida válida pela segunda rodada do Grupo C, contudo, teve gosto amargo, de frustração. As australianas conseguiram sair do revés para uma vitória por 3 x 2. Uma virada que começou a ser construída ainda nos acréscimos da primeira etapa, com uma bola alçada na área brasileira que passou pela zagueira Mônica e sobrou nos pés de Foord.

A bola alçada e o vacilo tornaram-se, na verdade, um prenúncio do que seria a segunda etapa. Com a saída de Marta, que ainda não tem condições de atuar os 90 minutos por estar voltando de lesão na coxa esquerda, e principalmente de Formiga, que levou o cartão amarelo na primeira etapa, a Seleção perdeu o poder de incomodar as australianas, de criar lances expressivos no ataque, de organizar o meio-campo.

Pressionada com uma série de cruzamentos, a defesa da Seleção treinada pelo técnico Vadão mostrou fragilidade e incapacidade de reação. Nessa toada, o gol de empate veio logo aos 13 minutos, num cruzamento da meia Logarzo que ganhou ares de chute a gol despretensioso e venceu a goleira Bárbara. O golpe final veio aos 21 minutos, quando um lançamento alto encontrou a cabeça da zagueira Mônica na meia-lua. Ela acabou desviando contra o próprio patrimônio e marcando um gol contra.

"Acho que nosso time se perdeu na troca das meninas no intervalo. Demos uma desligada. Recuamos demais. Aí, elas começaram a colocar bola na nossa área, que é o jogo delas. Apagamos de novo. Não pode acontecer desse jeito num torneio desse tamanho. Tínhamos de ter mantido do jeito que estava, protegendo a defesa e saindo no contra-ataque, lamentou Cristiane.

Marta também se chateou, mas tentou mostrar força para reagir e encarar a terceira rodada, que será contra a Itália. "Todos esperavam um jogo competitivo, e foi exatamente o que tivemos. Nós viemos para vencer e avançar para a próxima fase. Agora não adianta lamentar o resultado. Ainda estamos brigando por nosso lugar nas oitavas de final e vamos focar nisso", disse.

No lado australiano, claro, percepção inversa. "Esta noite tivemos uma das melhores performances que já vi. As jogadoras merecem todo o crédito pelo que entregaram. Estou realmente orgulhoso por elas. Elas nunca deixaram de acreditar em nosso estilo e em nosso futebol", afirmou Ante Milicic, técnico das Matildas, como são conhecidas as australianas.

No fim, o resultado fez jus a todas as partidas recentes entre as duas equipes, marcadas por equilíbrio e placares definidos por diferença mínima. Na história do confronto, o Brasil soma agora duas derrotas e cinco resultados positivos diante das australianas. A equipe da Oceania, aliás, foi a responsável pela eliminação do Brasil na última Copa do Mundo, em 2015, realizada no Canadá. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o Brasil levou a melhor nos pênaltis, nas quartas de final, após empate em 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação.

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Marta chegou a 16 gols em Copas do Mundo da FIFA, um recorde absoluto. Foto: FIFA

Consequência

A derrota manteve o Brasil provisoriamente na liderança da chave, com os mesmos três pontos de Austrália e da Itália, com vantagem no saldo de gols. As italianas, contudo, têm um jogo a menos e entram em campo nesta sexta (14.06) para enfrentar a Jamaica. Na terceira rodada, o Brasil terá a Itália pela frente, enquanto a Austrália vai encarar a Jamaica.

"Todos esperavam um jogo competitivo e foi o que tivemos. Viemos para vencer e avançar para a próxima fase. Agora não adianta lamentar o resultado. Ainda estamos brigando"
Marta, que chegou a 16 gols em cinco edições diferentes de Mundiais da FIFA

Pelo regulamento da Copa do Mundo da FIFA, as 24 seleções inscritas foram divididas em seis grupos, cada um com quatro equipes. As duas primeiras de cada chave e as quatro melhores terceiras colocadas avançam para a fase de mata-mata. A final está marcada para 7 de julho, em Lyon.

O Brasil busca na Copa do Mundo um título inédito. Presente às sete edições anteriores do torneio, o melhor resultado da equipe nacional foi em 2007, quando o time chegou à final da competição, mas acabou superado pela Alemanha por 2 x 0.

Sobra a pintura

Se o resultado positivo não foi possível no Stade de la Mosson, a Seleção Feminina sai, pelo menos, com uma das jogadas mais plásticas dessa primeira fase da competição. Aos 38 minutos, Tamires estava acuada com a bola na lateral esquerda, praticamente na linha de meio-campo, pela meia Egmond. A brasileira não se intimidou. Tocou no meio das pernas da adversária com a perna esquerda, passou pela rival, completou a "caneta" com um passe de perna direita em direção à linha de fundo, que encontrou Debinha na corrida. A número 9 do Brasil correu e cruzou de primeira, de perna esquerda, para cabeçada perfeita de Cristiane. Naquele instante, a partida estava 2 x 0 para o Brasil.

Investimento

O Governo Federal é um dos principais patrocinadores do futebol feminino no Brasil. Dezoito das 23 convocadas pelo técnico Vadão para a Copa do Mundo são integrantes do Bolsa Atleta, programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O investimento nelas é de R$ 576,3 mil por ano.

Do grupo, 14 são integrantes da categoria Olímpica, uma da Internacional e três da Nacional. Ao todo, o futebol feminino tem 103 atletas atualmente contempladas no edital de 2018 do Bolsa Atleta, com R$ 1,7 milhão em investimento por ano. Numa perspectiva histórica, desde 2005 foram concedidas 1.103 bolsas para 450 jogadoras, num aporte federal de mais de R$ 18 milhões.

Resultado e programação do Brasil na primeira fase

09.06, em Grenoble
Brasil 3 x 0 Jamaica

13.06, em Montpellier
Brasil 2 x 3 Austrália

18.06, em Valenciennes
Brasil x Itália, a partir das 16h (de Brasília)

Todos os campeões da Copa do Mundo de futebol feminino
1991 - Estados Unidos
1995 - Noruega
1999 - Estados Unidos
2003 - Alemanha
2007 - Alemanha
2011 - Japão
2015 - Estados Unidos

Gustavo Cunha - rededoesporte.gov.br